Segurei firme o volante ao ler a placa que indicava o limite da cidade de Oakville. Dividindo o carro com mais duas garotas que eu apenas conhecia por morar em uma cidade pequena e frequentarmos a mesma escola. Fiz uma trajetória até minha atual situação e montanha russa de sentimentos que me dominavam.
Há seis anos atrás meu pai se apaixonou novamente, no auge dos meus treze anos, eu era nova demais para ter entendido a dimensão daquilo, mas adorei vê-lo ainda mais feliz. Nós morávamos numa casa humilde, longe do centro de Santa Mônica, eu adorava aquela casa, mas era pequena demais para quarto pessoas. Minha tia Yael McKenna e minha adorável prima, Jasmine, que moravam conosco. Tia Yael fazia com maestria o papel da mãe que nunca tive, e Jasmine minha outra metade tinha o papel da irmã-prima perfeita, nós tínhamos quase a mesma idade.
Quando papai contou que se casaria e consequentemente iríamos nos mudar, não pense que eu chorei ou gritei aos quatro ventos porque deixaria a Califórnia, eu não conhecia as maravilhas daquele lugar. Eu fiquei triste semanas depois quando tive que fazer as malas e percebi que tia Yael e Jasmine ficariam para em Santa Mônica.
Minha chegada a Oakville não poderia ter sido mais perfeita, tínhamos uma casa maior, eu teria meu próprio quarto todo decorado em cor de rosa. Papai se casou com Hannah, uma mulher muito amorosa que não tardou em me reconhecer como filha, ela tinha dois filhos, Sean e Peter Lewis, gêmeos, um ano mais velhos que eu. Papai também não tardou em reconhecer e trata-los como filhos, ele como todo homem tem uma preferência por filhos.
Eu só descobri isso depois de vários ataques de ciúmes.
A adolescência chegou e como esperado muitas coisas mudaram, os garotos eram ainda mais implicantes comigo, além disso por ordens do meu pai eles eram meus protetores contra qualquer tipo de contato íntimo com outros garotos.
Um único garoto foi capaz de driblar meu pai e meus irmãos, Thomas Bradley, o dono do sorriso mais lindo de toda cidade. Thomas era o garoto perfeito para eu me apaixonar, a primeira e única razão era que Sean e Peter o detestavam, eu ainda não sabia a razão, mas apostava que era por uma garota.
Nós tivemos um relacionamento muito intenso, eu me sentia mais feliz ao lado dele, eu me entreguei a ele de corpo e alma, Thomas fez o mesmo - eu achava que tinha feito -. Por um tempo ele começou a ficar diferente e pediu um tempo no relacionamento.
― Um tempo? TEMPO?! Tom desde o começo eu te falei que essa desculpa nunca ia colar comigo. Me fala logo o que tá acontecendo, você não gosta mais de mim, quer terminar? ― eu me forcei a falar aquelas palavras sem expressar o tamanho da minha dor.
Nós estamos perto da ferrovia que ficava mais distante do centro da cidade. Ele puxou seus cabelos e se encostou na picape. ― Eu não quero terminar, só quero um tempo para saber o que eu estou sentindo.
― Você está confuso com seus sentimentos? Você está gostando de outra pessoa, Thomas? ― me afastei dele, algo quente ficou engasgado na minha garganta e minha visão ficou um pouco turva, as lágrimas estavam se formando. Rapidamente, eu pensei na garota que voltou a Oakville algumas semanas atrás, Olívia, recordei o momento que ela o abraçou na escola, eles eram amigos antes de eu me mudar para a cidade. ― É a Olívia?
Thomas se aproxima e balança a cabeça sinalizando um sim. Eu procuro algo para me segurar, mas não acho.
― Eu disse para você não brincar com os meus sentimentos!
― Nunca brinquei com os seus sentimentos, tudo era recíproco, mas agora não está tudo claro como antes. ― Respirei fundo, me afastei dele e dei a volta na picape, puxei minha mochila pela janela, e voltei para encara- lo.
― Lexie, o que você tá fazendo?
― Você quer um tempo, Thomas? Você tem todo tempo do mundo, porque nosso relacionamento, ou seja, lá o que você acha que nós tivemos termina aqui e agora! ― Thomas me olha incrédulo, ele se aproxima e eu dou dois passos para trás.
― Lexie, você tem o direito de achar o maior babaca, eu sei que tô sendo isso agora, mas só me deixa te levar para casa.
― Não me chama de Lexie, você acabou de perder esse direito! E eu não preciso de nada vindo de você! ― Gritei e corri para avenida.
― Lexie. ALEXIA! ― Thomas gritou e entrou apressado na picape. Mesmo se seu corresse muito ele ainda iria me alcançar, então decidi entrar em uma das trilhas sinuosas da floresta que ficam entorno da ferrovia.
Não tenho certeza de quantos quilômetros andei naquela tarde, estava esgotada emocionalmente e fisicamente. Desabei em baixo da sombra de um Salgueiro, gritei e chorei tudo o que estava preso, depois que solucei feito uma criança, decidi continuar o caminho até a minha casa.
Já tinha anoitecido e as luzes ainda estavam todas apagadas, ótimo, ninguém em casa para perceber minha cara de destruição. Thomas mandava mensagens incessantemente, ele além de ser meu namorado, ainda era meu melhor amigo. Eu estava completamente perdida e só queria que isso não estivesse acontecendo.
A única coisa que me ajudava quando eu estava triste era escutar blues em vinil. Eu estava sozinha em casa, esse era o momento perfeito, entrei no closet dos meus pais e achei a caixa em os discos ficam guardados. No momento em que eu tirei o disco de Nina Simone, vi uma carta aberta, escondida. Ela é endereçada ao meu pai, e a remetente é minha mãe biológica.
Minha progenitora abandou meu pai quando eu tinha três anos, eu não me lembrava dela mas conhecia seu nome. Pelo papel dentro do envelope percebo que ela pareceu ter detalhado e muito os quatorze anos que passaram.
A curiosidade me domina, e começo a ler.
Me arrependo de ter a aberto, lido todas as palavras e de ter visto a foto.
Notas da Autora
Desculpem os erros ortográficos.
aí, aí muitas emoções!!
votos e comentários fazem meu coração ficar quentinho, não esqueçam. 💞
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My Life as Alexia
General FictionSe Alexia tivesse atendido ao pedido da sua amiga, Riley, e ir a tenda da vidente do circo, saberia que uma viagem está no seu destino eminente. Porém, ela estava muito tensa por ter descoberto um segredo de família. Há seis anos atrás seu pai se ca...