Á flor da pele

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No quarto do hotel só haviam duas camas de casal. Uma foi dividida por mim e Victoria, a outra por Ivy e Samantha, Madison ficou no sofá que ficou confortável com a adição de alguns travesseiros.

O sentimento de angústia ainda pesava no meu peito. Minha família está tendo uma das piores noites por minha causa. Eu sei que nenhum deles vai descansar os olhos está noite, até saber se estou bem. Durante a madrugada percebi que nenhuma das pessoas presentes no quarto estão dormindo, nós estamos quietas no escuro com a mente vagando em outro lugar.

O sol nasceu e produziu um feito de sono ainda maior em mim. Só despertei após o café da manhã.

Comemos no restaurante do Hotel, e de volta para o quarto senti Samantha ficar tensa. Em poucos minutos, ela irá para a clínica.

Todas vamos a clínica com Samantha, nenhuma mulher pode se sentir sozinha, principalmente em um momento tão delicado quanto esse.

Dirigi novamente o Citroen com Madison dando as coordenadas.

Estacionei o carro, e Samantha pediu para ficar mais um tempo nele. Ela tentava controlar sua respiração pesada, alguns minutos depois ela saiu parecendo um pouco mais calma.

Na sala de espera, permaneci calada assim como as outras meninas.

― Samantha Prescott, me acompanhe. ― a enfermeira apareceu na sala. Samantha segurou forte a minha mão quando seu nome foi pronunciado. Sinalizei com a outra mão para a enfermeira, me levantei com ela e a acompanhei até o consultório.

Entramos no consultório, e o médico nos cumprimentou com um sorriso. Sua pele escura contrasta com o jaleco branco, ele deve estar entorno dos trinta ou quarenta anos. Ele conversou com Sam, ela ficou menos tensa, então ele começou a falar sobre o procedimento. --- Então Samantha, analisando seus exames percebemos que sua gestação é tubária. O embrião está localizado na sua trompa direita, essa gestação oferece risco a sua saúde. Você tem cinco semanas, o procedimento será por pílula e exige um período de repouso.

― É... mesmo se eu quisesse continuar a gestação, eu não poderia? ― Sam pergunta com a voz rouca.

― Creio que não, algumas medicações poderiam reduzir o crescimento do embrião, mas, exigiria uma cirurgia para implantar o feto no útero. Até nos estados onde o aborto não é permitido, os médicos optam por a interrupção. ― Ele se inclinou na cadeira. ― A pergunta mais importante, você tem certeza? Lembre-se de que você sempre tem uma escolha.

― Tenho certeza. Essa é a minha escolha. ― Olhando para Sam vejo uma lágrima descer no seu rosto.

Antes de ir para o quarto e receber a medicação, Samantha chorou de soluçar e eu apenas a abracei. O que ela mais precisa naquele momento é apoio, uma decisão como essa nunca é fácil como tantos pensam.

As outras garotas também ficaram como acompanhantes no quarto. Antes do médico entrar conversamos sobre o clima ou como seria a chegada de volta à cidade. Victoria contrariando minhas expectativas participou da conversa, também, aquilo fez o ambiente mais fluido.

 Victoria contrariando minhas expectativas participou da conversa, também, aquilo fez o ambiente mais fluido

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Assisti novamente o vídeo das câmeras de segurança. Aqueles são os últimos passos vistos de Alexia na cidade. O que ela tinha visto para entrar na reserva florestal? Por que ela hesitava? Tentei me concentrar nessas perguntas para me conter diante situação que eu me encontrava.

Olívia, Thomas e Joshua estão colocando no carro as pilhas de folhetos com as fotos de Ivy, Madison e Alexia. Nós vamos de carro até New Hampton, uma cidade vizinha, que fica a quase uma hora e meia de Oakville. Não escondi que não gosto da ideia de ter a companhia DELES, depois de tudo que aconteceu. Olívia não é a pessoa mais querida de Alexia, nem de longe.

― Ainda acho que eu deveria contar para eles sobre... ― Thomas retornou o assunto, ele quer contar a xerife, sua mãe, e ao pai de Alexia sobre o relacionamento que eles tiveram.

― Não, Thomas! Isso não vai ajudar em nada, o que vocês tinham já acabou, se você não lembrado Alexia desapareceu depois que acabou com você.

― Riley, eu sei que não sou sua pessoa favorita nesse momento, mas eu me importo com a Alexia e me sinto culpado.

Olívia abraçou o namorado e o consolou.

― Se você está fazendo tudo isso, só porque sente culpa não faça. ― Falei com o tom de voz amargo.

― Ei, ei. Vamos acalmar os ânimos, ok? ― Joshua me impede de continuar a discussão. ― Além da Lexie mais duas pessoas também estão desaparecidas, se concentrem nisso.

Josh passou algum tempo me acalmando e minutos depois tive que entrar na van com Olivia e Thomas, ele dirigia a van com Joshua ao seu lado. Me restou dividir o banco traseiro com Olivia.

Ela tentou conversar comigo, mas eu não acredito em um por cento da comoção dela na internet, pra mim aquilo é tudo um plano para se promover como líder do grupo, estúpido, de castidade.

Uma hora e meia depois chegamos em New Hampton. Distribuímos panfletos e colamos cartazes pela cidade. Estamos cansados e a noite começava a cair, já é hora de retornar a Oakville.

Na volta para a cidade, apenas olhei para a janela durante todo o caminho. A casa de Alexia é próxima a entrada da cidade, outro detalhe me fez perceber que eu estava passando em frente à sua casa. As luzes de duas viaturas piscavam na cor vermelha, prendi a respiração por dez segundos.

Será que a polícia havia descoberto que algum coisa ruim aconteceu com ela, senti minha pele arrepiar.

― PARA O CARRO JOSHUA! ― Josh se assustou e parou o carro de forma violenta.

― Riley?! ― No momento que ele pronunciou meu nome, abri a porta atravessei a rua e corri para a casa de Lexie.

Na varanda da casa, Sean e Peter conversavam abatidos. De forma rápida, eles notaram minha presença no gramado.

― Alguma notícia? ― Perguntei aflita.

― Ainda não sabemos, a xerife quis conversar a sós com papai. ― Sean falou. ― Como foi em New Hampton?

Antes que eu respondesse sua pergunta, as expressões de Peter e Sean mudaram, a raiva era eminente. Ouvi alguns passos atrás de mim, para as expressões dos irmãos de Alexia mudarem tanto, só poderia ser uma pessoa, Thomas Bradley.

Peter desceu da varanda e passou direto por mim. Antes que ele pode-se reagir, Peter deu um soco forte no rosto de Thomas.

Olívia gritou.

― Seu bastardo idiota, como você ainda aparece aqui, e com ELA depois do que você fez com a minha irmã! ― Peter soca mais duas vezes Thomas, ele parece descontrolado. Thomas se defende, Olívia ainda aos gritos tenta apartar a briga. Joshua e Sean conseguem separar os dois.

Com os gritos de Olívia, alguns vizinhos saíram de suas casas. Uma chuva fina começou, no momento que a porta foi aberta, a mãe de Thomas, xerife da cidade e o pai de Alexia desceram a varanda.

A situação tinha acabado de piorar.


N O T A S

muitas emoções ein! 

isso é mais um confissão: No wattpad, a maioria das narrativas se uma personagem fica grávida ela pensa nas opções e quase sempre escolhe ter-lo, eu mostrei o lado que sempre mais marginalizado e recriminado, todos podemos ter opiniões diferentes mas a escolha é dela. E gostando ou não isso acontece e muito, mesmo sendo crime. Não peço que concordem comigo, é  apenas um ponto de vista que é cheio de redomas e tabus na sociedade. 

My Life as AlexiaOnde histórias criam vida. Descubra agora