Trouble

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Duas semanas haviam passado e eu continuava no modo automático.

― Você escutou alguma palavra do que o Senhor Perkins falou? Essa solução é no becker. ― Riley, minha melhor amiga e dupla, chamou minha atenção.

Eu tentava olhar para o quadro e seguir as ordens do professor, mas eu sempre perdia a atenção. Olívia e Thomas estão em dupla, bem na frente do quadro, trocando sorrisos. Aquele laboratório não podia ser mais sufocante com a presença deles. Além disso, cada palavra que minha mãe biológica escreveu naquela carta ainda ressoavam na minha memória.

Riley só sabia do fim da minha relação com Thomas, não tive força emocional suficiente para mostrar a carta a ela, porém eu tinha certeza que ela sabia que havia algo a mais.

Enchi meus pulmões de ar e me concentrei em fazer a solução, peguei dois tubos de ensaio e olhei para as instruções no quadro, porém a movimentação entre Thomas e Olívia chamou novamente a minha atenção.

Os lábios de Olívia se aproximava lentamente aos de Thomas, exprimi os tubos na minha mão com toda força que tive. Ela depositou um beijo bem perto da bochecha dele e eu espremi uma ofegante expressão de dor.

Só Riley escutou e olhou para mim. ― Lexie, sua mão sangrando! ― Soltei os cacos de vidro e o barulho deles chamou a atenção do Professor Perkins e o resto da turma.

― Senhorita McKenna, já avisei que não tolero nenhum tipo de acidente com qualquer objeto do laboratório! Vá para a enfermaria cuidar do seu corte... ― caminhei em direção da porta, sem me despedir de Riley, não me atrevi a olhar para a turma.

No momento em que o professor fechou a porta do laboratório peguei a direção contrária a enfermaria. Me dirigi ao meu armário e tirei a bata e os óculos obrigatórios da aula, encaixei eles dentro da mochila e coloquei dentro do armário descuidadamente e fechei-o.

Andei rapidamente pelos corredores me dirigindo ao banheiro feminino do terceiro andar, ele é o mais vazio da escola por causa de uma história de terror idiota. Nesse momento o que eu mais quero e ficar sozinha e chorar feito uma idiota.

"Nunca senti o amor maternal pela Alexia, não entendia quando você falava que o mais importante no mundo era ela. Só consigo entender suas palavras agora, se eu tivesse sentindo por você ou por Alexia a metade do que sinto por esse bebê, eu nunca teria deixado vocês ..."

Naquela carta minha mãe dissecou e colocou em palavras tudo que a fez me abandonar. Ela nunca me amou, a mulher que me deu a vida não nutriu um único sentimento por mim. Nem minha mãe ou Thomas nutriam sentimentos por mim, eu me sinto vazia e indesejada.

Empurrei a porta do banheiro e vi duas garotas no reflexo do espelho se abraçando, uma delas parecia estar em choque e soluçava incessantemente. A outra garota parecia conforta-la. Eu as conhecia, a garota asiática que soluçava é a filha do prefeito, e a outra que a abraçava é a líder do grupo de estudo da Bíblia.

― Aconteceu algo? ― Pergunto me aproximando delas. As duas viram surpresas para mim, Samantha, a filha do prefeito, se separa de Victoria e se apoia em uma das pias. Acompanho ela com o olhar e percebo um objeto em cima da pia. É um teste de gravidez.

― Eu... não quero... ― Samantha fecha os olhos soluçando e mais lágrimas caem. Eu fico paralisada tentando processar a situação.

― Sam, você não pode... é um pecado. É um bebê e ele já te ama. ― Victoria se aproxima novamente de Samantha. As palavras dela a fazem soluçar ainda mais.

― A última coisa que ela precisa agora é de um julgamento, por favor Victoria, guarde suas opiniões. ― Digo em um tom razoável.

― Mas... ― a sentença de Victoria é interrompida pelo som da porta sendo empurrada, mais duas garotas entram no banheiro e o clima fica ainda mais pesado.

My Life as AlexiaOnde histórias criam vida. Descubra agora