Novo México

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"Você está deixando o Estado do Colorado. Volte sempre" a divisão entre Colorado e Novo México é nítida. Passamos as montanhas rochosas, com os picos cheios de neve, chegando ao planalto do Colorado, laranja como o pôr do sol.

A tensão dos meus ombros doía, estou dirigindo a quase duas horas e meia.

― Para no próximo posto de gasolina, temos que abastecer e minha bexiga quase explodindo. ― Ivy fala pondo um fim no longo período de silêncio. Acho que a uma hora atrás paramos de falar coisas aleatórias. Essa não é uma viagem de férias, não ligamos o rádio e cantamos as músicas favoritas.

Acho que essa hora Riley já deve ter percebido que algo está errado. Mandei mensagens para ela nessa manhã dizendo que chegaria na escola em poucos minutos. Conhecendo-a como conheço ela deve pensar que estou fazendo algo muito legal ou muito errado para matar aula.

Vi o letreiro do posto, diminui a velocidade e sinalizei para Sam que está a poucos metros de distância.

Ivy desceu mais rápido que eu da minivan, ela entrou na loja de conveniência e foi direto para o banheiro. Antes de entrar na loja esperei Sam estacionar o carro, Victoria não desceu.

Assim que entramos na loja de conveniência, Samantha soltou um longo suspiro.

― Eu não posso mais dirigir com a Victoria do meu lado, ela passou o caminho todo me dando sermão, dizendo que estou cometendo um pecado.

― Eu sabia que ela ia dar problema! ― Madison confessa. ― Se eu tivesse passado no teste de habilitação...

―Acho que eu vou ter que dirigir seu carro, Ivy não vai mais largar a van, e Victoria não tem carta.

― Você já cansada! Eu tô, cê acha que pode aguentar mais duas horas dirigindo?

― Acho que posso tentar, Victoria e eu vamos ter uma boa conversa até Albuquerque.

Na loja de conveniência paguei a gasolina e comprei um óculos de sol e alguns salgadinhos e refrigerantes para o resto da viagem. Ivy guiou a van para fora do posto.

― Victoria vai ficar no carro, mesmo? ― Madison pergunta.

― Sim, acho que somos pecadoras demais para socializar com a gente ― Samantha responde. Abrimos a porta da van e ficamos sentadas nos bancos descansando.

Não podíamos ficar muito tempo descansando, ainda faltam muitos quilômetros até Albuquerque. Termino de beber o refrigerante e vou na direção do Citroen de Samantha.

― Ponha o cinto. ― digo para Victoria assim que ligo o carro, baixo o volume do rádio que tocava alguma música gospel. Alguns quilômetros depois o silêncio ainda continuava, continuidade atenta a rodovia, porém uma placa chamou minha atenção.

"101 quilômetros Santa Fé, 145 quilômetros Albuquerque"

Durante o final de semana supri a lembrança da minha mãe biológica e sua carta, porém o endereço dela ainda é claro na minha memória, ela mora em Santa Fé.

Fui sincera com Samantha quanto a minha intenção de ajuda-la, mas tenho outras intenções para estar aqui.

― Por que você não está dando sermão em mim como fez com a Sam? ― passei a marcha e pus a mão de volta no volante.

Victoria ficou boquiaberta por um instante e desviou o olhar para a janela.

― Sou a filha do pastor, é meu dever dizer ela que essa escolha é errada!

― Ok, primeira coisa: pouco importa de quem você é filha, segunda: é a escolha dela, não cabe a você dizer se certo ou errado. Essa não é uma opção para você, mas para ela é. Você é contra, nunca faria, tudo bem. Porém, o aborto não vai deixar de acontecer porque é proibido, tantos países proíbem e as mulheres só morrem mais, pois elas realizam métodos inseguros.

My Life as AlexiaOnde histórias criam vida. Descubra agora