1. Prólogo.

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#NhumNhum 

Não.

Eu não entendia como ainda poderia estar vivo, ao menos não pensava que era fisicamente possível que um ser humano fosse capaz de resistir àquelas condições de estresse. Dramas à parte, estar no tipo de situação como na qual estava naquele instante, de uma forma ou de outra, induziu-me a olhar para o céu — fica entre nós que na verdade era o teto do meu quarto, mas "céu" deixa o lance todo mais teatral — e me questionasse por que Deus estava fazendo aquele tipo de coisa comigo, ou por que caralhos a vida tinha um gosto que pendia ao sadismo quando se dizia respeito a mim. 

Antes de prosseguir, creio na importância de fixar o alerta de que, simvai ter muito palavrão no decorrer de toda essa trama, com o bônus de nenhum arrependimento por parte de quem os diz: eu. Sendo honesto, não penso que haja real necessidade de avisá-los acerca disso, mas como medida paliativa, está aí a bela mensagem aos emocionados: vai ter palavrão, muito palavrão, palavrão para um senhor santo caralhoEstamos entendidos? A leitura que prosseguir este ponto concorda com os termos e jura solenemente não encher a porra do meu saco quanto a isso.

Bem, recapitulando...

Em uma síntese do primeiro parágrafo – e sendo tão conciso quanto se é permitido ser –, a vida botava no meu cu

Me fodia rude, na real, sem aquele lance todo da "gentileza" – se é que vocês me entendem e espero que entendam – para "preparar o terreno". A vida me olhava de cima, perguntando se eu, por algum acaso, havia ousado pensar que as merdas já tinham acabado, porque não tinham. Vale pontuar, na verdade, que essa é, sem qualquer sombra de dúvida, uma bagagem de conhecimento incrivelmente válida para se levar ao longo da vida, então preste bastante atenção: quando você achar que as coisas não podem ficar piores, jamais reclame ou jogue tudo para o ar, porque elas definitivamente podem – e vão – ficar piores; um excelente exemplo desse tipo evento, se me permitem citar, é ter que morar com aquela pessoa insuportável cujo santo simplesmente não bate e que você não tem absolutamente nada em comum – senão desprezo – para que haja algum espécie de "boa convivência" no que se espera de vocês dois numa mesma casa.

E antes que irrompam dúvidas acerca disso, é, eu estou falando de mim. 

Sim, esse é o tipo de coisa que acontece com Park Jimin – meu nome de nascimento, mas se preferir, pode compreendê-lo como sinônimo verdadeiramente prático e popular para "otário" – e não,  nunca vou conseguir entender como as coisas podiam ser tão desfavoráveis para mim ao ponto de que até o destino já havia desistido de tentar me ajudar. Nota-se, portanto, que a merda toda 'tá bem precária. E sim, ainda me faltam materiais científicos para  saber como é fisicamente possível que eu ainda esteja vivo e não tenha explodido, mas não cabe a mim a ilustre tarefa de desvendar esse tipo de fenômeno; dessa vez, me encarrego somente da parte de contextualizar toda essa reclamação para você, provavelmente um telespectador entediado que veio buscar refúgio nas profundezas da interweb

Pois bem, a palhaçada do caralho estava prestes a acontecer quando a porta do meu quarto foi aberta numa sexta-feira qualquer pelo meu irmão mais velho, conhecidíssimo pelas ruas de Busan como o único idiota capaz de tocar uma flauta com o nariz sem parecer terrivelmente ridículo enquanto o faz, tal que também atende pelo nome de Hoseok. Não havia nada anormal no fato de ter meu irmão entrando no meu quarto, uma vez que tínhamos uma relação que eu julgava boa o bastante para que ele pudesse entrar e sair quando bem entendesse; o real problema estava naquela expressão que ele carregava, esta que eu bem conhecia; a cara de que uma merda grotesca tinha acontecido e ele estava com o cu na mão para me falar.

NÃO CONFIE NELE  • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora