Ironia do Destino - chanbaek | ABO - CONCLUÍDA

Horas antes do festival da Luz

As panelas da cozinha da escola já estavam sendo lavadas; dava para ouvir o barulho do aço batendo na pia ao longe — o que indicava que já estava bem tarde. Logo a escola já estaria fechada, mas, mesmo assim, Sehun continuava escondido na parte de trás da quadra de vôlei. Mantinha-se sentado e encostado ao pé de Sakura. Estava pensativo e entristecido com tudo que havia acontecido, afinal.

Não conseguia tirar de sua mente o modo que Chanyeol lhe olhou enquanto brigavam. Chanyeol nunca havia olhado-o daquela maneira, e isso lhe doía profundamente. Sehun sentia que era uma das pessoas mais idiotas desse mundo inteiro. Disse tanta bobeira ao amigo sem pensar, bobeiras que, no calor do momento, pareciam coisas. E não eram, pois não havia dito o que realmente sentia e queria. Apenas descontou sua raiva em meias palavras.

— Droga! — resmungou baixinho, colocando as mãos nas cabeças e puxando os fios com força. Não ligava para dor, pois a dor que sentia por dentro conseguia ser mil vezes pior.

— Sehun? — uma voz suave lhe chamou atenção. Rapidamente limpou o canto dos olhos e, elevou a cabeça, surpreendendo-se ao ver Luhan em sua frente. Ele estava usando o uniforme de educação física e em suas mãos estava uma bola de vôlei que o mesmo apertava com força.

— Luhan! — disse com sua voz falha por estar há tempos sem usá-la.

— Você está bem? — perguntou, se agachando ao lado de Sehun, este que desviou o olhar envergonhado.

— Sim, sim. Estou bem — disse com certa fraqueza na fala. Ele definitivamente não queria ver Luhan, já que isso o fazia se lembrar de seu desentendimento com Chanyeol, e o quanto havia sido idiota. Virou-se para Luhan que já se levantava e segurou seu braço — Luhan, eu posso te perguntar uma coisa? — soltou o braço do mais velho e se levantou para perguntar o que lhe angustiava.

— Sim, eu acho — sorriu sem graça enquanto manuseava a bola de vôlei em suas mãos. — Mas tem que ser rápido porque ainda estou em treino. Só estou aqui porque estava fazendo aquecimento e a bola veio parar aqui. Vou ter que voltar logo, então tente ser breve, okay? — sorriu de lado, fitando o rosto sério de Sehun.

Ele observou que Sehun havia chorando, pois seus olhos se encontravam levemente vermelhos. Fazia tempo que conhecia Sehun e nunca o viu tão fragilizado como agora. Teve certa curiosidade em saber o que tinha levado Sehun a ficar assim. Por isso resolveu ficar, contrariando a mágoa que ainda sentia pelo ex-namorado que estava á sua frente.

— Eu fui muito ruim para você? Eu sei que não tocamos nesse assunto já faz tempo, e sei que ficou muito chateado comigo. Mas Luhan, eu só quero que diga tudo o que não teve a oportunidade de dizer antes. Eu era idiota que não sabia te escutar... — havia total sinceridade sem suas palavras, esta que surpreendeu Luhan a ponto de deixar a bola cair no chão.

Luhan não esperava. Ele realmente não esperava escutar aquilo. Tinha em mente que Sehun sempre foi orgulhoso, insensível e arrogante demais. E, agora, ele estava ali, lhe pedido aquilo de uma forma que soava tão dolorosa e verdadeira. Foi inevitável não se sentir feliz ao perceber que Sehun estava amadurecendo.

— Por que isso agora? — não resistiu em indagar. Um vento frio passou por eles, fazendo com que a franja castanha de Luhan ficasse em seus olhos, mas delicadamente a colocou no lugar. Ainda fitava Sehun, e o mesmo parecia que se encolheria até sumir de tão retraído que se encontrava.

— Porque eu feri a primeira pessoa que eu amei na vida e eu não quero mais feri-la. Eu quero ter a capacidade de ver os meus erros, para assim mudá-los. Eu quero ter a oportunidade de mostrar algo bom vindo de mim. Mas primeiro, eu tenho que enfrentar tudo que me levou a errar. E você... Bom, foi quem fiquei por mais tempo em um relacionamento, e eu quero me desculpar mesmo. Sei que é tarde, mas depois de tudo que Chanyeol me disse, sinto que devo muito isso para você... — se aproximou de Luhan que prestava atenção em tudo que dizia. Parecia inacreditável demais para si; crer que em um belo dia o cara com que se relacionou, brigou e esteve em um relacionamento cansativo por um ano e seis meses viesse lhe pedir desculpas. Sehun nunca havia pedido desculpa, e nas vezes que pedira não soavam tão sinceras como agora.