Fugitivos - A Busca Infernal

Ϫ Capítulo 1 Ϫ

O som alto do carro faz minha cabeça dar sinais de incomodo. Reviro os olhos, olhando através da janela, a paisagem noturna da BR-364, localizada em Rondônia. As musicas aleatórias de Eduarda Ocampo me fazem transitar por muitos sentimentos, raiva, alegria, tristeza e até tudo ao mesmo tempo. Tento me abster de qualquer comentário pois minha amiga me ofereceu carona depois da aula então não tenho muito do que reclamar.

A viagem da Universidade até nossas casas até que é rápida. O campus fica a menos de 10 km da cidade e até minha casa é mais uns 5 km. Todo dia nossa acaba as 10:30 e ela me oferece carona, eu obviamente aceito. Às vezes minha amiga oferece uma cerveja, mas estou sempre indisposta, pois passo tempo mais que suficiente tentando vencer meus demônios internos e ir as aulas.

Estudo Direito e estou no 5° período da faculdade, junto com Eduarda, minha melhor amiga, que conheci no primeiro dia de aula. Com o tempo, desenvolvi ansiedade, que também gerou uma depressão, nada muito grave no nível de me dopar de remédios, mas eu recai, fiquei sensível e agora faço tratamento.

O mais difícil de ter esses dois problemas, é que um me deixa extremamente ansiosa, nervosa, irritada, pensando em milhões de coisa ao mesmo tempo, lembrando das varias tarefas que preciso fazer. Mas o outro me puxa para o isolamento total, passo o dia deitada, procurando evitar ao máximo contato com pessoas e com medo de enfrentar a vida.

Me perco em meus pensamentos, ao som da play list pop , enquanto Eduarda tagarela feito louca reclamando do professor Otty que a chamou de desatenta e irresponsável.

— Camila você está me ouvindo? Não me deixe falando sozinha! — Eduarda estala os dedos na frente de meu rosto. Balanço a cabeça para que eu possa retornar a mim mesma.

— Ah, desculpa amiga, o que você disse? — Suspiro.

— Oras do que estou falando, to babaca do Gabriel Otty, aquele professor que se acha o dono do mundo e acha que tem o direito de me chamar de desatenta e irresponsável. Quem ele pensa que é?

— Eduarda, ele é professor a mais de 10 anos, já aguentou muito abuso de aluno, se ele disse isso, é por que você deu motivos! — Respiro fundo. — Você já parou pra pensar que algum outro aluno metido a dono do mundo, tenha o irritado de tal forma que ele tenha explodido com o primeiro que apareceu sem a resenha do livro dele?

— Ele fica me tratando como se eu fosse mais uma daquelas alunas vadias dele, branca, loira, corpo bonito e que faria de tudo pra ter uma noite com qualquer professor! — Eduarda bate no volante e respira fundo.

— Amiga você está se descrevendo! — Seguro o riso. — Você é branca, corpo bonito, alta, joga pela nossa Atlética, só não é loira, mas é louca pra ficar com algum professor! Até mesmo com ele!

— Exatamente, ele sabe que eu quero ele, por isso me maltrata e isso me deixa ainda mais nervosa! — Eduarda range os dentes. — Parece até que não sou bonita o suficiente.

— Ei fica calma! — Toco seus ombros. — Você é linda e sabe disso! Se o Otty não vê isso, ele é quem está perdendo! Se valorize mais e nunca deixe um homem ferrar seu psicológico!

— Obrigada Mila! — Ela sorri olhando em meus olhos. — Você é minha melhor amiga lésbica, tu é tão incrível! Se eu gostasse do que você tem, sem duvidas eu namoraria você!

Gargalho balançando a cabeça em negação. Volto minha atenção na Br, já conseguindo ver as luzes da capital. Passo os dedos por entre meus cabelos ruivos e respiro fundo sentindo o coração acelerar e meu corpo tremer. "Não surta agora, por favor, não surta agora Camila!".

— Camila, olha! — Eduarda aponta para o céu.

Vejo uma luz verde cortar a escuridão e cair na direção das arvores próximas a rodovia. Eduarda freia com tudo pois a estranha coisa luminosa passa na frente do seu carro e se choca com a terra a alguns metros de nós.

— Você ta louca? — Grito já com o carro parado.

— Precisamos ver! — Minha amiga desce do carro em desespero.

Tiro meu cinto, descendo em seguida e analiso a estrada. "Não tem um sinal de carro por aqui, podemos ser roubadas, ou estupradas, até pior, mortas!". — Eduarda Ocampo volta aqui agora!

— Para de ser fresca Camila Rebeca Trovo! — Ela grita, enquanto corre em meio os matos baixos de uma parte descampada na beira da estrada.

Reviro os olhos e corro atrás dela. "Isso vai dar muito errado, isso não vai prestar!". Pulo por cima de uma pedra e chego à beira de um pequeno barranco. Vejo um objeto estranho dentro de um buraco.

— Eduarda, vamos voltar! É perigoso demais! — Seguro seu braço.

— Não é não, para de ser medrosa! — Ela debocha e volta a correr barranco a baixo tentando não se desequilibrar.

Bufo ficando extremamente irritada e a sigo correndo. Vejo Eduarda parar de correr, porém não consigo então tropeço nos próprios pés, esbarro em seu corpo e caio rolando até o buraco. Arregalo os olhos quando minha mão toca o fragmento de algo preso no chão e uma luz estranha penetra meu corpo me causando dor. Grito em desespero sentindo algo pontudo perfurar a palma de minha mão e correr por entre minhas veias. Desmaio. 

Sem Revisão