[19:26] jungkook: festa na república rolando hoje
[19:26] jungkook: haneul vai
Esfrego meus olhos com os dedos de uma das mãos e olho para a tela de meu celular mais uma vez, conferindo letra por letra o nome daquele que as me enviou. Por um instante, penso que possa ser só um sonho, um universo paralelo, o caralho a quatro, quiçá uma invenção do meu psicológico afetado pela bebida. Mas por mais que tudo pareça surreal, absurdo e impossível, algo em mim diz que as notificações ali, logo ali, são mesmo verdadeiras.
Dou um passo para trás involuntariamente, meus calcanhares alcançando o pé de um dos bancos e me fazendo cair sentada sobre ele. A constatação à base de um achometro embriagado é o bastante para me transformar em caos completo. Aperto o celular com força, meu olhar caindo turvo para o outro lado da rua, enquanto ouço todo o caos em minha volta. Sinto meus ombros chacoalharem em um nervosismo claro, difícil de controlar, e tento inutilmente pensar numa resposta.
Mas todas as palavras sumiram. De novo. Desapareceram. Mesmo que pareça óbvio o que dizer.
É sim ou não.
Mas talvez seja porque quero dizer muito.
Ou talvez seja porque não tenho muito a dizer.
Puxo o ar com força e deixo cair meu celular no colo, o tecido de minha saia pesando com o objeto e impedindo que a peça se mova com o vento fraco da noite. Aérea, tateio o banco à procura da minha terceira lata de cerveja nos últimos trinta minutos, tomando um gole gordo quando a encontro.
Eu não tenho notícias de Jungkook há três semanas.
E se antes eu pensei que sua existência era uma mentira, por todo esse tempo eu quase tive a absoluta certeza que ele foi apenas uma criação bizarra da minha cabeça. Um sonho maluco. Até porque eu não o vi em nenhum lugar, nem ouvi falar sobre ele.
Biblioteca, quadra de basquete, refeitório.
Nada.
Jungkook desapareceu.
Não atendeu minhas ligações nas semanas de provas e continuou sem as atender na semana seguinte, nessa semana. Parecia que tudo antes da festa beneficente no início do mês passado aconteceu em outra vida, em um livro que li durante a infância e que acabou se mesclando às lembranças reais.
A única coisa que me impediu de acreditar nisso foram as ligações constantes de mamãe perguntando sobre ele, perguntando sobre nós. Ela e sua insistente ideia de que não somos fortes o suficiente, que não somos o bastante para um casamento no fim da faculdade.
Era sempre o mesmo discurso.
Haneul, Haneul, Haneul.
Enquanto eu só pensava em Jungkook, Jungkook, Jungkook.
Precisei dar dezenas de desculpas esfarrapadas para todos os encontros que minha mãe nos arranjou em meio de semana. Foram estudos, viagem relâmpago e até um problema na matrícula essa terça que passou. Invenções atrás de invenções. Não é a toa que por um instante pensei que ele fosse uma também.
Mas agora tenho seu nome na tela bloqueada de meu celular, em duas notificações verdadeiras, provando que ele de fato existe e que tudo o que vivi foi verdade. E não deixo de pensar do porque agora. Sua intenção ficou clara ao me ignorar por todo esse tempo. Ele queria que meu prazo acabasse antes mesmo deu conseguir fazer proveito dele.
Então... Por que agora?
Pego o celular do colo e meu coração pula no peito quando vejo mais uma notificação ali, a mensagem brilhando no breu de uma praça perdida em Hongdae.
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Acompanhante de Aluguel • Jungkook
Romance[CONCLUÍDA] Jeon Jungkook não era nada do que dizia o anúncio. Se Yerin precisasse o descrever em poucas palavras, usaria logo: universitário ferrado, mal-humorado e caro. Mas com as cobranças matrimoniais da mãe, o histórico de um término de namoro...