Agora estou eu aqui na cama junto da minha filha que dorme feito um anjo. Seus cabelos pretos um pouco caídos em sua testa, ela é tão parecida com a mãe.
Mãe.
Aquela mulher não merece ser chamada de mãe. Não depois de tudo que ela fez à Maria Julia e a mim.
Me lembro perfeitamente de tudo oque aconteceu naquele dia.
Lembranças on
Eu e Lisa comoletariamos 3 anos de casados amanhã e eu iria fazer uma surpresa pra ela.
Acordei cedo no outro dia como de costume, fui pra empresa e trabalhei somente meio período, pois queria dedicar a minha tarde as duas mulheres da minha vida.
Havia feito uma reserva no restaurante preferido de Lisa, pedi para que minha mãe ficasse com Maria Julia hoje a noite, pois queria curtir minha esposa.
Sai da empresa e fui à uma floricultura, comprei um buquê de Orquídeas, eram suas flores favoritas. Comprei um mini-buquê de flores pra Maria Julia também.
Entrei em meu carro e sai rumo à minha casa. À essa hora da tarde, Lisa estaria sozinha, pois minha mãe sempre pega Maria Julia pra dar um passeio. Cheguei em casa e havia um carro diferente em nossa garagem, de início pensei que fosse alguma amiga de Lisa, afinal, minha esposa era muito querida por todos por sua simpatia.
Entrei dentro de casa e o silêncio me recebeu, estranhei, pois Lisa raramente levava alguém pro andar de cima que é onde ficam os quartos e o meu escritório.
Fui até a cozinha e nada. Fui até o quintal, e nada também. Então comecei a ouvir uns barulhos no andar de cima e resolvi subir.
De acordo que eu ia me aproximando do nosso quarto, os "barulhos" que eu não consegui identificar no começo, mas eu tinha uma mera desconfiança do que eram começaram a se intensificar.
Quando cheguei a frente do quarto, e minhas suspeitas estavam certas. Eram gemidos.
Então, mais que depressa abri a porta e me deparei com uma cena que eu desejaria jamais ter visto.
Lisa, minha esposa transando com um cara que eu não conhecia, em cima da nossa cama.
- QUE PORRA É ESSA ELISA ? - Gritei chamando atenção dos dois.
- Amor? Não é isso que você está pensando - Ela disse tentando se cobrir com o lençol.
- SE NÃO É OQUE EU TÔ PENSANDO, É OQUE ENTÃO ELISA ? ME RESPONDE - Eu já estava fora de mim.
- Amor, eu... - Ela tentava falar, mas não saia nada com nada.
- VOCÊ. SOME. DA. MINHA. CASA. AGORA - Disse pausadamente pro homem que agora já está vestido. Graças à Deus, ninguém merece ver outro homem pelado.
O homem saiu basicamente correndo, e eu tive que me segurar muito pra não pegar ele pela gola da camisa e lhe dar uns socos na cara.
- Agora você vai me explicar QUE PORRA ESSE HOMEM ESTAVA FAZENDO AQUI, NA NOSSA CASA, NA NOSSA CAMA - disse pegando ela pelo braço.
- Calma Gabriel - Ela pediu vendo meu estado.
- COMO VOCÊ PODE ME PEDIR CALMA ELISA ? - Eu grito mais uma vez. E agradeço mentalmente por minha mãe sair todas as tardes com Maria Julia, não seria nada legal que minha filha escutasse os pais discutindo ou pior ainda, escutasse os gemidos da mãe.
- Você já não tinha tempo pra mim, Gabriel - Ela desconversa.
- Não tinha tempo, Elisa? - Pergunto incrédulo - Desde que nos casamos eu diminui minha carga horária pra poder ficar mais tempo em casa com vocês.
- Você não me satisfazia - De onde essa mulher tira tanta desculpa esfarrapada ?
- E isso era motivo de traição? E pior ainda, na nossa cama e no dia do nosso aniversário de casamento ? - Pergunto e ela começa a chorar.
- Me desculpa, Gabriel - Ela diz chorando e se eu não conhecesse bem a peça, até perdoaria - Eu amo você e amo a família que construímos juntos amor.
Ela vem engatinhando na cama meio que em uma forma de sedução. Talvez se fosse em outra hora eu até cairia em seu joguinho.
- Como você tem coragem de dizer que me ama e que ama nossa família? - Pergunto incrédulo.
- Claro que eu amo, você e Maria Julia são meus amores - Ela acha que tá conseguindo me dobrar. Boba demais.
- Você não me ama, você ama o conforto que eu te dou, ama as viagens internacionais que lhe ofereço e ama pricipalmente o meu dinheiro.
- Claro que não, Gabriel. De onde você tira essas paranoias em ? - Pergunta numa tentativa de contra-ataque.
- Paranoias ? Elisa, não é de hoje que venho ouvindo boatos de que você me trai, mas nunca acreditei, sempre achei que você fosse aquela esposa fiel e exemplar. Mas oque eu vi hoje só me mostrou o quão baixa você consegue ser.
- Quer saber? Chega desse teatrinho - Diz e eu fico sem entender - Eu já me cansei de brincar de casinha, cansei de ficar presa à você e à Maria Julia. EU CANSEI GABRIEL. - Ela diz isso e eu me pergunto onde está a mulher doce e carinhosa que eu me casei.
- Some da minha casa, some da minha vida e da vida de Maria Julia. Não nos procure nunca mais - Digo tentando manter a calma. Coisa difícil quando se trata dessa mulher.
- Sabe Gabriel, eu até gostei de passar esses três anos com você, você é um homem bonito, atraente e muito tolo também - Ela diz passando a ponta dos dedos em meu peitoral - Se você quiser podemos ter uma última vez.
- A ÚNICA COISA QUE EU QUERO É QUE VOCÊ SUMA DA MINHA VIDA - Grito e pego ela pelos braços e balanço-a.
- Uau Gabriel, porque nunca usou essa pegada na cama em ? - Ela diz e eu fecho os olhos numa tentativa falha de acordar de um pesadelo.
- ELISA NÃO ME FAÇA PERDER A PACIÊNCIA COM VOCÊ - Digo e ela ri. Não uma risada normal, mas uma risada sarcástica.
E assim ela se vai, sem nem se importar com os sentimentos da nossa filha.
Lembranças off.
Até hoje essas lembranças me assombram.
Minha filha se remexe na cama e abre seus olhinhos azuis.
- Papai ? - Ela chama com a voz chorosa.
- Oi meu amor, papai tá aqui. Pode dormir princesa - Digo e abraço ela e afago seus cabelos.
Minha filha as vezes pergunta da mãe e eu fico meio deslocado, pois apesar de pequena, Maria Júlia é muito esperta e sofreria muito se eu contasse que sua mãe se cansou de brincar de casinha e foi embora.
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Duas Vidas
RomanceLuana Vieira, uma mulher de 20 anos, que acredita em tudo que dizem. Ela namora com Henrique à exatos 2 anos e confia nele cegamente. Até que, em um momento que deveria ser de felicidade para os dois, se torna um um pesadelo e, mostra a verdadeira f...