Capítulo 4

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Hoje é o meu primeiro dia na cafeteria da Dona Ana, estou bem animada com a possibilidade de conhecer novas pessoas.

Sempre fui muito comunicativa com todos, minha mãe costumava dizer que eu tenho um carisma que convida as pessoas a se juntarem a mim.

Chego na cafeteria no horário marcado e Dona Ana já está lá me esperando.

- Bom dia minha menina, tá animada ? - Ela pergunta com um sorriso no rosto.

- Bom dia Dona Ana, sim estou muito animada - Respondo correspondendo o gesto.

- Pois bem, vou ficar te auxiliando aqui essa semana pra você se adaptar, mas semana que vem a cafeteria ficará por sua conta - Ela diz - Eu e o meu velho vamos visitar nosso filho que mora na Paraíba - Ela diz com um brilho no olhar ao falar do filho.

- Oh vocês têm filhos ? - Eu pergunto querendo saber mais sobre sua família.

- Sim, temos 2, Felipe que mora na Paraíba e Alana que mora em Brasília - Ela diz nostálgica ao se lembrar dos filhos - Eu e o meu velho somos apaixonados por eles.

- Entendo - Digo e me bate uma pontinha de tristeza por saber que meu filho não vai ter um pai presente e automaticamente minhas mãos vão parar na minha barriga meio que como forma de proteção.

- Oque houve minha menina, ficou triste de repente - Ela diz e me olha com preocupação mas logo seu olhar vai parar na minha barriga e ela arregala os olhos - Você tá grávida ?

- Sim - Digo por fim.

- Que bom, um filho é sempre uma benção na vida de um casal - Ela diz com um sorriso enorme.

- Meu filho não terá um pai - Digo e sinto meus olhos arderem e um bolo se formar na minha garganta.

- Por que ? - Ela indaga e eu me preparo psicologicamente para contar a história que tanto me machucou e me machuca.

Contei tudo desde o começo e Dona Ana ficou com um odio mortal de Henrique. E me disse que se eu precisar de alguma ajuda posso contar com ela e com seu marido e eu à agradeci dizendo que so dela estar me dando um emprego já ajudou bastante.

O dia correu tranquilamente, Dona Ana sempre me ajudava nos pedidos e quando não tinha ninguém a gente conversava sobre como foi a infância de seus filhos e ela também me dava algumas dicas pra quando o meu nascer.

Meu expediente estava quase acabando quando escuto o sininho da porta soar e logo após escuto a porta se fechar.

Quando me viro pra olhr quem entrou, me deparo com aqueles mesmos olhos castanhos cor de Mel.

- Fala sério - Digo quase em um sussurro - Muito obrigado universo, era só oque me faltava - Digo pra mim mesma.

- Boa tarde estressadinha - Ele me diz em tom de deboche.

- Boa tarde parede ambulante, em que posso ajudá-lo? - Digo dando um sorriso mais falso que nota de 3 reais. Tenho que manter o profissionalismo.

- Um café puro, por favor - Ele diz olhando o cardápio.

- Olha ele sabe ser educado - Digo pra mim mesma em um tom baixo, pelo menos eu achava que havia dito em voz baixa, mas me enganei legal, ele ouviu.

- Sou educado com quem me trata com educação - E lá está o idiota novamente.

- Aqui está seu café - Digo com uma expressão seria e volto a limpar as mesas que agora estão vazias.

- Idiota - Digo de forma baixa mas novamente ele escuta. Que audição é essa meu Deus ?

- Da pra parar de me xingar? Eu tenho nome viu ? - Ele diz revirando os olhos.

- Por acaso eu tenho uma bola de cristal pra descobrir seu nome ? - Digo me divertindo com a situação.

- Me chamo Eduardo, mas todos me chamam de Edu e você ? - Ele diz.

- Luana mas costumam me chamar de Lua - Digo e quando ele vai falar alguma coisa o sininho da porta soa novamente.

- Gente que deus grego é esse ? - Eduardo diz e eu o encaro surpresa - Oque foi ? Menina da fruta que você gosta eu chupo até o caroço e aquele ali eu... - Não deixo ele falar.

- Eduardo! - Digo seria e ele sorri. Ok ele não deixou de ser um idiota.

Deixo ele lá com suas paranoias e vou atender o deus grego como diz Eduardo.

- Boa tarde, em que posso ajudá-lo? - Digo com meu bloquinho em mãos e sem encarar quem quer que esteja na minha frente.

- Um café expresso - Ele diz e eu me vejo obrigada a encara-lo e agora vejo que ele faz jus ao apelido. O cara é realmente um pedaço de mal caminho.

- Tudo bem, já trago - Digo voltando sua atenção pra mim e quando ele tira os óculos escuros para me encarar, sou surpreendida por uma onda azul e nesse mesmo instante minhas pernas parecem criar vida própria e começam a fraquejar e eu me vejo obrigada a escorar numa cadeira que tinha ali.

- Você está bem ? - Ele pergunta e eu volto a si e assinto tentando sair dali o mais rápido possível.

Volto pra cozinha e Edu me acompanha.

- Ele é mais bonito de perto? Que cor são os olhos dele? A voz dele é bonita? - Eduardo pergunta tudo de uma vez.

- Calma Edu - Digo rindo de sua precipitação.

- Menina, como você quer que eu me acalme com um deus grego debaixo do mesmo teto que eu ? - Ele diz com uma expressão de indignação no rosto.

Fiz o café e arrumei direitinho na bandeja e sai com Eduardo tagarelando atrás de mim.

Quando eu estava chegando perto do homem que agora estava com a sua atenção voltada à janela. Eduardo da um grito e eu acabo me desequilibrando e caindo no chão.

- Ai - Digo colocando a mão na cabeça, mas minha atenção é direcionada com o homem que agora está na minha frente com a camisa manchada de cafe e uma expressão nada boa. Merda, tô ferrada.

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