capítulo 2

20 2 7
                                    

Minhas pernas estavam inertes enquanto cada fibra do meu corpo estremecia a cada batida agressiva do outro lado do meu apartamento.

Pensei rapidamente em ligar para a polícia, mas até que eles chegassem, eu já estaria morta na pior das hipóteses.

-Dia, você ficou assustada do nada.- disse Lis. -O que tá acontecendo?

A voz de Lis me tirou do meu curto transe de desespero mútuo.
Eu não sabia o que fazer.
A pessoa atrás daquela porta queria o dossiê.
E ainda tinha essa outra pessoa que me mandou a mensagem.
Ela também está atrás do dossiê? Será que ela vai me matar também?

Bom, ela não está tentando me ajudar. Ela claramente não quer que o dossiê caia nas mãos dessa outra pessoa.

-DIANNA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO AI?- gritou Lis. Puro vez de relance pela tela do computador que sua expressão era de angústia.

E não era pra menos.

Obriguei minhas pernas a se moverem e cambaleei até a mesa tentando abrir a bolsa. Depois de alguns segundo consegui abri-la e por o dossiê lá dentro.
Joguei minha carteira com identidade dentro e fechei.
Vesti uma blusa vermelha que encontrei no chão e uma calça jeans velha.
Pus a mochila nas costas e corri pro computador.

-Meu amor eu te amo.- tentei dizer racionalmente, mas as palavras tropeçaram uma na outra deixando quase impossível de se entender.

-O que você disse?- perguntou ela. -Dia, me diz o que está acontecendo. Por que se arrumou? Pra onde você vai?

-Lis depois eu te conto.- retruquei tentando escolher as palavras. -Eu preciso sair agora. Não atenda ninguém pela web. Eu vou dar um jeito e falar com você. Te amo.

Não esperei a resposta dela e então puxei a tomada do computador.
Como era um notebook eu o peguei e pus embaixo do braço.

Ouvi um estrondo vindo da porta da frente.
Eles começaram a tentar derrubar a porta.
Meu medo e aflição começaram a ser mais visíveis. Minhas mãos estavam tremendo. Mal conseguia segurar o notebook.

Corri para a janela do quarto e abri tentando olhar o chão lá embaixo.
Era uma queda e tanto.
O apartamento era no quinto andar.
Não havia muros por perto para me jogar.
Quando a falta de esperanças começava a tomar conta do meu coração, eu havia percebido que havia um duto de encanação do lado da janela.

Então sem pensar duas vezes me coloquei para fora no parapeito da janela.
O notebook na minha mão me impediria de fazer qualquer coisa, então o joguei andar abaixo. O notebook se espatifou no chão mas o barulho foi abafado pelo vento e pela chuva.

Ah! A chuva.
Eu havia me esquecido dela.

Então eu me atirei para o cano ao lado da janela. Escorreguei alguns metros mas tentei segurar em alguns parafusos.
O vento soprava forte em meus cabelos e a chuva batia anestesiando o meu rosto.
Tentei olhar para baixo.
Ainda estava longe do chão para um salto.

Então agarrei os pés com firmeza nos tijolos da parede e tentei descer devagar.
O primeiro andar que eu desci foi tranquilo. Cheguei próxima a uma janela.
Eu não sei o que estava passando na TV deles, mas era algo sobre jacarés na Suiça.

Isso me espantou. Mesmo com o barulho da chuva ainda prestei atenção nisso. Mesmo que minhas pernas e meu corpo exausto doessem ao ponto de desejar se jogar dali.

Quando pisei o pé esquerdo no tijolo de baixo um parafuso se soltou aonde eu estava segurando.

Meus olhos apertaram para cima e vi reação que isso causou.
Todos os outros parafusos estavam se soltando e consequentimente o cano da parede.

O Dossiê de Evie (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora