Os anos passam e as pessoas continuam com os seus pensamentos antiquados.
Já não bastassem os homens com todo o seu machismo e o caralho à quatro, ainda tenho que lidar com os humanos do mesmo sexo que eu, me rotulando de puta.
Nunca vou me cansar de bater de frente e não me calar diante de tamanha ofensas e desaforos que recebo pelo traje que uso ou de quantas bocas eu beijo.
Eu só quero e devo ser respeitada!
Andando vestida ou pelada ninguém tem o direito de dizer quem eu sou ou o quê eu sou.
Observo a loira irritada em minha frente e seu "namorado" ao lado pedindo-lhe calma, entretanto, ela o ignora, não desviando seu olhar raivoso de mim.
É inevitável olhar para os lados para certificar-me se as pessoas ainda estão entretidas jogando conversa fora com os amigos e colegas ricos, contudo, notando-os rindo e bebendo do mais caro whisky, ninguém parece estar a par da recém confusão formada pela Nancy.
A dita cuja é minha melhor amiga – ou era há alguns minutos atrás –, ela me convidou para uma social na casa da sua família e aceitei. O motivo da comemoração são os vinte anos de casados de seus pais.
Se eu soubesse que George iria dar em cima de mim em plena boldas de porcelana dos sogros, eu jamais teria vindo, e, este fato desagradável teria sido evitado. Entretanto, se Nancy tivesse um cérebro, ela não sairia me acusando de querer roubar seu namorado e jamais me chamaria de puta.
Veja bem: eu estava de boas bebendo um champagne legítimo – e não os espumantes que sou acostumada a tomar –, quando o cafajeste loiro sentou-se no sofá comigo e disse que eu estava linda.
Porém, quem me dera se fosse só isso... Segundos depois, George estava em cima de mim, querendo me beijar, e a minha única reação no momento fora procurar Nancy no meio de alguns amigos de seu pai para contar-lhe o ocorrido e abrir seus olhos para mostrar o tipo de cara que ela escolheu para chamar de namorado.
E, é claro que ela não acreditou em mim.
Para ela, George é um santo!
— Você me chamou de puta só porque estou usando decote? Me admira você mulher e minha amiga dizendo isso, Nancy. Você deveria estar cansada em saber que, roupa não define caráter. – falei num tom moderado, evitando erguer o tom da minha voz e chamar atenção.
Eu estava debaixo do seu teto. Mesmo eu sendo pobre, jamais me faltou educação e respeito.
Tentando manter a calma, continuo:
— O seu namorado tentou roubar um beijo meu, ele é o errado e não eu, Nancy!
A loira fecha as mãos em punho, e sei que a sua vontade é de me dar um soco. Isso me lembra os vários episódios onde algumas mulheres sujeitam-se a sujar as palmas usando-as para estapear a garota que fora usada para lhe meter os chifres. Eu só queria entender esse comportamento, sendo que, quem as traiu fora os seus companheiros e não a mulher!
— Pára! Eu não vou acreditar nas suas mentiras, Hope! Saia da minha casa ou eu lhe tiro arrastada pelos cabelos! – ameaça-me, furiosa.
Dois homens que passavam ao nosso lado percebem o clima tenso, parando de caminhar para preferirem nos observar.
O fato de eu não estar na minha área e com a minha galera me deixa exposta ao pior. Eu sei me defender, eu aprendi a me defender, mas com a Nancy me acusando dentro da sua própria casa, sinto que a qualquer momento serei apedrejada pelos seus familiares e amigos.
Eu estava sozinha.
Mas não iria abaixar a cabeça diante de uma situação dessas.
— Tudo bem, Nancy, eu saio! Não precisa rebaixar mais o seu nível querendo fazer barraco por causa de macho – solto uma risada sem humor, antes de continuar: —, ainda mais por um macho como o seu querido namorado cafajeste. Se ele foi capaz de dar em cima de alguém bem debaixo do seu nariz, imagina o que ele deve fazer pelas suas costas?! – de canto de olho percebo George se encolher ao lado de Nancy, só denunciando ainda mais que ele é acostumado a traí-la.
Reprimo soltar uma provocação ainda maior quando passo ao seu lado. Se eu chamasse-a de corna, isso seria um um ingresso VIP para sua mão voar na minha cara.
E, brigar fisicamente seria a última coisa que eu queria para terminar a noite.
Subo as escadas um pouco rápido demais para quem passou as últimas duas horas bebendo. Após o último degrau, puxo a barra do vestido colado em meu corpo, para baixo.
Não tardo em pegar a minha bolsa assim que chego no quarto da garota que me expulsou de sua casa, e ao descer as escadas ajeitando a alça em meu ombro, tomo todo o cuidado para não cair.
Eu estava nervosa, bêbada e com a adrenalina pulsando em minhas veias.
Não olho para ninguém ao redor quando caminho até a porta.
Quero sair logo daqui.— Hey!
Ouço ao fundo alguém dizer, porém ignoro, porque não seria para mim. Me concentro em abrir a porta, mas a minha coordenação motora falha, e não faço ideia aonde esteja o mordomo da família.
— Deixa que eu te ajudo! – um homem alto diz, parando ao meu lado. Afasto-me, deixando a fechadura livre para o desconhecido.
Um único estalo, e a porta se abre.
— Obrigada, pela gentileza – agradeço, um pouquinho indiferente, quando o homem sorri amarelo, me deixando passar.
— Eu também já estava indo embora.
Um vento gélido sopra em meu rosto, fazendo meus cabelos castanhos voarem.
— Então não foi uma gentileza – digo, notando o homem fechando a porta atrás de sí —, uma conveniência.
Mexo em minha bolsa procurando meu celular para chamar um uber.
— Digamos que sua demora me deixou um tanto impaciente.
Paro por um segundo, desviando minha atenção do que eu estava fazendo, para olhar o sujeito bem vestido atrás de mim. Sua expressão era séria, mas ao ver o meu cenho franzido, uma risada escapa por seus lábios.
— Qual é...! Eu estava descontraindo – se defende.
Apenas dou de ombros, voltando a procurar o celular.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Perfeito Sugar Daddy - HIATUS
FanficHope Sullivan, uma jovem de dezoito anos, decidi ir há uma festa na casa de sua melhor amiga, onde os pais ricos da moça comemoram os vinte anos de casado. Depois desse dia, a vida de Hope mudou completamente, até mesmo a amizade com Nancy que, ao...