Inconvenientes

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   Domingo    
  
                7:55

     Depois da 11° vez que o despertador toca eu me levanto, lamento profundamente por ter que levantar cedo em um domingo, mas não há o que fazer, tenho projetos da escola para entregar amanhã então não posso perder tempo.
   Me levanto e abro as cortinas, logo depois as janelas, o sol já brilha forte lá fora e a brisa carregada com cheiros de flores diferentes entra no meu quarto, de repente me sinto alegre por ter ficado com o quarto que dá de frente para os jardins.
   Dou uma passada rápida no banheiro, lavo o rosto, escovo os dentes e antes de sair me olho no espelho.
     - você é maravilhoso - dou um sorriso sexy e vou em direção a porta.
   
      Chego na cozinha e apenas os empregados estão lá, quase retirando a mesa do café. Me pergunto que horas eles se levantam para estar tirando o café da manhã às 8:00 do dia! Digo a eles para acabarem depois.
     Me sento e começo a comer, primeiro um pão com patê de frango, depois tomo um suco de laranja, e por fim uma torta de limão.
       Passo no banheiro novamente, escovo os dentes e vou até o canil para verificar Rospe minha cachorra de estimação, é uma Golden Retriever. Arrisco dizer que é a cachorrinha mais bonita que você verá em toda a sua vida. E não só pelo pedigree, ela é um amor de animal, carinhosa, obediente, prestativa e mais tudo que há de bom.
       Quando apareço ela faz a festa, pula, brinca, abana o rabinho e me lambe.
      - pega o Zezé Rospe!
    Zezé é o nome que dei a bolinha que comprei pra ela, por incrível que pareça ela amou, mas tem medo do barulhinho que a bolinha faz quando é apertada.
       - quem é a neném do papai? Quem é a moça bonita? Ein? Quem? É você, é você sim, te amo!
     Agora imagine isso tudo que eu disse numa voz de criança. Porque todo mundo muda a voz pra falar com animais e bebês?

     8:35

      - ok Rospe, agora chega! Papai tem muita coisa pra fazer hoje, até mais tarde.
     Saio do canil e sigo para o banheiro, tomo um bom banho e depois vou para o meu escritório particular.
     - por onde eu começo?
   Bom tenho projeto de escola pra fazer, de um shopping center e uma sorveteria. Decido começar pelo shopping, é o maior e mais demorado. Em seguida terminaria o projeto da escola e por último na parte da noite ficaria para finalizar a sorveteria.

     16:48

     Passei a maior parte da manhã e da tarde me concentrando nas plantas. Acabei as duas e agora estou descansando um pouco. Mais terá mais trabalho.
     Meu celular toca e logo atendo, é
Nate:
       - fala mano! - ele comprimenta
      - oi, oque se passa?
      - seguinte, estamos querendo ir na sorveteria do seu tio hoje a tarde, quer dizer daqui a pouco, aí eu estava conversando com os meninos e me lembrei que você tem aquele projeto da planta de uma sorveteria pra terminar então decidi te chamar.
     - nossa, idéia genial! Estou mais que dentro.
     - a gente passa aí por volta das 17:45
      - Ok. Espero vocês.

     Ainda são 16:50 então tenho quase uma hora. Passo no meu quarto e escolho uma roupa. Tênis branco da Adidas, blusa branca e bermuda preta. Eu sou muito maravilhoso. As vezes penso que Deus estava muito inspirado quando criou uma perfeição assim.

     17:45

     Estou na frente da minha casa esperando Nate e Diaz. Eles estacionam e eu entro. No carro estávamos apenas nós três e leva 15 minutos até o Manny.

    Quando chegamos Suzan esta parada na lateral da sorveteria. De dentro do carro pergunto aos meus amigos:

      - quem chamou ela?
      - a ideia tecnicamente foi dela,esqueci de contar - falou Nate
      - aí eu mereço viu!
    
   Saímos do carro e eu vou direto para dentro, finjo que não a vi,não por falta de educação, mas porque terei de falar com ela de qualquer jeito então o máximo que puder adiar esse momento melhor.
     Gosto de sorveteria do meu tio porque toda vez que um cliente chega um sininho toca avisando. Assim que passo pela porta dou uma olhada ao redor e percebo que o lugar está lotado. Congelo quando meus olhos param de repente na mesa do lado esquerdo da porta, ela estava lá, a garota misteriosa da noite passada.
  Borboletas dançam no meu estômago quando ela se levanta, não consigo parar de acompanhar seus movimentos, acho que ela está vindo até mim. Minhas esperanças são despedaçadas quando ela passa reto em direção ao balcão.
    Será que eu deveria falar com ela? Meu coração batendo depressa confirma a resposta pra minha pergunta. Me atrevo a ir em sua direção quando a vejo olhar para mim. Antes de dar um segundo passo Suzan chega por trás e me dá um abraço apertado, os olhos da garota mudam de direção drasticamente num feixe de segundo. Ela pega os pedidos e passa novamente direto por mim, sem nem me olhar nos olhos. Aquilo parece me dar um soco na barriga então me viro na direção de Suzan.
      - oi meu amorzinho! Fiquei tão feliz quando os meninos avisaram que você viria!!!!
     - parece que eu sou o último a saber das coisas, e não e chame de " meu amorzinho" isso é ridículo.
    - oh, parece que alguém a acordou com o pé direito hoje.
    - Talvez. Como vai a família? - pergunto tentando amenizar o clima enquanto Nate e Diaz entram pela porta.
    - ah, você sabe, eles sempre estão bem. E a sua? - Suzan responde enquanto me acompanha até o balcão de atendimento.
    - Também, meus pais acharam novos investidores e estão lucrando bastante com isso.
     - podemos parar de falar sobre os adultos aqui? - Nate diz num mal humor
     - concordo, uma saída com os amigos deve ser lugar sem assuntos chatos. - Diaz confirma
     - vai ser difícil, parece que o Mayne tá com a cabeça nas nuvens - pigarreia Suzan
    
     E eu realmente estava, o que será que a garota misteriosa pensou ? Se eu pudesse ao menos explicar que não há nada entre mim e Suzan.
    Quando meu tio sai da cozinha me vê e solta um sorriso daqueles que só os Maiavid são capazes.
    - Emanoel meu sobrinho querido!
    - seu único sobrinho né tio!
    - isso não muda o fato de ser o preferido!
     - eu sei, eu sei. Tio posso falar em particular com você?
      - mas é claro!
 
  Meu tio chama um atendente que anota os pedidos de Nate, Suzan e Diaz, enquanto eu e ele vamos para um canto mais afastado do balcão

     - e aí? Oque você quer saber?
    Eu só tinha uma pergunta, apenas uma. A pergunta a qual a resposta mudaria minha vida.
    - Qual é o nome daquela garota? - aponto de forma discreta para a mesa onde a garota misteriosa está.
     - ah, ela! Essa é Magnolia, a conheço desde que era um bebê. 
     Magnolia. Que nome diferente, ousado, bonita, assim como a moça que o carrega.
     - porque o interesse? - meu tio pergunta
    - oh, nada. É que tenho a impressão de já te-la visto em algum lugar.
     - do jeito que a cidade é pequena isso não é difícil
    
    Volto para onde meus amigos estão.
    - pedimos um banana split pra você - comenta Nate
     - seu preferido - acrescenta Suzan
     - valeu pessoal!

    Agradeço e passo o restante dos minutos ali com o nome rebobinando em minha mente. Magnolia. Magnolia. Magnolia...
  
      Por instantes me dou conta de uma coisa:
 
    "Estou me apaixonando por ela sem nem a conhecer"...

As luzes da cidade (Em Pausa P/ Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora