Capítulo Treze

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Capítulo Treze

O rei de Skyblower ouvia as desculpas do velho Grande Sacerdote por ter chegado atrasado na reunião do conselho em plena alvorada. Os pequeninos olhos enrugados pareciam ainda fechados enquanto explicava palavras vazias que Elliot não dava a mínima importância, não após o desespero interno que se alastrava após as duas derrotas nortenhas na guerra.

– Passemos aos assuntos verdadeiramente sérios – Elliot cessou a conversa. – Agora que estão todos os sete membros neste conselho, precisamos discutir nossas decisões. O domínio da Ponte do Rio, é uma catástrofe. Os sulistas conseguiram conquistar a principal rota para o Norte e para o Leste. É uma questão de tempo que os combates deixem de ser nas costas ou em feudos fora de estradas e passe ser em nosso terreno. Em nossas terras.

– Podemos olhar os dois lados da moeda – Lorde Alksen acrescentou, fazendo os dedos das mãos se unirem nas pontas e se dobrarem.

Elliot arqueou as sobrancelhas. Como uma guerra nas suas terras poderiam ser benéficas quando somente haveria destruição? E a cada derrota, Gardênia estaria mais próxima.

– Os caminhos do Norte são traiçoeiros, Vossa Graça. Tudo que precisamos fazer é: uma vez que sulistas estejam em nossas terras, devemos desestabilizar o inimigo. Fingir que ele possuí o controle quando o controle estará unicamente em nossas mãos.

Elliot segurou a expiração no peito, temia transparecer que Marcus Lancaster já parecia de fato ter todo o controle.

– E como você pretende fazer isso? – O senhor do Vilar replicou.

– Creio que esta seja uma pergunta para o General Marx responder, entretanto estou apto para fazê-lo. Simples. Agiremos em pequenos grupos, pegaremos os nortenhos que saibam andar nessas terras de olhos fechados e mãos atadas. Deixaremos o inimigo ganhar para estabelecer confiança, extrairemos toda informação possível de suas estratégias, cercaremos eles e faremos ataques inesperados.

General Marx deu uma risada de escárnio.

– E me diga, Lord Alksen, deixa o inimigo ganhar em nosso território deixando nossa honra de lado e ainda acha que conseguiremos informações de suas batalhas? Me diga como pretende isso, por gentileza.

– Talvez haja uma maneira – a bruxa Winston sussurrou.

– Ah, sim – o general suspirou com troça. – Usando magia?

– Magia é algo mais complexo que você possa entender, caro General Marx – ela retorquiu com falsa cortesia. – Além do mais, certamente o exército de Kradam deve contar com magia, afinal fora desta maneira que perdemos o ataque contra o Forte de Candor. Mas, há uma perfeita maneira de conseguir informações de soldados vitoriosos.

– E como seria isso? – Elliot quis saber, percebendo que pela primeira vez, a bruxa parecia falar com mais fluidez no conselho. Mas, por um momento hesitou. – Me diga, Emily.

– Festa e mulheres.

O senhor do Vilar e o general se puseram a rir estardalhadamente, como se tivessem ouvido a melhor piada do século. Elliot não quis rir, mas não entendeu seu ponto. Todavia, o Conde Butler pareceu fazê-lo.

– O que você e seus homens fazem antes de uma batalha e repetem caso saíam vitoriosos, general Marx? – Aspen questionou. Ele ainda estava ocupado rindo. – Vão a procura de reconforto. Emily tem um ponto pertinente, mas ainda precisa ser desenvolvido. Certamente, a melhor maneira de extrair informações de um soldado carente e faminto é com bebida e um corpo quente.

– Qual seria em sã consciência as meretrizes que fariam isso? São vadias! Não tem escrúpulos algum!

Elliot recebeu então uma luz, e fitou a bruxa. Quis beijá-la por perceber que sua ideia era mais consistente do que parecia. As meretrizes do cabaré de Alicia! Elas poderiam ser mais do que boas informantes. Tinham a encontrado justamente por essa espionagem. A única coisa que precisava fazer era certificar-se de sua participação.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora