🌩.ii

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A verdade é que poderia passar a vida inteira ao seu lado sem jamais descobrir tudo, porque seus olhos mantém as mesmas notas dessa epifania melancólica, o corpo sinalizando de modo inapropriado sobre ser ou não ser. E eu os encaro na escuridão assustadora.

No dia seguinte, e depois, e depois do outro, o godê primaveril desfigura na bagunça: Chittaphon aparece, segunda-feira, calça listrada, segurando um pote de mostarda; terça-feira, suspensórios segurando o shorts preto; e, quando queria provocar, uma jaqueta de algum clube antigo do avô, sem camiseta por baixo, incorporando a imoralidade de anjos caídos, botões dourados.

Eu gostava de tudo, de toda aquela bagunça indefinida, cores despropositadas. Queria afundas minhas mãos no godê e provar da sensação das pétalas na garganta, escorrer em degrade pelas paredes.

No final da primavera, acontecia uma festa no quintal dos fundos de uma casa. Ele estava lá, sentado a mesa de piquenique. Eu o observava de cima do galho da macieira, esperando que desse indícios. 

Três horas da manhã. Livrou-se do casaco de seu avô, expondo quantidades torturantes de pele. As garotas assobiavam ao fundo. O vi retirar um lenço do bolso de trás das calças ㅡ um lenço verde ㅡ e amarrar nem volta do pescoço. Ele parecia triste. Destruído.

ㅡ se cadi fosse tu, atenderia lili ao reflexo. nct | tenOnde histórias criam vida. Descubra agora