🌩.xiv

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Escorrego pelo beiral de novo com um pote de tinta dourada bem pequeno lacrado com uma fita pendurada no pescoço para que não caia. Ten leva um susto.

Ele quer gritar. Sei que quer. Mas sou mais rápida: abro a lata, biometria sentimental e explosiva nas paredes de seu quarto silencioso, que cheira à maconha. Corro até sua alma corroída e deixo marcas apaixonantes enquanto recito um de meus poemas. Ele pede para que eu pare, que não preciso zombar de seus hábitos ordinários, porque sabe muito bem a forma como quer acabar com a própria vida.

Chittaphon não queria se matar. Ele queria que a vida fosse justa e a levasse dele para alguém que merecesse mais.

Calo-lhe a boca com um beijo agressivo que o derruba na cama. Depois, cubro seu corpo frágil, beijo a testa e faço carinho em seu rosto enquanto recito minha poesia de despedida:

Eu poderia passar a vida inteira ao seu lado
E mesmo assim jamais descobriria tudo sobre você
Porque você permanece nu, transbordando azul-gelado
Mas seu coração esconde fragilidade à mercê

Ele não me conhece, tento repetir para mim mesma
Enquanto arranco as páginas num escrito
Eu não o conheço, escrevo desesperada em resma
Enquanto dito sua importância em negrito

Então, quando a coruja canta,
Sinto sua língua lamber meus lábios rapidamente
Sua figura sumiu no meio do que me encanta,
Entre desenhos rabiscados em paredes; permanente

Sua vida é sua droga
Pois morra sozinho
Sua droga é minha vida
Pois receba um carinho

Você é jovem e galáctico
Excita-me de cores
Eu sou dourada e meteórica
Hesito-lhe de amores

A mesma claraboia
O mesmo gira-gira
O mesmo descaso

O mesmo sentimento

A mesma biometria
A mesma luz do luar
A mesma jaqueta de clube

Não tem esquecimento

ㅡ Sei que você poderia me pintar na parede à noite inteira, igualzinho faz com a vida e vice-versa; porque a vida te desenha e você a responde entre quatro paredes ㅡ sussurro em seu ouvido, apertando uma das mãos com força. ㅡ Mas só queria te dizer que caí da lua pra cuidar de ti, Ten. E eu te amo como se você fosse um desses desejos que eu roubei.

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ㅡ se cadi fosse tu, atenderia lili ao reflexo. nct | tenOnde histórias criam vida. Descubra agora