Thereza acordou diferente naquele dia. Sentia-se mais leve, mais aliviada. Aquela conversa que teve com o Sr. Devon no dia anterior era o que precisava para realmente entender que tudo não passara de um engano. Apenas havia confundido as coisas, os sentimentos, e agora entendia isso.
Também acordou com a preocupação roendo-lhe a alma. O que ele ia lhe contar? Parecia ser sério, tão sério que o fazia sentir-se miserável. Sem falar que estava com uma certa pena do rapaz pelo que ele revelara.
Gregory estava prestes a se casar por conveniência, assim como Thereza. E a ironia é que fariam parte da mesma família. Entretanto, os problemas pelo casamento arranjado eram completamente diferentes. O Sr. Devon estava ali por causa do dote da Srta. Hervey e Thereza estava ali para ter sua reputação de volta. Mas pelo menos ele disse que Evelina o fazia rir, o que ela achava um pouco improvável.
Falando no diabo...
Evelina escancara as portas da sala de estar com ferocidade, adentrando o cômodo com uma gritaria histérica e parecendo desesperada — o que fez Thereza se levantar em um pulo da poltrona.
— Srta. Hervey? O que está havendo?
Seus olhos se arregalaram de súbito ao ver o estado da moça histérica: Evelina estava completamente despida, a não ser por um único lençol branco demais ao redor do corpo. Seus cabelos ruivos e lisos caíam feito cascatas emaranhadas pelas costas. Ela estava chorando, percebeu Thereza.
— A minha... A minha... — começou a falar a moça, mas seus soluços eram tão ferozes que não a deixaram terminar a frase.
Santo Deus! A mulher parecia destruída. O que tinha acontecido para deixá-la assim tão nervosa e desesperada?
— O que está acontecendo aqui? Que gritaria toda é essa? — O Sr. Devon entrou na sala. E quando reparou no estado de sua noiva, começou a ruborizar. — O que aconteceu com as suas roupas, Evelina? — Ele tapa os olhos com as mãos e vira-se de costas.
Lady Hervey e lorde Hervey também adentraram a sala.
— Oh, querida! O que aconteceu? — Jena corre até a filha e a abraça com a intenção de tentar cobrir seus ombros nus — Venha, sente-se aqui.
— Ah, por favor, Evelina. Não vai me dizer que suas roupas não andam cabendo mais no seu corpinho redondo. — brincou o marquês, e sorriu de lado.
E Thereza percebeu aquilo no mesmo instante. Espera aí... Ele tinha senso de humor? Quando ele a olhou de soslaio, riu com a intenção de mostrá-lo que achara graça em sua piada.
— Por favor, Antony. Não é hora para piadas desnecessárias. — sua mãe censurou-o, mas o risinho irônico ainda brincava nos lábios de Antony. Ela voltou seu olhar para a filha — Conte-me, querida. Por que está tão histérica?
Evelina fungou o nariz e engoliu o choro, depois respirou fundo. E demorou até que estivesse calma o suficiente para falar:
— Eu estava prestes a ir me banhar. Mas quando coloquei o primeiro pé dentro da banheira, uma aranha gigante subiu por minha perna e começou a andar em mim. — ela estremeceu e começou a chorar de novo — Foi horrível, mamãe. E aquela desgraçada ainda está lá dentro da sala de banho, sabe-se lá onde.
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De Repente, Marquesa (DEGUSTAÇÃO)
Historical FictionTudo aconteceu da noite para o dia... Thereza Christina Righter, filha do conde e da condessa de West Sussex, estava tão animada para seu baile de debutante que não conseguia ficar quieta. Acabara de voltar de Windsor, onde ficou por um ano em uma e...