DOIS: "Se arrependimento matasse"

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"Todos já sabiam bem como era o temperamento de Thereza Christina Righter, filha do conde e da condessa de West Sussex. Era só questão de tempo para a bomba realmente explodir de vez. Mas o marquês de Bristol? Deus! A moça não brinca mesmo em serviço.

Acreditam que ela foi encontrada aos amassos, no escuro do escritório de lorde Devon em Devonshire durante sua primeira temporada social, com lorde Antony Hervey? E todas as afirmações foram confirmadas pela própria irmã do marquês, Srta. Hervey.

Obrigada, querida! Com certeza há um lugar no céu para a senhorita.

Tudo indica que a moça será a próxima marquesa de Bristol. Mas e vocês, leitores, o que acham de toda essa história?

Lady HD da Coluna de Fofocas, Jornal de Londres."

Thereza joga o jornal contra as chamas da lareira. Três dias haviam se passado, mas a notícia ainda era alarmante entre as pessoas de Londres.

— Calma, amiga. Você precisa se acalmar.

— Me acalmar? Por favor, Marjo, não me peça para ficar calma num momento como esse!

Depois que saíram da sala de visitas de lady Devon, fora realmente decretado que Thereza seria a próxima marquesa de Bristol, e o casamento aconteceria apenas em algumas semanas. Várias de suas amigas estavam achando um máximo, realmente era um título digno. Mas ela não queria. De jeito nenhum! Porém, não havia outra saída. Se não se casar com lorde Hervey, viverá sozinha para sempre.

— Será que não consegue ficar nem um pouquinho feliz?

Encabulada, Thereza encara a amiga que estava sentada no banquinho do piano.

— Feliz? Marjo, tem noção de que vou desposar-me com um homem que sequer conheço? E pior, não é por amor.

A amiga se vira para o piano e toca algumas notas tristes.

— Pelo menos vai se casar.

Pena foi o que sentiu. Marjorie não havia conseguido pretendente novamente, o que fazia dela uma solteirona. O que tinha de errado com os homens? Pensou. Ela era linda. Ninguém a pedira em casamento apenas porque não era uma nobre? Ah, pelo amor de Deus! Thereza suspira antes de dizer:

— Acho que preferiria ser taxada como uma solteirona e ainda ter a chance de encontrar o amor da minha vida do que ter que desposar-me por conveniência.

Marjorie se vira para encará-la novamente.

— Não me venha com esse papo furado, Tessa. O amor pode vir com o tempo, sabia? Pode não gostar do marquês no início por causa de tudo o que aconteceu, mas passará a viver vinte e quatro horas por dia com ele. Não acha que um sentimento, pequeno sequer, nascerá entre vocês?

Será mesmo? Pensou, enquanto encarava as caixas com seus pertences que já estavam prontas no canto da sala, apenas esperando a carruagem de lorde Hervey que, a propósito, chegaria a qualquer momento para buscá-la e levá-la até Suffolk, onde está localizada a principal residência do marquês e lugar que será seu novo lar. Suspirou.

A verdade é que estava com medo. O marquês demonstrou ser rude e grosseiro, e sua irmã... O próprio diabo encarnado. Se pelo menos seu irmão estivesse ali...

Foi então que teve uma ideia.

— Preciso fazer uma coisa! — Ela se levantou e correu até a escrivaninha da sala de estar, onde começou a escrever uma carta para Thomaz.

"Querido irmão,

Não sei se a notícia já chegou em West Sussex. Provavelmente sim, mas quero contar mesmo assim, porque tudo o que está naquelas colunas são mentira. A verdade é que tudo não passou de um engano. Você sabe, mais do que ninguém, que eu nunca agarraria ninguém nas escuras... Bem, pelo menos não um desconhecido. A pessoa que alertou todo mundo era, na verdade, a própria irmã do marquês e estava simplesmente bancando a casamenteira. O problema é que não tem como reverter essa situação já que a Inglaterra inteira parece estar sabendo. A única maneira que encontrei de salvar, pelo menos um pouco a minha reputação, foi mesmo aceitando me casar com lorde Hervey. Estou agora prestes a partir para Suffolk...

De Repente, Marquesa (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora