Companhia

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Naruto passou a aula toda evitando o olhar de Sai. Se estava confuso agora parecia não ter nenhuma certeza mais, o sinal para o intervalo tocou. Ele afundou seu rosto na carteira e deu um grunhido de insatisfação. Sabia que teria que levantar e encará-lo de alguma forma. Quando levantou a sua cabeça não viu Sasuke nem Sai, pra sua sorte. Ele estranhou um pouco mas decidiu não se importar ficou sentado ali até o final do intervalo. Quando ambos entraram, nenhum direcionou uma palavra a si.

A aula demorava séculos, Naruto balançava as pernas até que elas ficassem cansadas. Suas mãos tremiam enquanto brincava com a caneta. Levantou a mão.

"Sim, Sr. Uzumaki."

"Eu posso ir ao banheiro?"

"Okay, mas vá rápido." Respondeu Kurenai diante a correção de um exercício. Ele saiu a passos rápidos em direção ao banheiro.

Sentou no vaso ainda de calça e encostou a cabeça na parede, suspirou. Que situação. Riu do próprio pensamento. Uma hora teria que voltar, pôs a mão na porta para abrí-la, sentiu sua perna fraquejar caindo já fora do banheiro. Sentiu algo macio impedindo que batesse no chão.

"Olha por onde anda."

O loiro ergueu o olhar, ainda com a cabeça no peito dele.

"Você?" Disse se afastando rápido. "O que faz aqui?" Tomou a frente dele de forma desafiadora.

"Eu estudo aqui, loiro." Respondeu desinteressado.

Ele não está com a mesma roupa de ontem, tem um estilo menos bad boy. Parecia um estudante comum, mas ainda assim bonito. O que eu estou pensando? Naruto sacode a cabeça interrompendo seus pensamentos.

"Aonde você pensa que vai?" Disse ao reparar que o outro tinha lhe dado as costas.

"Pra sala."

"A gente ainda não terminou." O outro suspirou.

"Olha, eu tenho aula agora. Se quiser resolver isso depois por mim tudo bem. Que tal na hora da saída? Vamos fazer assim você me encontra nesse endereço às cinco, aí a gente resolve tudo o que tem que resolver, okay?" Disse lhe estendendo um papel.

Naruto o olhou estupefato, e pegou o papel sem saber o que fazer. O outro sorriu e lhe virou as costas.

"E não pense que isso terminou. Eu não vou deixar você sair ganhando."

Se virou e voltou para a sala de aula, quando entrou não se importou com a dupla encarada que recebia. Sentou no seu lugar e esperou a aula passar, que por sinal foi bem mais rápido.

Ele saiu sozinho, não esperou Sai como era de seu costume. Foi pra casa sozinho e quando chegou seus pais estavam de saída.

"Que bom que chegou." Sua mãe lhe deu um beijo rápido na testa. "Eu e seu pai voltamos na segunda. Durma cedo, não deixe de tomar banho e coma coisas saudáveis." Disse a caminho da saída. "Eu te amo, filho." Disse já do lado de fora. E ele ouviu uma risada debochada vindo de lá.

"Seu amigo está aqui."

Naruto caminhou em direção a porta e assustou ao ver quem era.

"Sasuke?"

"Vou bem, obrigado." Disse entrando sem receber com convite. "Onde é o banheiro?"

O loiro o olhou confuso.

"Okay, eu mesmo acho."

Virou as costas deixando o outro ainda com cara de idiota na sala. Seu celular vibrou, uma mensagem de Kiba.

"Aê, oxigenado. O vídeo game ainda tá de pé hoje?"

Começou a escrever quando ouviu batidas na porta. Caminhou até ela e abriu.

"Oi. Eu posso entrar?"

"C-claro." O loiro abaixou a cabeça e deu passagem.

"Não vai sentar?" O moreno apontou para a parte do sofá no seu lado.

Naruto obedeceu e sentou, ainda não conseguindo encarar o outro. Seu coração estava acelerado, ele mexeu na própria calça desconfortável.

"Sobre hoje de manhã." Ele analisou o loiro minuciosamente. "Bem, eu quero pedir desculpas quanto a isso."

Pela primeira Naruto ergueu a cabeça o olhando confuso. E Sai prosseguiu.

"Eu não devia ter feito isso. Não quero te pôr pressão nem nada." Pôs a mão em cima da sua. "Você é muito importante para mim e eu não quero que você pense nada errado. Por isso não vou exigir nenhuma resposta sua."

O loiro suspirou aliviado. E sorriu tranquilo, segurou a mão sobre a sua entrelaçando os dedos.

"Naruto, tem alguma coisa pra comer? Eu não tô afim de preparar nada lá em casa." Disse a voz vinda do corredor. Quando o dono dela adentra a sala um clima tenso se instala. Ele encara Sai que faz o mesmo, seus olhos descem brevemente para as mãos enlaçadas.

"Bom, eu vim aqui pra conversar mas vejo que essa é uma péssima hora. Eu volto em outro momento." Ele se direciona a saída, mas dá meia volta e fita Naruto nos olhos. "A propósito eu esqueci de agradecer por ontem à noite, Naruto. Você foi uma ótima companhia." Sorriu e fechou a porta.

Maldito Uchiha vai pagar, por me humilhar assim. Xingou mentalmente.

"O que mais você esconde de mim?" Falou puxando as mãos e se direcionando a porta.

"Sai, espera." Ele segurou seu braço. "Não foi nada de mais, por favor acredite em mim."

O outro soltou seu braço com cuidado.

"Eu vou pra casa, pra mim o dia já acabou. Não tenho cabeça pra fazer mais nada."

Ele fechou a porta deixando o outro sozinho. Seu celular apitava várias vezes de mensagens do Kiba. Ele deu uma breve olhada pra ele antes de deixá-lo em cima do sofá.

Ele saiu do prédio já com o endereço em mãos, era longe, foi a passos rápidos até o ponto e pegou o ônibus.

O caminho foi longo, o lugar era um bairro mais pobre, porém de boa aparência. Ele passou todas as casas e não achou nada o sol estava se pondo, pensou na roubada que havia se metido e decidiu voltar. Passou por uma praça afastada de bairro em direção ao ponto de ônibus mais próximo. Porém sentiu mãos lhe puxarem. Só viu quando suas costas se chocaram no chão.

"O que você quer aqui? Não tem nada pra você." Disse o rapaz pouco mais velho com os cabelos vermelhos tapando o rosto.

"Já chega, Nagato. Ele não é nosso convidado." Disse o garoto alto de cabelos azuis. Pôs a mão no ombro dele. Depois de dar um sorriso que fez Naruto gelar a espinha.

"Eu assumo daqui." Disse o garoto que o loiro viera ver surgindo de trás dos dois.

"Yahiko, sabe que a Konan não vai gostar nada disso." Disse o garoto azulado.

"Só tira o Nagato daqui, ele é muito emotivo. Com a Konan eu me entendo depois."

Se aproximou de Naruto, que já estava de pé.

"Bem, eu pensei que fosse medroso demais para aparecer aqui."

"Você sabe com quem está falando? Acha mesmo que eu teria medo de alguém como você?" Apontou o dedo para ele, que riu.

"Não precisa ficar tão alarmado, loiro. Eu não vim aqui com a intenção de brigar. Está disposto a vir comigo? Eu só quero conversar." Estendeu a mão.




Por hoje é só. Não me matem.

Pense em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora