Família

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O homem branco se aproximava, ele parecia enorme. Naruto olhou para o lado, Sai parecia distante. Sentia-se sozinho. Era como se só estivessem ele e aquele homem de respiração audível. Ele arrepiou todos os pêlos do seu corpo quando sentiu sua mão ser tocada por ele. Ele o fitou, pela primeira vez aqueles olhos amarelos. E o sorriso maníaco.

“Seja bem vindo, Naruto. Como é bom sentir que a sua família está crescendo. Dá uma sensação aconchegante.” Disse abraçando a si próprio. “Porque, quando você tem mais de duzentos anos, e se vê as pessoas indo e vindo. Você sente uma solidão e percebe a efemeridade da vida. Bom, mas conte-me mais sobre você. O que pretende fazer quando entrar pra família?”

“Cadê o Sasuke?”

“Venha. Sente-se aqui, deixa eu te conhecer melhor.” Disse o mais velho sem se abalar.

“Não pretendo me juntar a família nenhuma, principalmente essa família, se é que pode ser chamada assim.” Naruto recuou dois passos e fitou Sai que o olhava sério. “Se não se importa vim buscar o meu amigo, já estamos de saída.”

Orochimaru negou com a cabeça.

“Que menino insistente, já lidei com meninos mimados antes. Vamos fazer assim: você vem aqui e conversa comigo e eu deixo você ver seu amante.”

“Se não quer me dizer eu mesmo vou procurar ele.” Disse examinando a sala e indo em direção ao alçapão.

Yahiko fez menção de detê-lo mas Orochimaru negou. O loiro tentou forçar, e quando percebeu que fora inútil começou a chutar a porta com força.

“Sasukeee.” Gritou.

“Já chega.” Disse Pain já do seu lado segurando muito forte a mão do outro. “Você é mesmo muito abusado, loiro. Demonstre o devido respeito.”

Naruto o olhou nervoso, se fosse mais perceptivo veria que o outro não estava com intenção real de ser hostil.

“Naruto.” Sai se pronunciou. “Por que não tenta conversar? Afinal, pode não ser uma má ideia ouvir o que ele tem a dizer.”

“Está maluco, Sai? Você acha mesmo que vou perder o meu tempo…” Sai o olhava sério e de forma severa, o loiro engoliu seco e mirou o homem. “T-tá bom.”

“Por que não se senta? Vem aqui perto de mim.” Disse já sentado apontando a cadeira perto dele. O loiro consentiu mas manteve certa distância. O homem esperou que ele se sentasse para prosseguir. “Primeiramente gostaria que soubesse que o Sasuke é uma pessoa muito especial para mim, se ele fôr um bom menino nada de ruim vai lhe acontecer, eu prometo. Aqui todos nós nos ajudamos, quem trabalha conforme a regra permanece protegido e aconchegado pela família.”

Naruto se remexeu desconfortável, manteve os punhos cerrados nas coxas tentando ao máximo não se exaltar.

“Bem, e quem não faz parte dessa família? As regras são as mesmas?”

“Você é um bom menino, Naruto.” Disse tocando seu pulso com as mãos frias de quem parecia não estar vivo. “Por isso me preocupo com você, é jovem e ingênuo. Cabe à família dar limite a pessoas como você, e a família não se escolhe, simplesmente se pertence.”

“Eu devo discordar.” Disse puxando a mão de volta. “Se alguém sente que não pertence àquele lugar, esse se afasta, até que ache um lugar com pessoas que se importe de verdade.” Concluiu fitando Sai com um sorriso.

Esse rapaz parece ser muito importante para ti, não é?

Naruto arregalou os olhos quando percebeu que a voz vinha de sua cabeça. Ele conseguiu forçar uma conexão contigo.

“Somos iguais, criança. Afinal, fomos iguais, quero dizer. Eu fui um garoto ingênuo como você até que me foi dado o dom da imortalidade através da transferência energética, de um corpo mais jovem para outro mais senil, como o meu. Venha comigo e eu posso lhe dar tanto.”

Naruto mal percebeu a proximidade e já era tarde demais, Orochimaru mantinha centímetros de distância .Ele segurou o rosto do menor com força fazendo-o virar para si. Ele era forte, muito forte, o rosto do outro estava completamente imobilizado.

Tudo o que você tem que fazer é aceitar. Pensou e Naruto ouviu.

Ele tocou os lábios do outro com a língua antes de selá-los. O loiro rapidamente empurrou seu tronco com as duas mãos, mas ele nem se mexeu. Orochimaru invadiu a boca alheia com a enorme língua que roçava na sua garganta causando desconforto e ânsia. Naruto tentava se mexer, empurrando-o mas isso só aumentava a dor pressionada a sua mandíbula. Ele se sentiu cansado e sem forças para reagir, então esperou até que esse tormento passasse. Quando foi solto esse quase caiu no chão, deixando então o corpo apoiado na cadeira tentando recuperar um pouco de energia.

“Isso, criança, foi uma troca energética. Da mesma forma que eu posso tirar posso reverter tal processo.”

O loiro se sentia cansado, irado, enojado, só queria ver Sasuke mas não tinha forças nem para se levantar.

“Parece uma proposta tentadora.” Disse a voz atrás de si. “Tenho certeza de que Naruto ficará feliz em fazer parte dessa família como você quer. Quanto a mim? Vai me jogar fora como se eu fosse descartável. Estou errado?” Sai havia se aproximado muito e estava com a mão no ombro de Naruto impedindo que ele caísse. “Então porque não tenta assim: você deixa que eu e Naruto vamos embora e vai embora antes da polícia chegar. Fique sabendo que não tenho interesse nenhum em salvar Sasuke, mas sou inteligente o suficiente para não abrir a boca e me certifico de que Naruto também faça o mesmo.” Concluiu segurando Naruto para que ficasse em silêncio.

“Confesso que sua coragem me impressiona, garoto. E seu atrevimento para falar dessa forma com alguém como eu. Como você mesmo disse, você não tem valor pra mim.”

Sai mantinha uma expressão indecifrável, igualmente calma como quando entrou.

“Deve estar mesmo interessado em Naruto. Ou beija todos os garotos assim da mesma forma?” O outro negou. “Por isso, o histérico aqui tentou ser amigável, deve estar pretendendo fazê-lo seu príncipe herdeiro ou coisa do tipo. Mas se me matar nada disso vai acontecer, Naruto é muito sentimental, se qualquer coisa me acontecer vai perdê-lo de vez. Por isso, me deixe ficar aqui com ele. Sou muito inteligente, posso ser útil. Naruto se sentirá melhor comigo aqui.”

A sala estava em total silêncio, permaneceram se encarando por um tempo enquanto o loiro observava calado, não por consentir mas porque mal tinha forças para ficar de pé. Orochimaru riu minimamente.

“Naruto pode até ser importante para mim, mas não é indispensável. Me chatearia muito se eu tivesse que mudar meus planos, isso sempre me chateia. Mas eu poderia muito bem matar os dois aqui e agora.”

Sai se aproximou, instintivamente de Naruto.

“Mas não vou.” Prosseguiu. “Embora eu tenha muita vontade creio que os ganhos serão maiores, contudo, caso meu plano não tiver êxito matarei os dois, da forma mais cruel, sem pestanejar.”

“Interessante escolhas de palavras.” Disse a pessoa de cabelos vermelhos entrando  na sala. “Mas não teria tanta confiança já que não pode mais contar com Kabuto.”

“Nagato, o que pensa que está fazendo?” Disse Yahiko com certa tensão.

“Ele sim era indispensável, não é, senhor Orochimaru?” Ele continuava se aproximando com um sorriso estranho no rosto.

“Veja só, uma criança insolente.” Disse tentando não se abalar, mesmo pensando em Kabuto no porão. “Se isso for mesmo verdade não terei problemas em descontar minha frustração em outra pessoa. Afinal, não sou muito flexível quando estou aborrecido.”

Pense em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora