Uma Tempestade no Mar

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O som do trovão foi suficiente para acordar Dany de seu pesadelo. Ela respirou fundo  apoiou-se nos cotovelos, coberta de suor frio. Seus pelos do braço arrepiaram-se, quando um relâmpago iluminou a cabine do navio. Depois de alguns segundos de escuridão, o trovão explodiu e seu coração bateu furiosamente contra o peito. A chuva caía ao redor deles, ela sabia, e ela podia ouvir marinheiros e seus passos no convés enquanto tentavam manter o rumo do navio.

Daenerys estava tonta e assustada com o pesadelo, tremendo e tentando entender que havia sido um sonho e o que estava acontecendo. Ela lutou para recuperar o fôlego quando uma mão quente deslizou por seu braço no escuro. Dany quase saltou com o contato de sua pele.

— Está tudo bem — cantou uma voz baixa.

A iluminação brilhou novamente, iluminando o rosto preocupado de Jon ao seu lado. O trovão atingiu a distância, enquanto os olhos dela mostravam sua forma sentada contra a cabeceira da cama. Ela suspirou de alívio, apertando o peito dele, fechou os olhos e respirou fundo para acalmar os nervos. Depois que o coração dela normalizou, ela se sentou e colocou os braços ao redor do torso dele, grata pelo calor ele emanava. Jon estremeceu, e Dany percebeu o quão fria ela deve ter passado a noite. Mas com os braços ao redor dela, a chuva parecia mais pacífica de alguma forma.

— É só uma tempestade — disse ele, levantando as peles até o queixo e colocando-a contra ele.

Sua consciência voltou completamente, quando ela finalmente se sentiu acordada. Ela riu, maravilhada com a gentil doçura que ele reservava apenas para ela.

— Eu sou a Nascida da Tormenta, lembra? Raios não me assustam — disse ela, tateando no escuro por sua mão, e segurando-a perto de seu coração assim que a encontrou.

Ela podia ver o contorno de sua carranca: — Você estava murmurando em seu sono.

Lembrar o pesadelo a deixou triste.

— Eu estava sonhando. Meus sonhos nem sempre são felizes. Me desculpe se eu te acordei.

— A tempestade me acordou — ele corrigiu: — Não posso dizer que estou com muito medo, mas não consegui voltar a dormir.

— Você poderia ter me acordado — ela sugeriu, passando os polegares pela mão dele.

Jon sacudiu a cabeça.

— De forma alguma. Uma rainha precisa descasar. Você quer me dizer com o que estava sonhando?

Ela franziu a testa. Sor Barristan esteve lá, junto com Sor Willem Darry, o cavaleiro de sua juventude. Eles estavam à seu lado enquanto corria ao longo de um prado, mas ela era mais jovem em seu sonho e menor. Viserys também estava lá, empurrando-a para o prado. Então o chão se transformou em gelo, quando ela caiu, mergulhando profundamente em um lago congelado. Ela viu o corpo imóvel de Jon no fundo do lago, mas quando ela tentou alcançá-lo, seus olhos se abriram com um penetrante azul. Dany não queria preocupá-lo.

— Sonhei com a gente. Além da Muralha — era apenas meia mentira, "O lago congelado".

Ele ficou em silêncio por tempo suficiente para ela se perguntar se ele havia adormecido, mas levou a mão à cabeça dela e a embalou sob o seu queixo, enfiando os dedos pelos cabelos. Sua garganta ficou seca e seus olhos começaram a arder no escuro.

— Eu nunca deveria ter pedido que você fosse lá. — Dany ficou alarmada com a auto-aversão em sua voz. — Eu apenas pensei, se houvesse alguém invencível que pudesse ter nos ajudado naquele momento, teria sido você. Eu não te culparia se você me odiasse depois disso.

— Odiar você? — Ela choramingou — Eu falhei com você. Eu deixei você para morrer...

— Não — sua voz era gentil, mas firme — Você voou para lá para nos salvar. Você arriscou sua vida e seus dragões por nós. Eu deveria ter te mantido bem longe deles em primeiro lugar. Estou feliz que você tenha se salvado. Sem você, este país não tem esperança de sobreviver. Você e seus dragões, não eu.

Coletânea de Traduções JonerysOnde histórias criam vida. Descubra agora