Ajuda

35 4 1
                                    

-Ele disse, que já que você o chama assim, então o nome dele é esse, Donghae.

-Além de mendigo é palhaço... Cruzei os braços me encostando ao batente do corredor. Heechul tinha no rosto um sorriso enorme, olhava para Ryeowook ansioso e às vezes até o apressava, claramente queria saber tudo sobre Donghae. Não que eu não tenha curiosidades, quero saber de que buraco ele veio.

-Pergunta o que ele acha de mim!

Ryeowook fez o que Heechul pediu e Donghae sorriu, um sorriso tão infantil, mas ao mesmo tempo tão penetrante, eu não entendo como alguém que deve ter tido uma vida péssima nas ruas ainda consegue sorrir.

-Ele disse que teve sorte em encontrar você, que você cuida bem dele e que ele é muito agradecido. Esperou que Donghae prosseguisse. -Disse que ele...Apontou para mim. Prestei atencão, Heechul não havia pedido que ele falasse sobre mim, mas mesmo assim ele quis falar, é curioso. Eu não o trato bem, e nem vou mudar minhas atitudes com ele, então porquê se importa? -Ele disse...Que o Hyukjae tem um bom coração.

-Como ele pode dizer isso se nem me conhece direito...Ri balançando a cabeça. Ryeowook aparentemente falou para Donghae o que eu havia dito.

-Ele disse que sente. Não precisa te ouvir, ou conversar com você para isso.  Sente, como sentir se uma pessoa é boa ou ruim sem conhecê-la? É ridículo, é como um julgamento às escuras.

-Heechul, sinto muito mas é que eu tenho que voltar, minha mãe deve estar me esperando. Eu não avisei que passaria em outro lugar antes. A decepção no rosto de Heechul era nítida, Donghae esperava que Ryeowook falasse algo novamente, mas aparentemente Ryeowook só se despediu. Heechul insistiu para que ele volte amanhã, já que é sábado.

-Tchau, Hyukjae.

-Tchau, e obrigado. Falei me encostando à porta. Ryeowook foi embora e entrei novamente em casa. Vi Heechul fazendo alguns gestos para Donghae, apontando para ele para o corredor e fingindo se ensaboar, entendi como um “Vou ali tomar um banho”. Assim que Heechul sumiu de minha vista fui até Donghae. Sungmin passou pela cozinha mas logo voltou para o quarto. Me sentei à frente do garoto.

Eu não lembro muita coisa de libras. Tentei, não sei se falei certo, porém esperei uma resposta de Donghae. Olhei em volta para conferir se Heechul ou Sungmin não estavam vindo, aparentemente não. Donghae só acenou com a cabeça e pegou a caderneta que estava em seu bolso, pensava em desenhar novamente?

Não. Insisti. Apontei para a caderneta balançando a cabeça negativamente. Ele voltou a guarda-la, quero perguntar muitas coisas, mas tem pouquíssimas frases de que ainda me lembro. Talvez eu devesse ter continuado aprendendo junto de Ryeowook no ensino médio, seria útil nesse momento. O que eu posso fazer? Ryeowook só vem amanhã, e Heechul vai atrapalhar tudo, preciso falar com esse garoto sozinho. Só assim vou poder descobrir mais sobre ele e enxota-lo daqui.

Família? Perguntei, o mesmo desviou o olhar, parecia não querer falar sobre isso, como mais cedo, quando Ryeowook o perguntou. Talvez seja desconfiança, talvez não tenha família, ou tem e brigou com os familiares...Mas mesmo que seja algo assim, o que o impede de falar sendo que Heechul o considera tanto que jamais o mandaria embora? Ele tirou a caderneta do bolso novamente, percebi, de relance, alguns rascunhos nos papéis, um lápis médio estava em suas mãos e ele desenhava com calma, uma leveza incrível na mão. Fiquei a observar a ponta do lápis sob a folha e como um desenho começava a tomar forma. Pouco tempo depois ele me estendeu. Um garoto no chão, abraçando os joelhos, e no céu um rosto, de mulher. Quando o fitei ele se inclinou, colocou um dedo sob o rosto da mulher. Seu gesto respondeu minha pergunta muda. -Mãe. Seu dedo deslizou para longe do desenho, seus olhos, normalmente calmos, me pareceram tristes momentaneamente. Não o considero, mas eu não sou um monstro, sei a dor de perder alguém importante, e como isso dói, mesmo depois de anos.

Reeducando o coração Onde histórias criam vida. Descubra agora