Capítulo 8

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- Mãe! – Ouvi uma voz baixa me chamar e passei a mão nos olhos, abrindo-os devagar. – Vamos, mãe! – Ela falou e eu abri os olhos, suspirando.

- Bom dia, querida! – Falei e Ellie deu um beijo em minha bochecha.

- Bom dia, mamãe! – Ela se jogou ao seu lado.

- Hoje é o grande dia? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.

- Você vai, certo? - Abri um pequeno sorriso.

- Vou sim, querida! – Fiz um carinho na sua cabeça e me sentei na cama. – Eu não faria isso com ele. – Ela deu um pequeno sorriso.

- Eu posso ir contigo? – Ela perguntou.

- Claro, querida! – Suspirei. – Vamos se arrumar e tomar café, então?

- Eu vou tomar um banho! – Ela falou e saiu correndo do quarto, me deixando sozinha, encarando a agenda na minha mesa de cabeceira, o dia cinco de novembro havia chego.

Levantei da cama e imitei Ellie, entrei no banheiro, me despi e fui direto para o banho, deixando a água escorrer bem pelos meus cabelos e fazer o cheiro de sabonete subir pelo banheiro.

Voltei para o quarto enrolada na toalha e escolhi uma roupa casual para aquele dia, mas me permiti colocar um par de slippers para aliviar meu pé do uso constante de saltos por um tempo. Passei uma maquiagem adequada para o dia e saí do quarto, seguindo para a cozinha, onde Ellie já estava sentada à mesa, com um copo de suco e um pedaço de bolo do meu aniversário que havia sido na terça-feira passada.

- Ellie, já falei para parar de comer esse bolo.

- Mas vai estragar, mamãe. – Ri fraco.

- Ele já deve ter estragado, era já para ter ido para o lixo. – Ela fez uma careta.

- Opa, tarde demais! – Ela falou, continuando a comer e eu balancei a cabeça.

- Meu Deus! Quero ver a dor de barriga que vai te dar. – Ela riu e continuou comendo. Como Brigite estava de folga hoje, não fiz uma garrafa de café só para mim, me contive com minha máquina de cápsulas mesmo, fazendo um café expresso.

Peguei uma banana e comi antes de jogar o café quente para dentro do corpo, esperando que ele realmente me mantivesse ativa naquele dia.

- Vou escovar os dentes! – Ellie se levantou da mesa e saiu correndo pelo corredor novamente.

Peguei seu prato e copo e coloquei na pia, junto da minha xícara. Joguei um pouco de água e voltei para meu quarto. Escovei os dentes, passei batom, peguei minha bolsa e encontrei Ellie pronta, sentada na beirada do sofá.

- Vamos lá? – Ela perguntou, se levantando prontamente.

- Vamos sim, querida! – Estendi a mão para ela que veio correndo em minha direção.

Saímos do apartamento e não tivemos nem sinal do meu vizinho. Nessas últimas semanas eu o havia visto uma ou duas vezes só, normalmente pela manhã, quando eu estava saindo do trabalho, e ele estava voltando dos comícios e campanhas.

Eu tentava não acompanhar muitas coisas dele. Ele tinha pedido para eu ficar com ele, e eu não quis, então eu não tinha o direito de ficar me remoendo pelos cantos. Eu só tinha que seguir em frente, agir como uma mulher adulta e fingir que isso nunca tinha acontecido e tratá-lo da mesma forma de sempre: com indiferença.

Mas eu acabava lendo nos jornais matinais sobre ele e suas ambições políticas. Parecia que ele estava indo bem. No dia seguinte ao casamento, eu havia ouvido alguns gritos dele e de seu pai, depois também não tive sinais mais do prefeito no prédio.

(I Got the) PowerOnde histórias criam vida. Descubra agora