Capítulo 4: Ligação, Café e... Tom?!

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Embora ainda estivesse confuso em relação aos meus sentimentos, sou obrigado a abandonar meus pensamentos quando ouso meu celular tocando incansavelmente sobre a cama. Ao me aproximar, pude ver facilmente um rosto conhecido na tela, e um suave sorriso aparecendo em minha face enquanto atendia a ligação.

– Marco Diaz, o que posso fazer pela Rainha do Skate? – digo, brincalhão.

– Engraçadinho. – resmunga ela. – Assim até parece que eu só ligo quando quero alguma coisa de você.

– E não é o que você faz? – digo rindo, ouvindo-a bufar do outro lado da linha. – Ah vamos Jackie, não fique chateada com isso, você sabe que estou apenas brincando. Rsrsrs... Mas sério, fiquei feliz com sua ligação, faz tempo que não nos falamos.

– Verdade... Mas tocando no assunto, preciso de um favorzinho seu. – murmura docemente.

– Sabia! Eu sabia que tinha alguma coisa por trás dessa ligação! Do que precisa?

– Então... Hoje haverá um campeonato de skate do outro lado da cidade e, bem, eu acabei me inscrevendo, só que infelizmente o horário não bate com o do Café, e não tem como eu estar em dois lugares ao mesmo tempo, entende? Então...

– Deixe-me adivinhar. Você quer que eu cuide do Café enquanto você participa do campeonato, certo? – adivinho. – Sem problemas.

– Valeu Marco, você é show!!! – ouço ela comemorando do outro lado da linha, quando de repente acabo ouvindo a buzina de um carro ao fundo. – Ei! Cuidado cara! – ela grita.

– Hã... Jackie? Onde você está? – pergunto, provavelmente já sabendo a resposta.

– Estou andando de skate, indo para o local do campeonato, só que um motorista idiota quase invadiu a calçada. – resmunga ela. – Enfim, sabia que podia contar com você Marco! O evento irá durar o dia inteiro, então preciso que feche a loja também, ok? As chaves estão escondidas no vaso de tulipas e as receitas, caso você precise, estão sobre o armário. Alguma pergunta? Não? Ótimo! – exclama ela, animada, nem me dando tempo de responder. – Você é o melhor, fico te devendo uma. Até mais. – e ela desligou.

Maldita, ela sabia que eu aceitaria e já foi sem nem mesmo esperar uma resposta minha. Acabo rindo de mim mesmo ao encarar o celular, me lembrando de Jackie e de como éramos antigamente. Realmente houve uma época em que eu era apaixonado por ela, tanto a ponto de pedir a Star que congelasse o tempo apenas para que pudesse chega à escola a tempo e acenar pra ela. Como eu era bobo.

Jackie realmente era uma garota espetacular, mas conforme o tempo foi passando, vimos que o que sentíamos um pelo outro não seria nada mais nada menos do que amizade. É claro que no começo foi doloroso e difícil, mas nos afastarmos acabou se provando a coisa certa a se fazer.

Enquanto eu cursava marketing e fotografia, ela acabou se especializando em gastronomia e administração. Graças a isso, tenho meu próprio estúdio de fotos enquanto que ela conseguiu montar e abrir seu próprio negócio, e seu Café acabou se tornando um dos melhores lugares de nossa cidade, mas ainda assim, skate é sua maior paixão. E ao nos reencontrarmos, acabamos montando uma pequena parceria, sendo que de vez em quando, eu realizaria algumas jogadas de marketing para ela e em troca ela divulgaria meu trabalho também. É, acabou que estávamos certos, apenas a nossa amizade já era o suficiente para ambos.

Enfim, assim que Jackie terminou a chamada comecei a me arrumar, coloquei minha típica camisa branca e meu moletom vermelho, e apesar de tanto tempo já ter passado, eu ainda prefiro esse velho look. É, algumas coisas nunca saem de moda. Rsrsrs...

Sem mais delongas, olhei as horas em meu celular e o mesmo já dizia que eram 07h30min, já estava quase na hora! Rapidamente, peguei minhas chaves e minha carteira, deixando apenas um bilhete na cozinha, para a Star caso ela precisasse de mim, e me dirigi para fora de casa, sabendo que precisava chegar ao Café pelo menos antes das 8h da manhã.

Meu Querido DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora