8 Letters

Hard, parte 1

                                             Quinta feira. 23:58.

Já tinham se passado onze dias desde o domingo em que beijei Ashley. Ela achava que tinha alguma coisa séria acontecendo entre nós, e foi complicado dizer a ela que eu não queria nada sério. Ela era uma garota muito legal, e eu me senti mal por tê-la beijado apenas para provocar Amy.

Foi algo muito errado, mas incrivelmente bom. Acho que foi por conta disso que nós ficamos mais algumas vezes depois daquela noite.

Eu também acabei ficando com outras garotas. Amy não gostou nada disso, enquanto Ashley simplesmente não se importava.

As coisas entre Amy e Mike pareciam estar ficando séria, de uma forma bem ruim. De repente ele pareceu querer assumir que estavam juntos, para todo mundo. Exibia-a como se fosse um prêmio. Era ridículo.

Ficou ainda mais ridículo quando começou a brigar com ela por coisas idiotas. As brigas passaram a sair do controle, e Amy sempre me ligava chorando, no meio da noite. Como resultado, eu chegava acabado na faculdade, porque passava a noite acordado tentando acalmar ela até ela dormir.
Foram diversas noites em claro.

Era quinta feira, véspera do meu aniversário. O relógio estava a poucos centímetros de marcar meia noite. Foi quando Amy chegou, batendo na porta do meu quarto.

Joguei o lençol para o lado, me sentando na cama e sentindo o chão frio em meus pés. Peguei uma camisa, a vestindo e indo até a porta. A abri, vendo Amy parada do lado de fora, se abraçando.

— Ei... — falei, dando espaço para ela entrar.

Da última vez que isso aconteceu ela se jogou em meus braços, chorando. Já agora, estava mais calma. Na verdade, parecia ter chorado, e muito, porque estava com os olhos inchados.

Ela entrou, sem falar nada. A manga da blusa de frio tampava suas mãos, e ela mordia a beirada do tecido.

— Quer conversar? — perguntei, fechando a porta.

Minha cama ficava embaixo da janela, e eu fui até lá, fechando a cortina. Amy me seguiu, se sentando na beirada do colchão.
Ela negou com a cabeça. Já sabia que seria assim pelo resto da noite. Amy se deitou, e puxou a blusa de frio que usava, a tirando.

Fui até o interruptor, desligando a luz.
Voltei para a cama, me deitando embaixo do lençol. Puxei Amy, a abraçando. Ela se encolheu contra mim, escondendo o rosto contra meu braço.

Era horrível saber que ela estava daquela forma por causa de um garoto.

                                               Sexta feira. 15:02.

Sendo hoje o tão esperado dia dos meus dezenove anos os meninos resolveram que iríamos fazer uma festa, aproveitando que meus pais ficariam fora de casa até amanhã.

Minha mãe estava com o coração na mão de me deixar em casa sozinho logo no meu aniversário. Ah coitada...

As aulas na escola tinham acabado um pouco antes que na universidade, e por isso quando cheguei em casa os meninos já tinham dominado o lugar. Zach estava na cozinha, fazendo algo que não cheirava bem. Daniel estava concentrado no vídeo game, enquanto Corbyn dormia no sofá. Jack dobrava as minhas roupas.
Que?!

Franzi a testa, batendo a porta ao entrar, chamando a atenção dele.

— O que é que está acontecendo aqui? — Joguei minha mochila no chão. Apontei para Jack. — O que você está fazendo?

— Sua mãe pediu pra dobrar as roupas — respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Nem eu obedeço a minha mãe — falei, indo para a cozinha. — Zach, isso não cheira bem.