- vinte e dois -

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Michael se sentia plenamente bem, ele andava de mãos dadas com alguém por um campo de flores pequenininhas e amarelas, a brisa batia em sua pele, contrastando com o calor que irradiava da pele da pessoa ao seu lado. Os dois se sentaram no meio do campo, que não tinha começo nem fim, e Michael pôde ver Luke diante de si.

"Eu te amo." Luke falou e Michael arrancou uma florzinha, a colocando atrás da orelha do loiro, que sorriu. O sorriso mais lindo que Michael já tinha visto.

"Eu também te amo, Michael." Uma voz feminina foi ouvida, fazendo Michael se virar surpreso para Crystal, que sorria.

Michael arrancou outra florzinha amarela e a colocou atrás da orelha de Crystal, acariciando sua bochecha com o polegar e a beijando em seguida.

Ao separar o beijo calmo, Michael ouviu uma fungada vinda do lado de Luke e, quando viu, ele estava no mesmo estado que noite passada. Luke se levantou e começou a correr para longe dele.

"Luke, não!" Michael estendeu o braço tentando alcançá-lo, mas foi apenas em vão.

Não sentia mais a mão de Crystal na sua e quando viu, ela estava correndo para longe dele também, o largando confuso e sozinho no meio do campo de flores, que já não eram mais tão vivas e bonitas assim, na verdade, pareciam estar murchando conforme os dois se afastavam mais e mais.

Michael acordou assustado, seu travesseiro estava molhado de lágrimas e ele sentiu medo, medo que no final as coisas acabassem exatamente como no sonho, ele sozinho, sem Luke nem Crystal. Ele rolou pela cama, tentando voltar a dormir, mas a sensação de solidão não deixava.

oOo

"Michael, vem ver quem chegou!" Karen gritou do andar de baixo e Michael sabia o que aquilo significava, então se levantou e desceu para sala o mais rápido o possível, quase tropeçando em seus próprios pés e caindo da escada.

"Pai!" Michael exclamou ao ver o Clifford mais velho com suas malas em mãos e o abraçou.

Daryl Clifford era um pesquisador muito respeitado, famoso por já ter ganhado vários prêmios com suas teses, ele era mais um dos que tentavam desvendar os mistérios da marca de soulmate. Por conta de seu emprego, Daryl viajava muito, mas sempre voltava para casa com um sorriso no rosto e uma mala cheia de presentes.

"Ah, eu senti sua falta, filho." Daryl o abraçou de volta quando colocou sua bagagem no chão.

"Como foi São Francisco?" Michael perguntou animadamente.

"Foi ótimo, espero poder te levar lá algum dia, mas enquanto eu não posso..." Daryl abriu sua mala no chão, tirando de dentro uma sacola grande e vermelha. "Trouxe presentes!"

Michael soltou um pequeno gritinho e pegou a sacola, que era mais pesada que o normal, ele se sentou no sofá e colocou a sacola no colo, ele a abriu e gritou quando viu o que tinha lá dentro; um PlayStation 4 novinho em folha, já que o seu antigo tinha misteriosamente quebrado enquanto Karen limpava o quarto. Ele abraçou o pai e agradeceu diversas vezes, enquanto sua mente automaticamente pensava em como ele e Crystal poderiam passar as madrugadas jogando juntos agora.

Pensar em Crystal o fez se lembrar de Luke e, consequentemente, seu sonho e toda a situação terrível do dia anterior, no olhar nos olhos do loiro quando ele contou que tinha beijado Crystal, em como ele ficou chorando na calçada por não ter forças para se levantar e em como ele implorava para que Luke saísse na janela, para que ele pudesse vê-lo mais uma vez. Logo toda a excitação pelo presente novo se esvaiu do corpo de Michael.

"Você está bem, filho?" Daryl falou, se sentando ao lado do filho. "O que foi? Não gostou?"

"Não, eu adorei, é só que" Michael suspirou, a imagem de Luke chorando presa em sua memória. "eu queria conversar com você sobre uma coisa."

"Sobre o que?"

"Hum... como eu posso dizer isso?" Michael tentava pensar em um jeito de explicar bem a história, mas não tinha muito o que falar além de 'Acho que estou apaixonado por duas pessoas'. "Tem esse menino, Luke o nome dele, e a gente se deu muito bem desde o momento que a gente se conheceu, eu adoro o jeito que ele sorri, adoro seus olhos, adoro tudo sobre ele desde o primeiro momento e acontece que ele tem minha marca."

"Oh meu Deus! Meu filhinho está crescendo." Daryl fingiu estar chorando de emoção e os dois riram.

"Continuando, eu adoro muito tudo no Luke, mas há uns meses atrás apareceu uma segunda pessoa. Eu gosto muito de passar meu tempo com a Crystal, a gente joga videogame juntos, conversamos sobre tudo e ela é incrível. E ela também tem a minha marca." Michael esfregou a mão no rosto e bufou, aquela situação era muito estressante.

"Olha, filho, em todos os meus anos como pesquisador eu já vi muitos casos e, ao contrário do que a maioria acredita, existem muitas pessoas que não são recíprocas, o que claramente é o caso aqui. Na verdade, uma em cada quinze pessoas não são recíprocas. Nem mesmo a marca é perfeita, sabe?" Michael assentiu silenciosamente. "A convenção de São Francisco era justamente sobre isso, eu acredito que você já saiba quem é sua alma-gêmea, mas ainda não se deu conta por causa da influência da segunda marca em você."

"E como eu sei quem é o certo?" Michael esperava que seu pai o mandasse ir atrás do Luke ou de Crystal, que seu pai tivesse as respostas que ele precisava, mas nem mesmo um dos maiores estudiosos da época podia ajudá-lo.

"Presta atenção em como seu corpo reage à presença de cada um dos dois, em como você pensa neles e o que sente por eles, tipo com quem você se sente mais confortável, quem você procuraria quando estivesse se sentindo mal, essas coisas."

"E se mesmo depois disso eu ainda não souber quem é o certo?" Michael perguntou, ele gostava dos dois na mesma intensidade.

"Bom, aí você vai ter que esperar até as coisas se alinharem e um nome aparecer no seu braço. O que não deve demorar muito, já que você já conhece os dois possíveis."

"Ah sim." Michael respondeu e seu pai o deixou sozinho, indo procurar Karen pela casa.

Durante um momento ele pensou em Luke, pensou em seu sorriso, em suas mãos, em sua teimosia e nas piadas ruins que ele acabava rindo mesmo assim, ele pensou em como Luke era carinhoso, sempre o abraçando e beijando e em como ele adorava quando suas mãos se tocavam não propositalmente e Luke acabava segurando a sua, então pensou em como se sentiu quando Luke falou que o amava, ao lembrar daquilo, Michael sorriu na mesma hora e sentiu um friozinho na barriga, que, mesmo que ele não notasse, esteve lá desde que ele olhou nos incríveis olhos azuis de Luke pela primeira vez.

Então ele pensou em Crystal, em como adorava sua risada e a forma que ela fazia tudo parecer a coisa mais incrível do mundo, em como ela estava sempre animada e em como ele adorava acordar e perceber que já tinha várias mensagens dela. Crystal não tinha dito que o amava, mas era implícito, pois ela tinha sua marca. Os olhos de Crystal não eram como os de Luke, não eram o tom mais perfeito de azul bebê, eram azul piscina, e o sorriso dela não contagiava Michael como o de Luke, não tinha o mesmo poder sobre ele. E ainda que ele não percebesse esses pequenos detalhes, eles eram cruciais, pois demonstravam quem ele amava de verdade.

oOo

Depois desse capítulo que eu adoro pra caralho, venho aqui anunciar que The One está na reta final, faltam menos de 10 capítulos para acabar, eu acho.

Foi incrível escrever essa história e eu adoro muito ela, espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu e que vocês leiam o que está por vir, porque eu ainda tenho muito o que postar essas férias, eu acho, n vou prometer nada, pq pode ser q eu só durma pelos próximos 2 meses.

Beijos, votem, comentem, me dêem amor e biscoito.

The One | MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora