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Melissa

- e então? A senhora conseguiu? - Maria entrega a caneca de café para mim e eu aceno a cabeça agradecendo - tem certeza? - Seguro o telefone com a outra mão e tento prestar atenção ao que Rebeca fala do outro lado da linha - com certeza ele bebeu, eu percebi, mas ja que conseguiu falar com ele significa que está tudo bem agora...bom dia pra senhora também.

Deixo o celular em cima da mesa e olho para Maria.

- você me parece bem preocupada com esse rapaz, é seu amigo?

- Hugo? Não, eu o conheço a pouco tempo, é o genro de Rebeca, é que ontem ele foi até o hospital para conversar comigo...e acabamos discutindo, na verdade todas aa vezes que nos falamos é assim

- e porque tanta preocupação?

- é que ele me parecia perdido...e perturbado, me lembrei de quando era adolescente, eu me sentia exatamente assim, saia para beber e quando o efeito do álcool passava me sentia completamente perdida, sem rumo e sozinha, um vazio na alma, era horrível, como se ninguém no mundo conseguisse me enxergar, e se importasse comigo

- e oque aconteceu para que ele ficasse assim?

- ele perdeu a esposa em um acidente de moto e se culpa pela morte dela

- e você quer ajuda-lo?

- eu ja tentei Maria, tentei conversar com ele, falei que não tinha como prever um acidente e que ele deveria agradecer a Deus por estar vivo, mas não adiantou, ele não consegue entender, e agora está tentando me fazer desacreditar da minha fé

- você não está com raiva dele está? Se estivesse não estaria procupada

- não tenho raiva dele, só estou me sentindo frustrada por não saber como ajuda-lo

- Melissa você não tem poder para curar as feridas da alma de ninguém, o único que pode ajuda-lo é Deus, mas se quer um conselho, acho que vocês não se encontraram por acaso, talvez Deus tenha permitido isso para que você possa ajuda-lo a se encontrar com Ele

- eu ja pensei sobre isso e sinceramente cheguei a conclusão de que se for isso, não estou conseguindo um bom resultado, ele parece odiar o modo como eu tento ter fé, as coisas que eu falo, Hugo parece não me suportar

- talvez você esteja enganada, ele foi procura-la não foi? Isso significa alguma coisa

Ela termina de secar o último prato e deixa o pano sobre a cadeira. Depois passa por mim e coloca a mão em meu ombro.

- faça oque sentir que seja melhor, mas não se esqueça que apesar de existirem pessoas complicadas no nosso caminho, nem sempre a solução é manter distância, as vezes precisamos nos aproximar delas - ela se afasta e sai da cozinha.

Me levanto e faço seu caminho até a porta de entrada.

- você acha mesmo que eu deveria me aproximar? ele é tão complicado...

- você também era não era? E pelo que sei sua mãe nunca se afastou - ela abre a porta mas antes de sair se vira novamente - não me entenda mal, não estou dizendo para bancar a babá desse homem, não o conheço então não sei se é alguém confiável, só estou falando que nem sempre devemos nos afastar de pessoas que parecem ser problemáticas

Ela fecha a porta me deixando sozinha na sala. Olho para a porta e depois para o relógio na parede.

- ah não!

Estou atrasada e com fome.

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- com licença...licença... - peço licença pela milésima vez para poder chegar no balcão de atendimento.

INFINITOOnde histórias criam vida. Descubra agora