Introdução- Sophie

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O barulho de um celular tocando me fez abrir os olhos. Me virei, tateando com a mão o outro lado da cama à procura de Thomas. Me levantei quando percebi que ele já havia levantado e, logo depois, sorri ao sentir um cheiro delicioso de café vindo da cozinha.
Desci as escadas, me dirigindo até lá, onde o encontrei preparando o nosso café da manhã. Me aproximei dele, dando um beijo na sua bochecha:

-Bom dia, Soph. Está com fome?

Assenti com a cabeça e peguei um prato, entregando o mesmo logo a ele.

Fui para a sala para me sentar.
Depois de alguns minutos, Thomas apareceu na sala com os dois pratos na mão e me entregando um deles, exibindo aquele sorriso sincero que eu amava tanto. Começamos a comer em silêncio, mas ele logo me perguntou:

- vai dormir em casa hoje?
Balancei a cabeça em sinal negativo enquanto mordia um pedaço de bacon.

-não, hoje eu irei dormir na minha mãe.
-Ela ligou?
-Disse que não queria ficar sozinha essa noite.
-tudo bem, então vamos ficar em casa hoje?

Olhei para TV e pensei:

-o que acha de vermos um filme?

Ele se levantou e pegou os pratos.

-parece uma boa.

O observei enquanto andava de volta para a cozinha. Logo coloquei um filme de ação e esperei por Thomas para começar.

Começamos a assistir juntos, em silêncio. Era possível sentir sua mão envolvendo a minha por baixo do coberto que estávamos usando.

Perto da metade do filme, olho de relance e sorrio ao perceber que ele já havia dormido. Sem dar muita importância, termino de assistir e desligo a TV, deixando ele deitado no sofá, pois sabia que ele não iria acordar tão cedo.

Vou para a cozinha preparar logo o almoço. Já eram quase duas horas da tarde quando terminei de comer e subi as escadas para trocar de roupa, colocando uma blusa vermelha e uma calça jeans. Ao sair de casa, deixo um bilhete na cozinha avisando que já havia ido para a casa da minha mãe

No caminho, recebi uma ligação dela, e atendi logo no primeiro toque:

- Oi. Eu já estou chegando.

-eu só liguei para te avisar que não estou em casa.

-o quê? Mas você não tinha pedido para eu ir aí?

-Ah, eu sinto muito querida, mas vamos deixar para outro dia.

E ela desligou. Respirei fundo e decidi que, ao invés de voltar para casa, ia ao shopping para passar a tarde.

Passei o resto da tarde comendo pizza e sorvete.
No final da tarde, fui numa livraria e fiquei um bom tempo escolhendo alguns livros. Quando olhei o relógio, já eram 19 horas, então peguei os dois livros que havia escolhido e fui para o estacionamento.

Ao  destrancar o carro, vi Thomas do outro lado do estacionamento, apenas a alguns metros de distância. Franzi as  sobrancelhas , pois ele havia  me dito que ficaria em casa o dia inteiro.

mesmo assim, sorri e  comecei a andar em sua direção, e foi quando percebi que ele  não estava sozinho e sim abraçado com uma garota.
Admito que a ficha demorou um pouco para cair. Só depois de alguns segundos, quando eles se beijaram, que eu entendi o que estava acontecendo. Sem saber o que fazer, entrei no carro e saí de lá o mais rápido possível.

Dez minutos depois, cheguei em casa e fui direto para o quarto, trancando a porta.
Me sentei na cama, sem expressão. Tudo o que eu queria era esquecer aquilo. Deitei e fechei os olhos, na esperança de que isso fosse apenas um sonho.
Fiquei horas me revirando, pensando no quão idiota eu havia sido. Nós estávamos juntos há três anos. Ele sempre foi o cara perfeito, bonito, inteligente, engraçado, carinhoso. Até agora. Não podia suportar a ideia de continuar morando com ele. Levantei da cama e olhei em volta. Tudo ali era nosso, não meu, não dele, mas nosso. E eu sabia que "nós" não existia mais. Não aguentava mais.

Saí de casa, a pé, e comecei a andar, eu queria chorar, de verdade, mas as lágrimas não desciam. Eu reparava na rua pouco movimentada, tentando desesperadamente pensar em outra coisa.
Parei ao ver um grafite feito em um muro bem ao meu lado. Fiquei surpresa, pois eu havia visto essa imagem em um sonho, há um tempo atrás.

Depois de um segundo, olhei para cima e senti um baque. Eu estava no chão, dessa vez literalmente. Alguém havia caído em cima de mim. Era uma garota.
Quando ela me ajudou a levantar, não pude evitar de perguntar:

-foi você que fez isso?

-sim, por quê?
-porque eu conheco essa imagem.

Ela arregalou os olhos e me perguntou como. Mas nesse momento, uma batida nos interrompeu. Nos viramos a tempo de ver o carro na rua ao lado batendo numa menina que estava atravessando a rua.

As asas da quimeraOnde histórias criam vida. Descubra agora