no one will stop you

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Bipolaridade. Depressão. Problemas com raiva. Palavras simples, que carregam significados absurdos para a vida de uma pessoa. Para Michael, ser diagnosticado foi tão libertador quanto apavorante. Ouviu a vida inteira que não tinha nada de errado com ele, tudo que ele fazia era por vontade própria; e descobrir que seu cérebro era parcialmente fodido foi estranhamente um alívio. Michael tinha esperanças de que podia melhorar.

Inicialmente ele não queria tratamento, passava as noites na cadeia de Melbourne como se fosse natural, esperando Oliver chegar pela manhã e pagar sua fiança. Mas em uma semana que o amigo teve uma overdose e não pode ajudá-lo, Clifford ficou preso e foi submetido a tratamento obrigatório. E então veio o seu veredito.

Bipolar. Depressivo. Crises de raiva e ansiedade.

Michael quebrou tudo o que conseguiu em sua pequena cela, xingou todos os nomes que lembrava, arrancou quase todo seu cabelo descolorido. Mesmo assim, foi obrigado a tomar os medicamentos receitados e a participar das sessões de terapia até Oliver buscá-lo.

Não demorou para que Clifford sentisse uma leve diferença nos seus pensamentos e ações nos próximos dias, e quando finalmente foi solto, seu único desejo era voltar para Sydney e consertar tudo que bagunçou. Começando por si mesmo.

E então aqui está Michael, esperando por sua primeira sessão com a psiquiatra de sua cidade natal, segurando a mão de Awsten em busca de conforto.

E Awsten, como estava animado por ter o amigo de volta. Os problemas de Michael o fascinam, e ele precisa ver até onde o mais velho chega, quer deixar Michael no seu limite. Em sua cabeça, o descolorido não precisa de tratamento nenhum, e sim deixar sua natureza desiquilibrada levá-lo. Talvez o maluco aqui não seja Michael.

"Michael?" O mesmo sai de seus devaneios, encontrando uma loira sorridente que não via a muito tempo.

"Hayley, o que faz aqui?" Ele pergunta levantando e puxando a garota para um abraço.

"Eu me trato aqui. Depressão e essas coisas." Ela sorri novamente, para a surpresa de Michael.

Ele sempre viu Hayley como uma pessoa feliz, que não se deixa abalar com nada, alguém que vê sempre o lado positivo. Não consegue imaginar a loira tão triste. Realmente, nós nunca realmente conhecemos ninguém.

"Ela mandou você entrar querido, boa sorte." Com um abraço final, a loira se retira e Michael respira fundo e entra na sala com a porta aberta.

"Olá, eu sou Rose. É um prazer Michael." A senhora sorri, apertando a mão do adolescente.

Michael gosta dela. Ela gosta de conversar, deixando que ele fale minimamente e somente reflita sobre a vida. Eles conversam sobre coisas supérfluas, como a escola e Awsten,mas assim como Michael temia; a mulher precisava aprofundar os assuntos.

"Me conte um pouco sobre sua família, Michael." A mulher pergunta olhando para o fundo de seus olhos. Clifford sabe que esconder seus problemas é um desperdício de tempo.

"Meus pais morreram quando eu tinha doze anos. Nossa casa pegou fogo no meio da madrugada, e meu irmão mais velho me acordou e conseguiu me tirar da casa antes que tudo piorasse. Como um dos meus irmãos já tinha vinte, conseguiu a minha guarda e a do meu outro irmão." Ele explica, "Eu sei que parece absurdo, mas além da tristeza também senti um pequeno alívio por meus pais não estarem mais aqui, eles eram horríveis. Espancavam meus irmãos e eu por qualquer coisinha, nos deixavam sem comida, lembro de uma vez em que minha mãe trancou Alex em seu quarto por três dias. E além disso eram extremamente homofóbicos, e não aceitavam que dois de deus filhos eram gays. Quando fui morar com os meus irmãos, achei que tudo melhoraria." Ele desabafa, contando tudo que nunca contou nos mínimos detalhes.

"E as coisas não melhoraram?" A mulher pergunta, levemente chocada com o quão aberto o garoto é.

"Não. Tyler era tão controlador quanto meus pais, eu e Alex não podíamos sair de casa se não fosse para a escola, e ele nunca se importou com o fato de que eu sempre voltava chorando ou surrado de lá. Sempre sofri bullying e ninguém nunca me ajudou, e lembro de ser um garoto de quatorze anos que só queria morrer. Isso durou até Alex fazer dezoito anos e ir morar com o namorado, me levando junto. Achei que aquela era a hora em que eu seria feliz, mas o sentimento nunca veio. Meus irmãos brigavam toda hora querendo se livrar de mim, cansados de ter que cuidar de um adolescente que só se metia em encrenca. O único que tinha algum interesse pela minha vida era Jack, mas mesmo assim sempre me senti completamente solitário. E tudo que eu queria era morrer. Até eu conhecer o Lu." Em meio as lágrimas, um sorriso apareceu no rosto do garoto ao lembrar-se do loiro.

"Luke seu ex namorado?" Rose pergunta.

"Ele era minha única fonte de felicidade. Minha vida era uma merda, ainda é, mas quando estava com ele, nada importava. Ele foi a única pessoa que se interessou por mim pelo que eu sou, passava horas deitado comigo quando eu estava triste, limpava meus machucados quando eu me metia em brigas, me amava como ninguém nunca amou. E acho que me tornei possessivo e controlador porque queria aquele sentimento bom para sempre, queria estar com ele o tempo todo para sentir algo bom. Até que tudo explodiu na minha cara, e eu o deixei escapar. Agora eu entendo que minha felicidade não deve ser baseada em somente uma pessoa, que não posso me apoiar totalmente em alguém e esperar que me consertem. "

"Eu fui completamente destrutivo para o Lu, e tenho medo de que seja sempre assim. Que eu seja como o resto da minha família, como uma maldição. Cresci cercado por violência, fosse em casa ou na escola, e foi isso que sempre usei para sobreviver, mas não posso mais fazer isso. Parece que o quanto mais eu tento fugir desse destino, mais próximo dele eu fico." Clifford chora, recebendo um carinho reconfortante da doutora.

"Michael Clifford, você nunca será como sua família. Você procurou por ajuda, e pelo que sua psicóloga em Melbourne me contou, já fez um enorme progresso. Você reconhece seus defeitos e fraquezas, e enquanto continuar com sua atitude positiva, posso dizer que ninguém vai conseguir pará-lo."

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olá!!

espero que entendam um pouquinho do passado traumático do Michael, e vejam o progresso dele.

e finalmente diagnosticaram esse garoto,
demorou mas chegou.

vocês estão gostando? é muito importante pra mim saber o que vocês acham, o que vocês querem.

deixem uma estrelinha se gostaram :)

até o próximo capítulo,

Isabela.

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