Crossing (Larry AU)

Agora

O som inconfundível de chamada no Skype ecoou pelo quarto do hotel. Harry olhou para a tela do computador e viu que era Kendall, então sorriu graciosamente, ajeitou o cabelo e respondeu a chamada de vídeo.

"E aí, californiano?" ela o cumprimentou. "Ainda não se cansou da costa oeste?"

"Você nem sabe..."

"Claro que eu não sei! Você nunca mais me contou nada!"

"As coisas tem sido tão corrido. Eu estava planejando te dizer quando voltasse, mas... talvez eu não volte".

"Hã? Como assim?" Kendall perguntou rapidamente em uma voz aguda. "Não mexe comigo!"

"É sério", Harry ria. "O que acontece é que: eu consegui um emprego!"

"Um emprego de quê, limpador de vidro? Ou tu vai entrar pra prostituição?"

"Muito engraçado. É um emprego num bar. Adivinha como o quê?"

"Degustador que não é", brincou ela.

"Cantor!"

Kendall soltou um grito e sorriu super empolgada, brincando sobre estar mentindo. Ela queria muito poder abraça-lo agora, mas como não poderia, ela abraçou o computador. Harry não parava de rir.

"É, mas eu ainda nem te contei a melhor!"

"Tem mais? Ai, meu Deus. Segura minha mão".

"O pessoal da universidade... eles reconsideraram e me chamaram pra uma nova entrevista!"

"Como?? E você vai?"

"Eu vou falar com eles, de repente mudar de curso, se puder".

"É bem capaz", Kendall comentou, "afinal, se você tem pontos o suficiente pra cursar medicina, tem pontos suficiente pra praticamente qualquer curso!"

"É", Harry assentiu sorrindo.

"Mas como foi isso? Do nada bateu a louca?"

"Não..." agora vinha o momento mais difícil para Harry: falar de Louis. "Foi o Louis. Ele foi lá e deixou meu currículo com o reitor".

"Louis? Está me dizendo que o babaca te conseguiu uma segunda chance?"

Kendall não sabia que era por causa dele que Harry havia perdido a primeira chance para início de conversa. Até agora ela ainda pensa que Harry perdeu a entrevista porque ele não queria fazer medicina, então desistiu em cima da hora.

"Pelo visto, ele não é tão babaca assim", comentou Harry.

"Estão falando de mim?" apareceu Louis.

"Tá vendo? Ele sabe que 'babaca' é o primeiro nome dele!" disse Kendall.

"Na verdade, você devia ser mais simpática comigo agora que..."

Harry deu uma cotovelada em Louis antes que ele pudesse prosseguir.

"O que foi?" Kendall ficou curiosa. Louis pensava que Harry já tivesse contado a ela, mas ainda não. Bom, chegou o momento.

"Erm..." Harry estava nervoso. "Você sabe que Louis e eu éramos muito amigos na infância, não é?"

"Pelo amor de Deus, aonde que isso vai chegar?" Kendall estava começando a ficar nervosa também.

"Então... acontece que... nós resolvemos nossas diferenças... E... nós meio que..." entrelaçou seus dedos aos dedos de Louis e mostrou à câmera ao dizer: "...estamos juntos agora".

Kendall abriu a boca, deixando o leite e os cereais matinais coloridos que estava comendo caírem sobre seu colo e ficou calada por cinco segundos até explodir e gritar:

"Vocês estão fodendo!???"

"Bom, eu acho que ela aceitou muito bem", comentou Harry depois de desligar a chamada após meia hora explicando a Kendall como tudo aconteceu.

"Tudo bem, ela vai aceitar os fatos depois", comentou Louis enquanto abotoava uma camisa social.

"Por que tão chique?" estranhou Harry. "Não precisa ir assim. Nem minha mãe vai assim!"

"Eu sei. Você vai para a sua entrevista... e eu vou para a minha".

"Hã?" estranhou mais ainda.

"Eu fui chamado para uma entrevista de emprego. Se tudo der certo, só precisaremos de uma casa".

"Como assim, Louis? Eu não tô entendendo", Harry não sabia se franzia o cenho ou se sorria.

"Hazz", segurou as mãos dele, "eu sei que tínhamos decidido que eu voltaria de carro com sua mãe, mas... vamos combinar, a viagem não será a mesma com ela", ambos riram. "Além do mais, não tem nada naquela cidade pra mim se não tiver você. As coisas só tinham graça porque você estava nela, então... eu quero ficar", apertou as mãos de Harry. "O que eu quero dizer é que: eu decidi ficar".

"Você decidiu ficar em Los Angeles?" Harry ainda estava embasbacado.

"Não, bobo... eu decidi ficar com você".

Naquele mesmo dia, mais tarde, quando ambos já haviam saído de suas entrevistas, eles se encontraram na praia para falar sobre elas e para conversarem sobre suas novas vidas, mas não falaram do futuro. Brincaram na areia da praia e se molharam na água salgada, mesmo em trajes formais, e sentiram como se tivessem nove anos outra vez.

Quando escureceu, e as estrelas apareceram, eles agradeceram. Dessa vez não fizeram nenhum desejo para o futuro; eles disseram adeus para o passado sem qualquer ideia de onde o destino os levaria, pois tudo que eles tinham era o agora e, agora, eles tinham um ao outro.