Crossing (Larry AU)

E o Peso das Escolhas

De todas as fichas que ele poderia apostar, de todas as chances que ele poderia perder, de todas as oportunidades que ele poderia ter e de todas as escolhas que ele poderia fazer, ele fez aquela que mandou seu coração, não a razão. Ele deu as costas à universidade e ele foi para casa encontrar sua esposa grávida para dizer a ela que eles dariam um jeito em tudo.

Agora mesmo, Harry se viu na mesma situação em que seu pai esteve anos atrás e, embora soubesse de todas as consequências de seu ato, ele fez a mesma escolha.

"Você tem tanto dele", Harry ouviu em sua mente a voz de sua mãe. Era o que ela dizia para ele quando estava com os olhos marejados morrendo de saudade do marido.

Então Harry respirou fundo, levantou-se da cadeira segurando firmemente sua pasta, seus papéis, seus documentos, e caminhou sem olhar para trás. Ainda conseguiu ouvir a secretária chamando por ele quando já estava no corredor, mas nem isso o fez voltar atrás. Ao invés disso, ele correu para o carro e depois correu ao encontro de Louis.

A chuva já estava bem fraca quando Harry encontrou Louis tremendo de frio em um ponto de ônibus, buscando abrigo, mas o menino ainda estava bem ensopado. Ele tirou uma alça da mochila ao ver Harry e deveria sorrir por ver que ele escolheu voltar por ele, mas não conseguia.

"O que aconteceu?" perguntou Harry preocupado quando Louis jogou a mochila dentro do carro e entrou no banco de trás. Não houve resposta. O garoto ensopado apenas se deitou abraçando as pernas e tentou controlar o queixo que batia pelo frio. Os olhos seguiram abertos durante todo o trajeto.

Estava atônito, indiferente. Não prestou atenção em nada. Apenas seguiu Harry pelo hotel quando eles chegaram lá e, assim que chegou ao quarto, deixou sua mochila cair no chão e foi para o banheiro.

Harry não sabia o que fazer, mas sabia que precisava conversar com ele. Então, ele esperou Louis sair do banheiro para fazer isso. E esperou, e esperou e esperou até se cansar. Não havia barulho nenhum no outro cômodo, o que o preocupava um pouco.

Decidiu então bater na porta e, ao fazer isso, descobriu que a mesma estava aberta. Louis estava encolhido dentro da banheira, chorando copiosamente e, ao mesmo tempo, tentando abafar as lágrimas e o som. Harry se sentiu impotente diante da imagem e se perguntava o que poderia ter acontecido de tão ruim. Não deixaria Louis assim, não poderia, ele queria de todas as maneiras trazê-lo um pouco de conforto.

"Estou bem", Louis disse assim que notou a presença de Harry e rapidamente limpou as lágrimas, embora seus olhos estivessem muito vermelhos. "É sério, eu estou bem", insistiu quando viu que Harry não se retirou.

"Essas lágrimas não parecem ser de emoção", Harry falou baixinho e colocou um pé dentro da banheira, depois outro, e se abaixou até estar sentado ao lado de Louis. Seus braços automaticamente foram projetados para frente buscando acolher o outro de alguma forma, mas foi rechaçado.

"Não me toque, Harry, eu já tô chorando!"

Engoliu em seco e, sem saber o que fazer, perguntou baixinho: "Como foi com o seu pai?"

Por um longo minuto, Louis apenas ficou quieto buscando acalmar sua respiração. Assim que reuniu forças, ele respondeu com a voz trêmula e um pouco rouca: "ele disse... que eu não deveria ter vindo. Eu perguntei por que ele foi embora e ele disse..." Louis falava de forma lenta e pausada, como se precisasse tomar força a cada palavra, "...ele disse que queria esquecer de nós dois; que era pra eu ser um aborto", dito isso, Louis não conseguiu mais se controlar e desatou em lágrimas novamente.

Os olhos de Harry se arregalaram com o que ouviu e seu coração doeu. Ele sentiu tanta raiva do pai de Louis, mas por agora apenas procurou acalmar e acolher o menino. Ele o tomou em seus braços e apertou com força, sentindo-o todo molhado, mas sem se importar muito. Sem se importar com as lágrimas em seu braço. Somente queria vê-lo bem, então ele ficou abraçando e acariciando ele até ele se acalmar. Dessa vez, não houve rechaçamento.