Veritas laborare potest, vinci non potest
(A verdade é manca, mas chega sempre a tempo)
Windsor, Estado Inglês
EsIn, 06 de Julho de 999 NE
Escritório do Rei, Palácio de Windsor, EsIn
Charlotte Alexandra Louise Tudor Windsor
REVIREI OS OLHOS PELA VIGÉSIMA VEZ. Meu pai não demostrava qualquer reação. Minha mãe olhava para mim com sua carranca matinal, Mary parecia não prestar atenção, Nicollas continuava na mesma de sempre. Meu conselheiro batia os dedos no tampo de mármore branca e eu só olhava a expressão de cada um deles.
Minha mãe olhou brava para meu pai, que fez um gesto que a calou. Eu sabia o quanto eu estava ferrada, provavelmente meus pais me trancariam aqui por mais uma eternidade e depois, só depois disso, eu poderia ver a luz do sol.
Talvez eu estivesse exagerando, mas eu sei o quanto eles eram rigorosos.
- O que você tinha na cabeça, Charlotte? - meu pai mantinha sua voz calma.
Bom, se vocês parassem de me prender nesse inferno.
- Eu queria pensar.
- Podia pensar no Castelo.
Revirei os olhos mais uma vez. Meu pai pareceu pensar, e me olhou indiferente.
- Eu devo ser o pior pai do mundo. Eu te dou o mundo, Charlotte. Você tem as roupas mais caras do mundo, as jóias que você quiser. Mas sabe qual é o seu problema? Você se acostumou a ter tudo. Olhe pra sua irmã, ela não será a futura governante desse Reino, mas ela sabe muito mais que você. Sabe por quê? Por que diferente de você, ela se preocupa. Você só liga pra si mesma, é egoísta. Olhe seu irmão, ele não tem qualquer chance de chegar ao poder, mas ele ainda sim se preocupa. Chega na aula pontualmente, nunca erra. Você não precisa ser perfeita, longe disso. Eu quero uma filha que se importe com o que ela deve fazer. Então me escute muito bem. - ele semicerrou os olhos pra mim, enquanto todos permaneciam calados. - Você está proibida de sair do seu quarto. Você quer viver no seu mundo? Ótimo. Você vai ter seguranças te observando até comer. Você agora vai viver dentro do seu próprio mundo, e só vai sair para a sua coroação. Agora você pode ir embora, não quero ouvir uma reclamação sobre você pelos próximos dias ou eu te tiro da linha de sucessão e te mando para o lugar mais distante que eu puder.
Eu sabia que estava ferrada mas meu pai tinha sido arrogante. Eu segurei as lágrimas o quanto eu pude, mesmo que eu não conseguisse sustentar o peso de minhas próprias pernas.
Levantei o mais rápido que pude e sai andando até a porta. O guarda fez o sinal de continência e apertou o botão, que destravou e fez a mesma abrir.
Um grupo de aproximadamente dez homens me seguiu ate meu quarto. Dois permaneceram do lado de fora, e o resto, se espalhou pelas janelas, porta do banheiro e closet. Eu não tinha escolha, então eu deitei na cama e pedi para alguém trazer toda a papelada até meu quarto.
Depois de algum tempo eu já estava irritada. Os papéis pareciam se multiplicar em minha mesa, e nem meus preferidos papeis de conta pareciam acalmar minha raiva. Meu pai sempre fora doce e delicado, como uma atitude minha havia o deixado arrogante?
Só parei de ficar apenas olhando para parede quando de repente todos os guardas bateram continência e saíram, dando espaço para outros. Junto com ele, meu novo amigo adentrou meu quarto, sorrindo. Mas assim que me viu, chorando e com tantos papéis em volta, ele correu em minha direção.

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Verão
Teen FictionDurante anos o mundo esperava uma guerra. Embora muitos temessem-na, foi impossível para-la. O rumo do mundo foi decidido depois da Terceira Guerra Mundial, que mais tarde ficaria conhecida como Era das Cinzas. A Velha Era foi marcada por erros, me...