O SOL do fim de tarde se refletia nas águas do mar, criando luzes que ofuscavam os olhos.
Samara estava pensativa, sentada na areia, observando as ondas que quebravam na praia. Não entendia a partir de que momento tudo tinha começado a dar tão errado na sua vida.
Ryan se aproxima e, com cuidado, senta-se do seu lado. Ela não se volta para fitá-lo. Permanece apenas olhando o vai e vem das ondas.
- Eu nunca tive um pensamento muito derrotista. Mas tô começando a acreditar que nada tá dando certo pra mim ultimamente.
O médico respira fundo, com um semblante fechado.
- Para com isso... Não fala assim...
- Sério... para pra pensar. Parece que tá tudo de cabeça pra baixo. – Ela começa a enumerar. – Eu perdi minha mãe, não consigo trabalho na minha área, o único trabalho que consegui, alguém dá um jeito de me tirar, e eu ainda tenho que pagar uma infinidade de contas.
Ryan fica pensativo. Estava odiando tudo o que estava sentindo naquele exato momento. Milton tinha razão: estava se corroendo com a dúvida. Sentia uma raiva imensa por não saber quem Samara era de fato. Sentia medo de que, de novo, tivesse sido enganado. Sentia-se um idiota por ter acreditado que ela pudesse ser honesta.
Ao mesmo tempo, embora fosse contraditório, Ryan também se sentia culpado por não ajudar Samara, pelo menos no aspecto financeiro. Mas, quanto a este último quesito, não havia muito o que fazer. Ele estava testando a meteorologista. Precisava ter certeza de que ela era sincera, de que não era interesseira. E não conseguiria isso oferecendo dinheiro. Não mesmo.
A não ser que... a não ser que ele oferecesse ajuda e esperasse a reação dela. Sim. Isso poderia fazer. A oferta de ajuda seria como uma das etapas do teste. Se ela aceitasse, estaria reprovada nessa etapa.
Ele começa a ficar nervoso. Se fizesse isso mesmo, e ela respondesse que aceitaria a ajuda dele... não! Não queria nem pensar. Não queria que ela fosse reprovada: essa que era a verdade. Mas, essa história do roubo do cordão também poderia ser encarada como uma fase do teste. E, nessa fase, Samara tinha sido reprovada.
Instintivamente, Ryan queria acreditar que Samara estava sendo injustiçada nessa questão. Porém, apesar de estar junto dela nos últimos dias, não confiava nela tão cegamente. Não tinha certeza absoluta de que não era ambiciosa. Na verdade, ele temia que sua imensa vontade de que Samara fosse honesta e digna estivesse deturpando o seu modo de enxergar as coisas.
Mas, oferecer dinheiro, naquele momento, poderia ser um teste interessante, embora Ryan também se sentisse muito angustiado por submetê-la àquilo.
Sem se martirizar mais pensando nisso, ele joga a armadilha.
- Sam... eu posso te ajudar... – Ele começa a falar, incomodado. – Se quiser, eu... eu posso te ajudar com algum dinheiro.
Ela o encara, indignada.
- Nem pensar! Você me disse que tava precisando de dinheiro! Quer até vender o carro por isso! Além do mais, eu nunca aceitaria!
- Mas, Sam...
Ela nem o deixa continuar.
- Não, Ryan! De jeito nenhum! Isso tá fora de cogitação!
Ele suspira. Estava aliviado. Pelo menos, em parte. Ela tinha passado naquela etapa do teste. Mas, logo na sequência, o alívio deu lugar à culpa. E Ryan sentiu-se muito mal por estar testando Samara. Não demorou muito, a dúvida acabou retornando e prevalecendo. E se ela estivesse tentando fingir que era honesta, já que o roubo do cordão era um fato contra si?
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Quando o Amor Acontece (Degustação)
Любовные романыRyan Lacerda sabe que ninguém pode ter tudo nessa vida. Rico e com uma carreira de sucesso na medicina, ele já tinha se convencido de que o amor não era pra ele. No passado, tinha pagado caro por seu comportamento impulsivo e por confiar cegamente e...