Prólogo

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PASSOS apressados ecoam ao longo do corredor do Hospital Trindade. Aflita, Samara chega à recepção e pergunta por uma paciente. Antes que pudesse receber qualquer resposta, um senhor baixo e gordo, usando um jaleco branco, toca-lhe o braço, fazendo-a se virar.

- Doutor Monteiro, pelo amor de Deus! Fale que não é verdade!

- Lamento muito, Samara. Nós estávamos progredindo, mas essa mudança repentina no estado de saúde dela...

- Por favor, eu preciso vê-la...

- Claro que sim. Mas primeiro, venha comigo. Eu preciso lhe explicar como será daqui pra frente.


RYAN Lacerda, geriatro, examina a pressão de uma paciente.

- Está tudo bem agora, dona Carlota. Foi apenas um susto.

- Ah, meu filho! Se não fosse por você...

Ele sorri. Senta-se em uma cadeira atrás de um birô e escreve em um receituário.

- O remédio é o de sempre. Peço que a senhora siga as minhas recomendações à risca ou... – Brinca. – ...será obrigada a me suportar novamente antes de duas semanas.

- Isso não seria nenhum sacrifício. Acho até que vou piorar de propósito!

Carlota dá uma piscadinha. Ryan sorri, balançando a cabeça negativamente. Estende-lhe a receita.

- Foi um prazer revê-la, dona Carlota. Tenha um bom dia e, por favor, cuide-se.

Ele aperta a mão da idosa, que lhe retribui um sorriso aconchegante. O médico a acompanha até a porta.

- E as namoradas, doutor? Deve haver uma fila de mocinhas para cortejá-lo.

Ele abre um sorriso.

- Até onde eu sei, a missão de cortejar é do homem. Estou errado?

- Erradíssimo! Querido, hoje em dia, as mulheres é que estão atrás dos homens! E com razão! Tempos modernos... com tanta mulher no mundo, as que conseguem um marido ganham na loteria.

Ryan ri.

- Ainda mais um marido como o doutor! Juro que se eu ainda tivesse uma filha solteira, já teria arrumado um jeito de casá-la com você.

- Eu fico lisonjeado, dona Carlota. Mas, infelizmente, as mulheres de hoje não são mais tão honestas como suponho que sejam suas filhas.

- Lá isso é verdade! São todas aproveitadoras, interesseiras! Agora entendo porque o doutor ainda está solteiro.

- Eu adoraria conversar um pouco mais com a senhora, dona Carlota, mas tenho que atender outros pacientes. Perdoe-me.

- Só se você aceitar meu convite para tomar um chá lá em casa.

- Está bem. Irei se a senhora seguir as minhas orientações.

- Negócio fechado. – Finaliza, sorrindo.


POR UMA janela de vidro, Samara observa a mãe inconsciente, em um dos leitos da UTI. Doutor Monteiro, do seu lado, preserva o silêncio.

Samara não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não fazia nem uma hora que tinha saído do hospital apenas para comer alguma coisa. E, de repente, tinha recebido a ligação, comunicando sobre a piora no estado de saúde de sua mãe.

Quando o Amor Acontece (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora