RYAN não conseguia acreditar no que Samara tinha acabado de falar. Precisou piscar várias vezes para ter algum tipo de reação.
- O que? – Ele consegue balbuciar, ainda pasmo.
- Ele tinha umas economias e me emprestou. – A moça explica.
- Como assim?
- Eu vou te contar tudo do começo. Primeiro, eu liguei pra ele, pedindo pra ele vir até aqui...
O APARTAMENTO de Ryan Lacerda era amplo e confortável. A decoração, tipicamente masculina, mesclava tons de azul, branco e marrom.
Sempre após um dia de trabalho, o médico gostava de tomar um longo banho e ficar à vontade, descalço e apenas de short. Às vezes, lia um livro ou assistia a algum filme. Mas, naquela noite, não queria fazer nada disso. Algo o incomodava, e ele precisava se desligar um pouco da sua rotina.
Ryan se aproxima do bar, que compunha a sala de estar, e serve-se de uma bebida. Prova um pouco do gosto amargo e repõe mais líquido no copo.
A campainha toca. O médico caminha até a porta e abre-a, sustentando o copo de bebida em uma das mãos.
- E aí? Vamos dar uma volta? – Milton esfrega as mãos, animado.
Ryan dá um sorriso zombeteiro e aproxima-se do barzinho novamente. Milton fecha a porta e se junta ao amigo.
- Tenho que trabalhar amanhã, Milton. E até onde eu sei, você também.
- É só um drinque em algum bar, ver umas garotas...
- Bom, posso resolver seu problema quanto à bebida... Não quer me acompanhar?
Ryan exibe o copo ao amigo. Este estranha.
- Você bebendo a essa hora? Em casa e sozinho? Aí tem... o que aconteceu?
O médico de olhos azuis sorri.
- Eu só quero relaxar um pouco... Que tem demais nisso?
- Algum problema com os recibos da mãe da Samara? – Pergunta direto.
- Não... tudo em ordem. – Ryan responde, sério.
Milton respira fundo.
- Ok. Você é um cara difícil de se conseguir arrancar alguma coisa, mas, ainda assim, sei quando existe algo errado... Que tal servir um pouco dessa bebida pro seu velho amigo aqui? Em troca, prometo que escuto tudo o que tem pra me dizer, sem reclamar.
Ryan sorri debochado e serve um copo ao colega de profissão.
- E então? – O moreno cobra uma confissão.
O dono do apartamento solta o ar, devagar.
- Sabe quem era o cara que eu disse que vi negando dinheiro à Samara hoje de manhã?
- O tal de Júlio?
- Exato.
- Estou escutando.
- Ex-namorado dela.
- É... isso já dava pra sacar... – Milton ergue uma sobrancelha. – Mas como você soube? Ela te contou?
- Sim. Nós tivemos uma conversa agora à noite. Ela... acha que foi ele quem pagou a dívida dela.
Milton vai da surpresa a indignação em segundos.
- Você, lógico, confessou a verdade, que foi você, né?
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Quando o Amor Acontece (Degustação)
Roman d'amourRyan Lacerda sabe que ninguém pode ter tudo nessa vida. Rico e com uma carreira de sucesso na medicina, ele já tinha se convencido de que o amor não era pra ele. No passado, tinha pagado caro por seu comportamento impulsivo e por confiar cegamente e...