Capítulo 3 - Parte 1

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20 de novembro 2016 — Domingo

Seis horas da manhã e eu estava bem acesa. A noite não foi nada tranquila para mim, e isso se devia ao encontro que teria daqui a pouco. Na verdade, eu estava com medo de descobrirem minha pequena mentira e não pagarem os cinco mil.

Empurrei o lençol de cima do meu corpo e fui tomar banho. Eu precisava estar apresentável. Depois de meia hora e com o único vestido que considerava formal, me olhei no espelho. Meus cabelos não haviam sido lavados, então fiz um coque no alto da cabeça, deixando meu pescoço livre. O simples vestido preto sem mangas, ia até um pouco acima do joelho, ressaltava minhas curvas que não eram muitas, mas dava uma boa visão para àqueles que gostavam de olhar.

Minha maquiagem era simples. Eu sabia que teria que ir de metrô e afinal era dia. Maquiagem carregada não cairia bem nesses ambientes e por mais que eu não devesse minha vida a ninguém, não gostaria das pessoas pensando mal ao meu respeito. Eu me olhei no espelho e vi que meus olhos cor de mel não davam um sinal de certeza, ele transmitia o que o meu coração sentia e ele apenas estava com medo.

E se tudo desse errado?

Voltei para a cama sentando na borda para calçar o salto imitação do Louboutin. Apoiei minhas mãos em minhas pernas e respirei algumas vezes.

— Vai dar tudo certo! — Repeti firme.

Peguei minha bolsa que estava começando a desgastar e passei pela sala apenas para pegar a chave e o dinheiro que guardava para emergência. Eu tinha pouco tempo para chegar a empresa.

Sai do metrô após meia hora e me pus a andar. Ainda estava alguns quilômetros longe do local, meu pequeno mapa feito em uma folha de jornal me mostrava isso. Respirei fundo e iniciei minha caminhada.

Eu tinha plena noção de que estava um pouco descabelada quando parei em frente ao prédio West's Tecnologic. Não havia muita movimentação na parte de dentro e cheguei a pensar que havia me atrasado. Eu não tinha relógio e nem celular. Tive que vender para sustentar a pensão em que estava. Para minha avó, apenas disse que havia me cansando da tecnologia e já que tínhamos telefone em casa, não era necessário um celular. Do meu lado, vi um homem de terno passar por mim e pedi gentilmente que me dissesse as horas. Notei seu olhar admirar meu corpo antes de dizer que já eram oito e meia.

Agradeci ao homem e acelerei meu passo para a porta. Assim que entrei, recebi o vento gelado do ar-condicionado e com ele, vários olhares.

Eu devia ter imaginado que teria outras mulheres aqui.

— Com licença, senhorita. Sua identidade, por favor? — Virei para um homem também de terno e franzi o cenho.

— Minha identidade?

— Preciso saber se está na lista. — explicou e sorri sem jeito.

— Claro, me desculpe. — Vasculhei em minha bolsa e lhe entreguei o pequeno documento.

Observei quando ele marcou um 'O.K.' no papel que carregava e pediu que me juntasse as outras. Queria dizer que estava bem no lugar onde me encontrava, longe das mulheres, mas creio que ele insistiria que me juntasse as outras e foi o que acabei fazendo.

Sentei em uma das poltronas vazias e dei uma olhada nas mulheres. Um erro, pois algumas pareciam rir de mim.

— Não liga para elas. São tudo um bando de recalcadas! — Fui ao encontro da voz, me deparando com uma mulher que parecia ser bem mais nova que eu.

— Oi. — respondi baixo e ela sorriu.

— Sou Esther. É um prazer conhecê-la. — Peguei sua mão estendida e sorri, ela parecia ser legal.

A Conselheira de Jamie West - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora