Capítulo 5

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Ela sentou silenciosamente ao lado de Aton, ouvindo-o repetir algumas palavras em egípcio antigo, ele parecia se lamentar. Diana não sabia lidar com o lado emocional das pessoas, afinal vivera uma vida difícil desde a adolescência, mas agora, ao vê-lo daquele jeito, quis ser diferente, queria consola-lo, porem as palavras não saiam.

Aton ficou parado ali, olhando para o mar, as ondas quebrando na praia, seus olhos ancestrais, absorvendo aquela nova realidade, ele suspirou e algo se partiu dentro de Diana, era doloroso vê-lo, milênios o separavam de seu mundo e de tudo o que conhecia.

A cidade ao redor deles, barulhenta. Enquanto isso, de olhos fechados, Aton absorvia tudo, as culturas, as pessoas, guerras, fome.

_ O mundo mudou tanto_ disse ele, ainda de olhos fechados_, mas as pessoas não mudaram tanto_ Aton abriu os olhos, a sua frente as ondas quebravam, ele suspirou com pesar_, eu posso não ver ou entender o seu mundo, mas posso senti-lo e há muita dor e sofrimento.

_ Gostaria de dizer que está errado, mas é verdade.

Faltava pouco para as sete. Querubim tomava uma xicara de café no estacionamento com Osvaldo, era hora de passar o turno da guarda. Os dois conversavam acirradamente, quando João e Paulo chegaram, o primeiro ainda esfregava os olhos por trás dos óculos.

_ Bom dia_ disse Paulo, preguiçosamente.

_ Dia_ retornou Osvaldo, meneando a cabeça_, sabia que a Diana passou a noite aqui?

Paulo olhou para João sinuosamente.

_ Você não ligou para ela?

O professor parecia culpado, levantou as mãos ao ar:

_ Eu esqueci, não sou o pai dela, afinal.

Osvaldo limpou a garganta, chamando a atenção dos dois:

_ Mas, a Diana não estava sozinha.

_ Como assim?_ perguntou Paulo se exaltando.

_ O Querubim contou que havia um rapaz com ela, e que a Diana disse ser seu primo, mas como a conhecemos, sabemos que ela não é do tipo que se aproxima da família_ ele riu, mas logo ficou sério ao ver a feição fechada dos dois cientistas_, eles partiram a trinta minutos daqui.

_ Você quer dizer, que a Diana passou a noite com um cara, aqui._ Paulo destacou com clareza o que disse.

Osvaldo olhou para João, que negou com a cabeça, e ele falou:

_ É bom que a Diana esteja vendo alguém, já basta o embuste do ex dela, que sempre aparece para pegar no pé.

Paulo balançou o dedo como se fosse dar um sermão no professor:

_ Não podemos deixar a Diana se envolver com qualquer um, temos que saber quem ele é, e investigar seu passado.

João virou impaciente na direção do amigo e isso era contra sua personalidade:

_ A Diana sabe o que faz, e se gosta mesmo dela como diz, aceitará sua decisão, e a deixará ir.

Paulo engoliu em seco, digerindo a verdade naquelas palavras, apenas assentiu, continuando seu trajeto pelo museu.

Enquanto isso, a moto parou diante do prédio, Atom olhou as pichações nas paredes sem entender:

_ O que significam?_ perguntou ele, curioso.

_ Revolta, liberdade de expressão, arte, os governantes são contra, pois consideram isso vandalismo.

_ Quem são seus governantes?

O EgípcioOnde histórias criam vida. Descubra agora