Praia.

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Thalita

Quando terminei de cantar Chamego Meu agradeci os aplausos que recebi. Amo cantar porém ainda sou insegura com a minha voz, é tão incentivador receber elogios. E estava feliz pois algumas pessoas pararam para elogiar.

Desci do palco dando espaço para um casal. A melodia romântica ecoava no local e ia ficando cada vez mais distante enquanto me aproximava da mesa dos meus colegas que ficava perto da entrada. Rafael e Gabie tinham chegado há um tempo. O rapaz se juntou a galera para beber enquanto a loira continuava em pé me observando, parecia ter gostado da minha apresenção pois desde que passou por aquela porta não tirava os olhos de mim.

- Oi Gabie — cumprimentei ainda tímida. — Por que você resolveu vim?

- Tinha que te devolveu uma coisa. — respondeu coçando a nuca, estava pensativa. Ela olhou ao redor procurando por algo mas apertou os olhos com força ao perceber que não havia trago nada. — Esqueci no carro.

Pediu a chave do carro de Rafael, que deu sem questionar já que estava envolvido em uma conversa animada com a turma. Ele era bastante sociável, diferente da sua amiga que parecia não gostar de conhecer gente nova, como no dia que nos conhecemos onde ela foi super grossa comigo. Tentei não pensar muito nisso para não me irritar. Iria acompanha-la até o carro.

Assim que cruzamos a porta não pude evitar ficar encantada com a praia que não era muito longe dali. Mesmo com o barulho abafado de dentro do barzinho junto com buzinas de veículos no meio da rua, conseguia ouvir o som do mar. Tive uma vontade imensa de pisar na areia ao sentir o vento gelado bater em meu rosto. Aquele clima calmo que a praia trazia.

Nem percebi quando Gabie entrou no carro e saiu de lá. Ela tinha algo nas mãos, que não consegui ver pois a mesma estava fechada.

- Sinto falta de ir à praia. — soltei um longo suspiro ainda observando a paisagem e continuei — principalmente a noite, quando está mais tranquilo. O barulho do mar me acalma. Gosto do vento fresco que me faz arrepiar. É uma vibe muito boa.

- Acho que nunca fui a noite. — falou depois de me olhar pensativa.

Uma idéia maluca passou pela minha cabeça, tratei logo de coloca-la em prática sem enrolações. Peguei o braço de Gabie e puxei. Ela reclamou mas não fez eu desistir de arrasta-la. Depois de atravessarmos a avenida havíamos chegado em uma calçada que separava o asfalto da praia. Tirei o sapato e fiz um sinal para que Gabie também tirasse, ela o fez ainda sob protestos.

Pisamos na areia. Fechei os olhos sentindo a brisa balanças meus cabelos. Olhei para o lado vendo a loira repetir o ato. Dessa forma nem parece a mulher que foi estúpida comigo há dois dias atrás. Parei um pouco mais para observar seus detalhes. Ela tinha um estilo bastante atraente, era de fato muito linda. As tatuagens que eu gostaria de saber os significados lhe deixavam mais indecifrável. Gabie é misteriosa. Nunca da pra saber o que ela está pensando ou o que vai fazer. Tem uma personalidade enigmática, isso me deixava curiosa para saber mais sobre sua pessoa.

Ainda de olhos fechados, deu um sorriso sereno. Corou ao perceber que eu a observava.

- Vamos voltar? — perguntou antes de tentar colocar o pé de volta na calçada. Peguei seu braço com delicadeza e a impedi. Gabie revirou os olhos. Eu estava começando a aceitar o fato de que tudo que ela reclamaria de tudo mas isso não me faria desistir.

- Parece que tá fugindo de mim. Eu não mordo, tá? — brinquei. Seu rosto voltou a ficar vermelho. — Vamos ficar!

Andei sob a areia me distanciando da rua e ficando cada vez mais próxima ao mar, Gabie me seguiu não muito satisfeita. Quando estávamos já na areia úmida senti uma pequena onda molhar meus pés. A água gelada contribuiu para o frio que eu já sentia. Desamarrei meu casaco da cintura com o propósito de coloca-lo mas parei para pensar. Gabie também estava com frio. Fui eu que a arrastei até aqui, seria egoísmo da minha parte deixar a moça nessa situação.

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