Amiga.

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Gabie

Quando a Thalita me beijou eu já estava tão frágil. Sensível ao ponto de perder as palavras, o foco. Não sabia o que fazer ou o que dizer. Acho que nunca me entreguei tão facilmente assim pra alguém. Não sei se foi seu sorriso satisfeito ou o olhar acolhedor mas minhas pernas ficaram bambas ao encará-la. Senti os braços da pequena ao redor do meu pescoço de uma forma aconchegante, tratei de colocar os meus em sua cintura e trazê-la para mais perto. Não há nada que possa me aquecer mais do que o calor de seu corpo junto ao meu.

Eu disse que deixaria Thalita conhecer um pouco mais sobre mim, ainda receosa. Da última vez que fiquei tão próxima de uma garota acabou em um trauma. Acontece que eu já estava tão entregue a morena que nem percebi quando aceitei aquilo mas no momento que senti seu abraço tinha certeza que tomei a decisão certa. Vale a pena o risco.

Passamos um bom tempo trocando carinho. Indo de conversas divertidas a beijos molhados e até flertes. Nossas conversas eram leves, parecia que sempre haveria assunto. Ríamos das mesmas piadas bestas. Mesmo tendo jeitos tão diferentes me surpreendi com nossa harmonia.

Já seus beijos eram incríveis. Tão gostosos que não dava vontade de parar nunca. Sentia meu corpo se arrepiar cada vez que nossos lábios se tocavam. Muitas vezes devo ter sorrido durante o ato, mas era inevitável com a felicidade que estava sentindo. Além disso transmitiam algo que não havia como descrever.

- Estou com sono — a pequena afirmou após um bocejo. — e com fome. Será que devo dormir ou ir comer primeiro?

Parte de mim queria comer para termos mais tempo de conversar, mas meu lado responsável falava mais alto. Amanhã teríamos gravações cedo e eu não posso ir mal no trabalho. Também não queria que minha amiga tivesse dificuldades pra acordar.

- A gente tem que ir dormir. — respondi séria.

- Acabei de perceber uma coisa — me lançou um sorriso malicioso. — Aqui só tem duas camas, mas três pessoas irão dormir nesse quarto. Pode dormir comigo?

Tão direta.

- Não sei se isso é uma boa idéia. — cocei a nuca e olhei pros lados com uma expressão aflita.

- Por favor. O Rafa é gigante, ele vai ocupar uma cama dessas sozinho. Fora que ainda está sem energia e eu tenho medo de escuro. Me sentiria mais segura com alguém. — Fez um biquinho que era difícil resistir. Que inferno de garota fofa.

Não demorou muito para que eu cedesse. Sabia que Thalita não tinha medo de escuro - porque passou esse tempo todo bem - também sabia que Rafael poderia dormir em qualquer outro lugar, porém nada disso importava. Parece que a gente só estava arrumando desculpa para passar mais tempo juntas. Em qualquer outra situação eu evitaria que isso acontecesse, no entanto prometi pra mim mesma que aproveitaria o máximo daquela noite com a garota ao meu lado.

Ela foi tomar um banho e depois eu fui. Confesso que estava complicado pra eu raciocinar com o pijama curtinho que Thalita usava. Me perguntei se esse era o único que ela trouxera ou havia colocado apenas por provoção, se for a segunda opção posso afirmar que funcionou. Quando estávamos prontas fiquei sem saber o que fazer. Deitei na cama e esperei que a menor decidisse qual posição iríamos dormir. Ela deitou a cabeça em meu peito e puxou o cobertor para nos agasalhar. Meu coração acelerou ao sentir seu braço envolver minha barriga, tenho certeza que ela ouviu. Anfei quando seus dedos começaram um carinho em minha coxa. Arrastei minha mão sobre os cabelos da pequena e iniciei um cafuné.

[...]

Um sorriso nasceu em meus lábios ao ver Thalita dormir tranquilamente em cima de mim. Peguei o celular que despertava ao nosso lado e desliguei. Parei pra pensar no que aconteceu ontem. Eu tinha ficado com minha colega de trabalho, me abri com ela como nunca tinha feito antes e o pior de tudo é que eu havia gostado.

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