Apagão.

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Gabie

Acordei com o despertador tocando ao meu lado sem parar. O relógio anúnciava 08:00AM. O tempo estava frio, mais do que geralmente é. Minha vontade é de ficar na cama o dia inteiro aproveitando esse clima mas tenho responsabilidades. Odeio chegar atrasada no trabalho então levantei rápidamente e tratei de fazer minha higiene matinal.

Me apressei pois sei que sou lenta dirigindo e não queria pegar carona com Rafael. Havia ficado chateada com seu comentário de ontem a noite. Além disso, enquanto me trazia até em casa, ele passou o caminho inteiro tentando saber o que eu tanto falava com Thalita, aquele assunto me deixava nervosa. Eu adorei conversar com ela, mas odiava o fato de gostar tanto de sua compania. Eu já não era afim de me aproximar das pessoas mas tinha algo nela especial. Era bom tê-la por perto, o que me assustava porque não lembro de ter me sentindo assim com ninguém antes. Talvez manter a garota longe de mim fosse a melhor opção.

Enquanto passava pelos corredores até o camarim encontrei uma figura pequena e sorridente segurando uma flor nas mãos. Thalita. Pensei em ignora-la mas era tarde demais pois assim que percebeu minha presença a garota me chamou. Aparentemente me livrar dela seria mais difícil do que eu pensava.

- Toma — me entregou uma flor branca com detalhes vermelhos no centro. — É uma amarílis. Significa orgulho e sabedoria. Se dá a uma pessoa por quem tem admração e eu te admiro demais, Gabie. Mesmo sem te conhecer bem deu pra perceber que tu é uma pessoa inteligente, que não desiste fácil do que quer. Tem alguma coisa em ti que me deixa encantada.

- É... Obrigada

Não sabia ao certo como agradecer. Ela havia me deixado literalmente sem palavras. Cada vez que ela sorria aquele sentimento bobo voltava a aparecer, ia ficando cada vez mais forte. Por mais difícil de admitir que seja, a verdade é que também tinha algo nela que me encantava.

Ficamos nos olhando nem sei durante quando tempo. Me perdi naqueles olhos castanhos. Eram grandes e brilhantes. Lindos, assim como suas sardas. Seu rosto era um conjunto de detalhes fascinantes. Como se cada parte dele fosse desenhado pelo melhor dos artistas. Desci um pouco meu olhar para sua boca. Ao vê-la mordendo seu lábio inferior minha vontade era de fazer o mesmo com ela. Rapidamente me repreendi por pensar aquilo.

- Meninas, vamos ensaiar. — a voz da produtora surgiu me tirando dos devaneios, como se voltasse a realidade. Não sabia se xingava ou agradecia.

Pensei em me livrar da flor para pensar menos na garota que havia me dado, mas a consciência pesou ao lembrar das coisas que Thalita havia dito. Tinha um significado especial pra ela então pra mim também teria.

Entreguei a flor para Rafael, explicando o que havia acontecido. O cortando antes de fazer qualquer pergunta. O moreno iria ajudar a conseguir um vaso. Minha raiva dele passou e logo nós voltamos a conversar como antes, mas não durante muito tempo pois ainda estávamos no trabalho.

A chuva ficava cada vez mais grossa atrapalhando nossas gravações externas. Por esse motivo encerramos mais cedo hoje, com o primeiro episódio finalizado. Porém antes de ir embora o diretor nos chamou para uma reunião. Rafa estava empolgado, mas eu não fazia a mínima idéia do porquê daquilo. Ele nos levou a sala com uma mesa enorme e vários lugares. O elenco sentou cada um em uma cadeira e para meu azar Thalita sentou justamente ao meu lado. Já sei que não vou conseguir me concentrar direito.

- Primeiramente deculpem chama-los aqui, sei que todos estão apressados pra ir para casa mas tive essa idéia de última hora. — iniciou enquanto nós prestávamos atenção no que ele falava. — Como já sabem o capítulo cinco se passa em sítio. Pensei em fazemos as gravações nesse fim de semana justamente no sítio dos meus pais. Não precisamos perder tempo construído cenários e ainda poderíamos aproveitar lá para relaxar um pouco.

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