02☠️ Lembranças

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Thulio

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Thulio

Meses atrás...

Ela é tão linda. Não me canso de olhar para ela, nem por um segundo. Repito isso várias vezes durante o dia, acho que ela pode achar que falo isso por querer vê-la bem, mas estou sendo sincero. O câncer não levou embora sua beleza, mesmo que seus cabelos longos agora não existam mais e as marcas da doença estejam tão evidentes. O seu coração ainda é puro, ela ainda sorri, mesmo com dor, ainda é a minha Helena. Minha linda. Estava observando-a dormir desde que cheguei aqui, agora ela abre os olhos lentamente para em seguida, encarar os meus.

— Thu… o que faz aqui ainda?
— Cuidando da minha princesa  — brinquei.
— Você deveria estar em casa. Não sei porque perde tanto tempo aqui nesse hospital… não precisa ficar aqui tanto tempo.
— Enquanto não sair daqui, eu estarei aqui também. Melhor ir se acostumando.

Ela riu, um sorriso cansado. Mesmo sendo assim, vê-la abrindo um sorriso daqueles era satisfatório para mim.
— Como se sente? — perguntei, segurando sua mão.
— Sinto que estou morrendo um pouco a cada dia. — Disse, com um sorriso.

Como ela podia sorrir ao dizer aquilo?

Apertei sua mão, afim de tentar passar meu amor a ela, acreditava em sua recuperação e queria que acreditasse também, porém, quanto mais o tempo passava, mas ela parecia aceitar o seu fim.

— Os médicos nos deram boas notícias, meu amor. O tumor está sendo contido, temos esperanças, não? Eu sei que tudo vai ficar bem!

Aquela pequena faísca de esperança poderia ser um bom sinal, mas sabia que não era tão fácil assim. Mesmo assim, acreditei até o último minuto.
— Eu tenho certeza que não vou ficar bem, Thulio... — falou sinceramente, olhando  em meus olhos. Naquele momento, tive medo da convicção com a qual falava. — Mas se eu partir, promete que irá ficar bem?

Eu a olhei sentindo meus olhos marejados. Queria ser forte, continuar tendo aquela imagem de garoto positivo que acreditava na vida, mas eu não conseguia. Naquela tarde, umas das últimas em que estive com ela, só consegui chorar abraçando-a. Eu não queria perder Helena.

Eu não podia.

Por mais que eu pensasse que Helena precisava de mim e que estava apavorada com seu diagnóstico terminal, eu sentia que eu era quem menos aceitava o que acontecia. Sentia que quem mais precisava dela, era eu.

***

Recordando dos últimos momentos que tive ao lado de Helena, me permito chorar mais uma vez. Todas as vezes que lembro dela, as lágrimas vem e eu não posso evitar. É como se quanto mais o tempo passasse, ainda mais se fizesse presente em minha em meus pensamentos, em cada lugar onde estou e em tudo o que faço. Helena nunca saiu de mim e depois dela, nunca gostei de alguém de verdade.

Eu não sabia como, logo eu, que sempre fui tão positivo em relação a vida, mesmo que ela estivesse uma droga, mesmo que fosse de fato, uma droga. Agora, tudo o que eu queria era não existir mais. Do que ainda fingir viver e estar morto por dentro?

A verdade é que enquanto estive ao seu lado, sempre tentei transparecer positividade e esperança, mas a cada dia em que a via piorar, eu me desfazia por dentro. Senti a morte arrancar meu coração aos poucos, à medida que levava a vida de Helena. Por que com ela?

Quase seis meses se passaram e ela se faz cada vez mais presente em meus pensamentos. Queria ter a oportunidade de pelo menos, poder abracá-la mais uma vez. Ah, como eu queria...

Penso nisso ao mesmo tempo em que enxugo minhas lágrimas e decido levantar da cama. Sim, eu sempre penso em Helena quando acordo ou vou dormir. Pensar nela também faz a minha dor mais suportável, às vezes.

Ao olhar para o lado, percebo que Mharessa não está na cama. Onde ela estaria? Procurei em cada canto do quarto, até mesmo debaixo da cama, às vezes ela gostava de fazer essas brincadeiras.

Minha irmã não estava em lugar algum. Fiquei preocupado mas decidi esperar um pouco e organizar o quarto, se até a tarde ela não voltasse, iria procurá-la. Afinal, eu conhecia muito bem a minha irmã e sua impulsividade.

Limpei o pequeno quarto da pousada e organizei as camas, quando forrava a cama de Mharessa, percebi que havia um bilhete. Abri e li.

Thu,
quando encontrar este bilhete estarei longe, então por favor, não me procure. Estou bem e quero que fique bem também. Sei que tenho sido um peso pra você, por isso, é melhor que siga sem mim. Eu te descarrego de toda a culpa.
Com amor, Mha.

Quando li, senti um aperto no coração. Tentei ligar mas o celular não atendia, apenas chamava. Ela jamais seria um fardo pra mim, era minha irmãzinha e precisava protegê-la. Se tinha algum objetivo de querer estar vivo nessa droga de vida injusta, era proteger minha irmã, ela era tudo  o que eu tinha.

Mas onde a procuraria? Onde diabos ela poderia ter ido? Foi então que decidi sair na rua sem rumo, perguntando a todos se haviam visto uma garota de preto, magra e de cabelos curtos. Quanto mais eu procurava e não a encontrava, mas o medo crescia dentro de mim. Não sei se conseguiria suportar tudo sem a minha irmã.

Decidi andar pela cidade à procura de algum bico, agora precisava de grana mais do que nunca para encontrar Mharessa. Um senhor me ofereceu um bico para limpar um bar e eu aceitei de bom grado, era pouco, mas seria bem vindo naquele momento.

Precisava juntar  dinheiro, dessa forma poderia voltar a natal e procurá-la, pensei que se ela foi embora, tenho certeza que esteja tentando voltar para lá. Agora, mais do que nunca, precisamos estar juntos.

Eu torcia para que estivesse bem, caso contrário, eu não sei o que será da minha vida. 

___________

Olá! Esse é o segundo capítulo, agradeço a você que leu e que está aqui. Desculpem pelos erros que possa ter deixado escapar, continuo escrevendo pelo celular, com dificuldades, mas procurando dar sempre o melhor de mim. Obrigada por todos que me ajudam a passar por momentos tão difíceis, acreditando nesse meu sonho distante de escrever.

O vídeo da mídia é em homenagem a modelo Nara Almeida, a quem me inspirei para criar a Helena, espero que gostem ❤️

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