Capítulo 1: Crianças

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"Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama."

Willian Shakespeare










•   Kyara   •

23h15
Agosto de 2019





       Após um dia terrivelmente cansativo, eu pensei que seria minha vez de ser demitida.

       Comecei a acreditar que realmente quem não estudar e se dedicar muito, não vai chegar muito longe, ainda mais se morar no centro de uma cidade turística como o Rio de Janeiro.

        O inglês é até bem tranquilo de conseguir ter uma conversa, já que praticamente somos cachorrinhos do Estados Unidos e tudo ao nosso redor envolve o inglês. Mas, conversar com alguém que fala espanhol é bem desesperador. Não consigo entender nada.

        Talvez se eu me esforçar nas aulas de espanhol, eu melhore um pouquinho. Tentei animar a mim mesma no meio daquela ventania, o dia estava pronto pra cair o mundo de tanto chover.

        Quando eu desci do ônibus, agradeci o motorista, e me perguntei como seria isso em espanhol. Essa questão ainda perturbava minha mente.

— Fer!

— Meu amor!

       Essa era a Sabrina, minha irmã mais nova. Ela era tem oito anos de idade, é o ser mais preciso do mundo.

— Você não devia já estar na cama essa hora?

— Mamãe deixou eu te esperar hoje. Você trouxe um daqueles bolinhos? — ela me perguntou tão empolgada que eu não resisti, seus olhos brilhavam.

— Deixa para o papai, você sabe que são os favoritos dele. — papai adorava aqueles bolos e eu amava ver a felicidade dele quando ele comia. Ele sempre chegava tão cansado dos plantões, e aqueles bolos eram a única forma de conseguir conversar e manter a proximidade, já que trabalhávamos muito. Eu amo tanto aquele homem, ele se esforça tanto por nós.

— Fernanda, que cabelo é esse? — Essa era a minha mãe.

— Você sabe, hidratação nova. "Cabelé molhadé de chuvé" . — Nós duas rimos juntas. Ela me abraçou e me acolheu.

— O que está acontecendo? Parece preocupada. — Ela me conhecia tanto que eu nem precisei abrir a boca para isso.

— Não consegui atender um cliente latino hoje. E, você sabe, supervisora reclamou demais no meu ouvido.

— Eita, você não é muito boa no espanhol. — Até minha mãe sabia disso, era inegável. — Você devia assistir mais novelas comigo, quem sabe isso pode ajudar.

— Eu não vou assistir novela, mãe. — Eu olhei pra ela elecebi o quão bonita ela era. Ela tinha o cabelo trançado, sua pele era preta e seus dentes tão branquinhos que eu podia comparar ela ao céu à noite.

Outro Lado Da Chuva 🌧️ [REPOST/REWRITE]Onde histórias criam vida. Descubra agora