Outro Lado Da Chuva 🌧️ [REPOST/REWRITE]

Capítulo 3: Outro Lado da Chuva

"Quantas vezes eu tenho que disfarçar e fingir que não gosto de você? Quantas vezes eu tenho que achar que isso é um erro e tentar te apagar da minha mente? Esse meu coração mente. Eu não consigo deixar de te amar."

Dulce María

•  Alfonso  •

Agosto de 2019

       Quando eu era adolescente, eu aprendi com o papai que uma das únicas coisas que eram eternas era o casamento.

       Eu aprendi a cozinhar, aprendi a ser um bom irmão, um bom marido e todos os dias quando venho trabalhar eu aprendo com esses adolescentes a como um dia ser um bom pai.

     É muito complicado pra mim "quebrar" algo que eu aprendi ser eterno. Por mais que eu queira me divorciar, eu me sinto mal ao quebrar esse elo. Eu fico sempre olhando esses papéis e pensando se é realmente isso que eu quero pra mim.

    Não sei com que cara vou estar ao chegar em casa e ter que conversar isso com Carolina.

---- Oi Marcos. ---- Monica nossa psicopedagoga iniciava uma conversa com um de meus alunos.

— Monica, eu acho mais fácil você me expulsar da escola, porque você sabe que eu não tenho jeito.

---- Marcos, você só tem 17 anos de idade.

---- Eu vou fazer 18 daqui a alguns dias. ---- O menino estava largado sobre a cadeira. Ele parecia estar revoltado com alguma coisa.

— Eu não vou te expulsar, você tem ótimas notas, faz matérias extracurriculares, é frequente. Por que eu faria isso?

— Por que talvez eu mereça. — ele parecia querer se culpar de algo ou se castigar por ter feito algo.

---- E bebidas tem te ajudado nesse processo de auto sabotagem?

---- Eu estava passando por alguns problemas e foi o meu jeito de aliviar, será que é tão difícil pra vocês entenderem isso? — os olhos dele se enchiam de lágrimas.

---- Marcus, quero que você entenda que não estamos aqui pra te acusar de nada. — eu disse. —
Até porque nós dois também erramos. Monica e eu queremos apenas ajudar você, ok?

----- Só que a gente precisa que você converse com a gente, Marcos. — Monica acariciou suas mãos.

---- Não precisa ficar com medo. ---- ele parecia assustado, como se quisesse falar algo assustador, porém não tinha coragem.

---- Não é nada. É que... ---- Ele tentava procurar algumas palavras para começar a jogar aquilo pra fora.

     Marcos acabou desabafando sobre alguns assuntos, eu sentia que ele não havia falado totalmente sobre tudo o que estava acontecendo, mas, tudo era um processo.

     Após o término da minha última aula, peguei o meu material e fui em direção ao carro. Meus últimos dias ultimamente tiveram como foco essas aulas que preciso preparar e em como vou conversar com Carolina sobre o divórcio.

      Assim que eu abri a porta do meu carro, vi Marcos conversando com alguém próximo à escola, ele estava com a cabeça baixa e a outra pessoa falava bem agitada. Eu estava tão cansado que acabei só entrando no carro invés de interferir. Por um instante eu me senti um péssimo ser humano.

      Assim que cheguei em casa, Carolina estava molhando alguns vasos de planta e ela me olhou sorridente.

— Oi! — com um sorriso fraco ela se aproximou com os braços abertos. — Como você está?