Ta tudo tão contemplativo que eu senti vontade de escrever.
Casa nova, madrugada de sexta pra sábado, o vizinho tá dando uma festa e eu tô na janela pensando em suicídio com medo de virar intelectual e curtindo a música. Vou ver se tem como ver algo na tv.Eu não acho o controle e a tv não botão, o que eu considero um erro mas felizmente eu posso ouvir a música do vizinho festeiro.
Acendi um. O terceiro só dessa noite, são 1:30. Essa noite eu tô me sentindo o próprio Albert Camus, fumante, suicida e observador da janela.
Eu já não fumava a cerca de cinco meses mas foi preciso só uma tristeza do caralho e um papel no chão que foi tudo por água abaixo, deram a descarga na minha vida. O vizinho parou a música e dois caras e uma mulher sairam de lá e foram embora. Minha madrugada acabou de ficar muito mais triste.
Sinto que tô sendo afligido pela cólera, sinto-me febril e estou com dor de cabeça mas pelo menos o vizinho voltou com a música, agora parou, era uma música indiana bem legal. Voltou um pouco mais baixa.
Hoje eu me formei e a primeira pessoa com quem eu fui falar foi a bruna:
-Bem vindo ao inferno.
Bela recepção eu diria. 1 ano, sinto que minha vida perdeu a utilidade.
Acho que eu deveria ir dormir.