Minhas Paixões

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  Eu já fui uma mulher de várias paixões. Fui a mulher do primeiro beijo do meu romance de escola e a primeira vez do meu grande amor da adolescência. Já fui de alguém carente, de alguém egoísta e de alguém complicado. Certa vez fui de alguém que não tinha olhos pra mim e por isso nem percebeu que eu era dele. Houve um tempo em que me apaixonei por um sorriso e isso me fez acreditar que eu nunca mais precisaria ser de mais ninguém. E aí eu fui enganada. E por muito tempo jurei que nunca mais me entregaria, até que um dia eu reaprendi a amar. Algumas vezes me disputaram. Outras tantas me preteriram. Mas o meu sorriso nunca deixou de ser. De estar. Já vivi amores eternos que duraram apenas um verão. Algumas pessoas ainda são minhas e eu delas, mesmo com toda a distância que nos separa. E, claro, eu também já fui de lugares. Cidades que me marcaram profundamente. Outras tantas que eu deixei minha marca. As paisagens que eu guardei na retina da memória ninguém nunca vai tirar de mim. Hoje sou um pouco de cada uma delas. Eu já me afoguei em lágrimas vendo a lua no céu e renasci várias vezes assistindo ao nascer do Sol. Já fui de um copo e de dez. De salto e de rasteirinha. De vestido rodado e de mini saia. Eu sempre fui de corpo e alma porque nunca aprendi a ser superficial. Sou intensa por natureza. Um remédio sem bula. Uma bússola que cada dia aponta uma nova direção. Eu já fui de gente que não soube ser minha. Também já tive em minhas mãos alguns corações que eu não soube cuidar. Já fui terra. Já fui brisa. Sempre fui mar. Sempre quis voar. E voei. Depois pousei naquele abraço e fiquei enquanto souberam cuidar. É que depois de ser tanto, de ser de tantos, de ser por tantos, eu aprendi a ser minha. Agora eu voo com as minhas asas e não crio raízes durante o pouso. Hoje sou a minha própria mulher. Dona das minhas verdades e das minhas fraquezas. E se um dia eu voltar a ser a mulher de mais alguém, sei que esse alguém vai ser incrível. Sou uma mulher que a força do tempo esculpiu. E estou muito bem assim. Coração que aprende a voar, nunca mais sobrevive em gaiolas.  

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