Capítulo 04

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Sinto minhas pernas ficarem bambas, e o mundo ao meu redor começa a girar. Antes que eu possa cair, Damon me agarra firmemente, impedindo minha queda. Continuo a chorar, cada lágrima pesada carregando a dor e a mágoa que tenho guardado por tanto tempo. As lágrimas escorrem pelo meu rosto, quentes e incessantes, enquanto soluços sacodem meu corpo.

- Solta ela! - A voz de Stefan corta o ar como uma lâmina, cheia de autoridade e preocupação. Ele praticamente me arranca dos braços de Damon, envolvendo-me em um abraço protetor e reconfortante. Sinto o calor do corpo de Stefan contra o meu, e me deixo afundar em seu peito, buscando conforto. Seus braços ao meu redor são como um escudo, protegendo-me do mundo exterior. O cheiro familiar de sua colônia me acalma um pouco, mas a tensão no ambiente é palpável, quase sufocante. - Está tudo bem, Elena. O papai está aqui. - Stefan murmura suavemente, suas palavras um bálsamo para minha alma ferida. Ele acaricia meu cabelo com gentileza, tentando acalmar meus soluços.

Damon fica parado, observando a cena com uma expressão de conflito. Seus olhos, normalmente tão cheios de determinação, agora mostram uma mistura de arrependimento e frustração. Ele dá um passo para trás, permitindo que Stefan cuide de mim, mas a dor em seu olhar é evidente.

- Eu só queria protegê-la... - Damon sussurra, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa. Sua voz está carregada de emoção, e por um momento, vejo o homem por trás da máscara de vampiro mal.

Stefan continua a me segurar, seu abraço firme e seguro. 

- Eu sei, Damon. Mas precisava ser assim? - Ele responde, sua voz firme mas compreensiva.

- Stefan, eu... - Damon começa, mas é interrompido.

- Você cala sua boca Damon!- Diz Stefan zangado me apertando ainda mais contra si.- Você disse que não ia bater nela! Mas como sempre eu fui burro ao me deixar acreditar em você! Pois não importa o que aconteça, não importa a situação, você sempre perde o controle seu idiota irresponsável!- Tento parar de chorar, mas a única coisa que consigo é piorar a situação e começar a soluçar mais intensamente.

- Você diz isso porque não viu o que ela fez!- Diz Damon enfurecido.- Ela estava quebrando tudo Stefan! Só para me irritar, e no final ela conseguiu o que tanto queria.- Diz com sarcasmo me fazendo apertar os olhos ao chorar.

- Seu... - Stefan começa, mas se contém, provavelmente por estar em minha presença. 

- C-Calma... Ele tá c-certo, papai... Eu fui má. - Assumo minha parcela de culpa, com a voz trêmula e entrecortada pelos soluços. Sinto a mão de Stefan passar suavemente sobre meus cabelos, um gesto de carinho mudo que me traz conforto.

Stefan suspira, sua expressão suavizando enquanto continua a me segurar.

- Elena, você não é má. - Afirma com a voz suave e melodiosa. - Você só está passando por um momento difícil, e todos nós cometemos erros. - Ele diz suavemente, tentando me acalmar.

- Me desculpa, papai... - Choro sentida, sentindo a queimadura onde fui atingida pelos tapas de Damon.

- Tudo bem, minha princesa, já passou. - Ele desfaz nosso abraço, me mantendo de frente para si. - O que acha de ir tomar um banho para se acalmar? Eu e seu outro papai precisamos conversar, ok? - Faço que sim com a cabeça. - Depois que estiver limpa, tente descansar um pouco. Te chamarei quando o jantar estiver pronto. - Ele sorri meio forçado para disfarçar a irritação que está sentindo, e decido apenas obedecer, pois já causei intrigas demais por hoje.

Vejo Stefan sair do quarto, e logo depois Damon o segue. Sinto minha cabeça girar pelo efeito do álcool ainda estar nítido em meu corpo, então apenas respiro fundo e me esforço para andar até o banheiro, ainda sentindo a dor latejante das palmadas de Damon.

A água quente do chuveiro cai sobre mim, trazendo um alívio momentâneo. Fecho os olhos e deixo a água lavar não só meu corpo, mas também a confusão e a dor que sinto. As lágrimas se misturam com a água, e por um momento, sinto que posso deixar tudo ir embora.

Enquanto me seco e visto um roupão, ouço vozes abafadas vindo do corredor. Stefan e Damon estão discutindo, mas não consigo distinguir as palavras. Sei que estão falando sobre mim, e isso me faz sentir um peso ainda maior de culpa.

Deito na cama, tentando encontrar algum conforto nas cobertas macias. Minha mente está uma tempestade de pensamentos e emoções, mas o cansaço finalmente me vence, e adormeço

DAMON SALVATORE

Sinto Stefan me prender contra a parede e sorrio indignado para sua tentativa de me intimidar.

- Tire as mãos de sim, Stefan. - Empurro meu irmão que cambaleia alguns passos para trás.

- Você não podia bater nela Damon... - Começa novamente e me contenho no ato de revirar os olhos. - Elena é humana! Você podia a ter machucado seriamente!- Diz sendo superprotetor e suspiro pesado; e lá vamos nós.

- Elena errou e eu só a corrigi. Sou um homem antigo, meus métodos também, mas sei que com as palmadas que a mesma recebeu, o recado está dado. Então todo mundo ganha.- Explico o óbivio e vejo Stefan apertar os punhos, sua frustração evidente.

- Damon, isso não é uma questão de métodos antigos. É sobre respeito e cuidado. - Stefan diz, sua voz tremendo de raiva contida. - Você não pode simplesmente usar a força para resolver tudo. Ela precisa de apoio, não de punição.

- Apoio? - Eu reviro os olhos, impaciente. - Ela estava destruindo tudo, Stefan! Você não viu o que eu vi. Ela estava fora de controle. - Minha voz se eleva, cheia de frustração. - Elena precisa é de limites!

Stefan para por alguns instantes, pensando, sua expressão suavizando um pouco. 

- Você bateu muito forte?- Pergunta ainda preocupado.

- Sim Stefan, se eu bato, bato direito!- Explico e o mesmo nega com a cabeça, desaprovando meus métodos.

- Será que ela ficou machucada?- Meu irmão parece realmente bastante tenso, então respiro fundo e decido acalma-lo.

- Elena está bem, daqui três dias ela já vai estar se sentando normalmente, eu garanto.- Digo sorrindo, e o mesmo bufa se retirando da sala.- Onde vai? - Pergunto, minha voz carregada de curiosidade e um pouco de preocupação.

Stefan para na porta, sem se virar para me encarar. 

- Vou preparar algo para ela comer. Ela ainda precisa comer. - Ele diz, sua voz querendo me atravessar.

Suspiro alto, sentindo o peso da situação. 

- Stefan, eu só quero que ela esteja segura. - Admito, minha voz baixa.

Ele se vira lentamente, seus olhos encontrando os meus. 

- Eu sei que você se importa. - Admite no mesmo tom que eu e simplesmente aceno com a cabeça, sentindo toda irritação ir embora. - Talvez, com o tempo, possamos encontrar uma maneira de lidar com isso juntos. Talvez, apenas talvez, possamos ser a família que Elena precisa.

Stefan sai da sala, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Sento-me no sofá, passando as mãos pelo rosto, tentando processar tudo o que aconteceu. Sei que o que fiz pode não ser o politicamente correto, no entanto, sei que Elena, além de carinho e conforto, precisa de alguém que tenha pulso; e esse alguém sou eu.

Daddys SalvatoreOnde histórias criam vida. Descubra agora