O MILAGRE DA POESIA

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Juliana

Finalmente cheguei em território seguro, atrás do  meu "amado" balcão. E logo que cheguei procurei algo para fazer  e distrai a minha mente da vergonha que passei.

Então decidi arrumar as barras de cerais e as de chocolates sem açúcar e também sem culpa. Estava com a cara dentro do balcão quando ouvi uma voz de locutor do good times e um rosto abaixado olhando para mim.

- Oi.

Me assustei tanto com Renê olhando pra mim, que bati com  cabeça no balcão de cima, por sorte não quebrei o vidro.

- Ai!!! Mas que merda!!

Xinguei sem querer devido a dor.

- Caramba!!! Você está bem?

Olhei para Renê massageando a cabeça e com vontade de responder: "O que você acha idiota?", mas, ao invés disso sorri o melhor que pude apesar da dor e respondi naturalmente.

- Não foi nada. Eu to bem.

-Então...Juliana -ele disse o meu nome olhando o broche que eu tinha na camisa do uniforme-meu nome é Renê  muito prazer!

- Eu sei quem você é! Todo mundo sabe.

Ele sorriu.

- Então Juliana. Você parece entender de poesias.

- Sim! Eu adoro poesia!

- Deu pra notar. E eu também percebi que você estava ouvindo a minha conversa ao telefone.

Espera ai, como é?! Ele estava me chamando de fofoqueira na cara dura, é isso mesmo?! Ah... eu não iria tolerar aquilo, nem mesmo dele, levantei a minha coluna, ficando o mais reta que podia e tratei logo de me defender.

- Escuta aqui princi... quer dizer Renê, eu não sou nenhuma fofoqueira,  se é o que está pensando, eu não estava prestando atenção na sua conversa, ao contrário, você é quem falava em alto e bom som, e eu apenas ouvi, se não quiser que isso aconteça de novo, trate de falar mais baixo.

Esse ataque de sincericidio da minha parte pareceu não o abalar, porque ele, continuava me olhando e rindo, e aquilo já estava começando a me irritar.

Esse sorriso sacana como Luana costumava dizer, ela dizia: "ele não gasta nenhuma energia para conquistar uma mulher, basta dar esse risinho sacana"

- Pois é, Juliana, então já que você ouviu " sem querer a minha conversa" - suspirei de raiva, o que o fez rir ainda mais - você deve saber que estou em uma tremenda roubada.

- Sim! Eu sei, e a minha resposta é não.

- Não o que?

- Eu não vou fazer o seu trabalho.

Desse vez a cara cínica dele deu lugar ao espanto, acho que ele não estava acostumado a ouvir um não, principalmente vindo de mulheres.

Mas, ele logo se refez, suspirou e passou a mão no rosto.

- Tem razão no que eu estava pensando.

Ele fez menção de se afastar, mas, não sem antes me ouvi dizer.

- Eu não vou fazer o seu trabalho, mas, posso ajuda-lo.

- Você? Me ajudar? Valeu gatinha, mas, não vai rolar.

- Problema é seu fofinho - Também não deixei por menos - Não sou eu que dependo dessa matéria para passar de período.

Dizendo isso, me virei e fingir limpar a cafeteira, mas, o olhava de rabo de olho, e ele por sua  vez estava em pé no meio da lanchonete com o pensamento longe, talvez, como o bom administrador que era devia estar pensando nos prós e nos contras dessa situação.

CONTO DE FADAS??? SÓ QUE NÃO!!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora