AJUDA INESPERADA

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Juliana:

"Agora chegou sua hora vadia". Ouvi Lorena dizer. Mas sinceramente, não me importava com aquilo. Aceitei o meu destino com resignação. Continuava abraçada ao corpo inerte de Renê e nada me faria sair de perto dele. Seriamos uma família finalmente. Mesmo que fosse em outro plano ou em outro mundo. Ainda sim, seríamos uma família. Talvez sair daqui fosse até melhor, assim poderíamos ser felizes finamente e sem ninguém para atrapalhar.

Senti o cano frio da arma encostar em minha cabeça, mas, não fiz um único movimento. Estava inerte, meu corpo parecia colado ao chão. "Tic..." esse era o barulho do gatilho de um resolver quando é acionado. Meu corpo deu um sobressalto, achei que finalmente era o meu fim, mas, nada. Ainda estava aqui.

"Tic... tic... tic..." Lorena tentava desesperadamente, mas, o projétil não saia. A arma parecia emperrada.

- MAS QUE MERDA ACONTECEU COM ESSA COISA INFERNO???

Ela praguejou e continuou tentando, mas, vou em vão.

- Ah, foda-se! Se não for de um jeito será de outro.

Ela me puxou pelos cabelos fazendo minha cabeça pender para trás. Senti a lâmina fria sob a minha gargante e eu que até agora estava de olhos fechados, os abri só por um minuto, um único momento em que olhei para o céu e passei a conversar com Deus de forma silenciosa.

"Senhor! Muito obrigada por esse vinte e dois anos de vida. E se tiver que morrer aqui hoje. Humildemente lhe peço que o Senhor receba a mim, a Renê e aos meu filhos nas tuas moradas. Por favor Deus! Permita-nos que sejamos uma família. Obrigada por tudo! Amém!"

Oração feita, voltei a fechar os olhos e esperar por minha morte eminente.

- Adeus Juliana!

Fiquei ali esperando, quando de repente ouvi Lorena gritar apavorada. Abri os olhos para ver o que ocorria e vi a cena mais fantástica e ao mesmo tempo bizarra de toda a minha vida. Lorena estava sendo segurada pelo braço por um homem. Mas, não era um homem qualquer. Ele era muito, muito alto, devia chegar aos dois metros de altura fácil. E muito, muito forte. Mas, o mais estranho não era o seu tipo físico, mas sim, as suas roupas. Ele usava uma calça preta e seus pés estavam descalços. Nas costas trazia uma capa preta por fora e vermelho sangue por dentro. O seu dorso estava nu. E na cabeça havia uma cartola preta com uma fita vermelha em volta dela.

Era o homem mais impressionante e mais estranho que já vi na vida. Pensei que gostaria de ver o seu rosto, será que ela tão lindo como era o seu corpo? E como quem leu meus pensamentos, ele se voltou para mim, e Deus, o seu rosto era incrivelmente lindo! Ele tinha traços finos, boca cheia e um cavanhaque negro adornava seu rosto. O diferencial era os olhos, eles eram vermelhos, muito vermelhos, pareciam em brasa.

Ele olhava dentro dos meus olhos como se pudesse ver a minha alma. E nesse instante eu tive um estalo, algo dentro de mim me dizia que já tinha visto esse homem em algum alugar. Que eu o conhecia, que eu... de repente a ficha caiu.

-padrinho?

Disse baixo sem acreditar que era ele mesmo quem estava ali. E como prova ele me sorriu de lado de forma sedutora. Tão típico dele.

Meu coração palpitava. Aquilo não poderia estar acontecendo, ou podia? Não, não era possível! Eu não podia estar vendo essa entidade poderosa bem diante de mim. A não ser que... já sei! Eu havia morrido. Estava morta! Essa era a única explicação que se podia ter a esse momento incrível.

E justo quando achei que tinha encontrado uma explicação razoável para essa cena fantástica que se desenrolava a minha frente ouvi Lorena gritar estérica.

CONTO DE FADAS??? SÓ QUE NÃO!!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora