OI!!! ESSA SOU EU!!

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Juliana Cardoso

- VAMOS JU!!! JÁ ESTAMOS ATRASADAS.

- Já vou!!!

Respondo a minha prima do quarto.

Dou uma última olhada no espelho e gosto do que vejo.

Embora a maioria das pessoas não gostem, mas, não estou nem ai pra elas.

Sou gorda sim!!! E dai?? Eu me amo, me aceito, e acho meu corpo lindo. O resto do mundo que se exploda.

Mas não foi fácil pra mim essa aceitação.  

Para inicio de conversa cresci em uma família aonde ser gordo era uma sentença de morte. Cresci ouvindo frases como: "gordura não é saúde", ou, " você precisa emagrecer. Falo isso pela sua saúde", ou, "gorda desse jeito não vai arrumar um namorado" e pra frechar com chave de ouro: "se você não emagrecer nunca conseguira arrumar um bom emprego, o mundo não aceita gordas como você minha filha" e essas palavras vindas da boca da nossa própria mãe é ruim de aturar.

A minha mãe nunca aceitou o meu sobre peso ela vivia me levando a nutricionistas e me obrigando a fazer dietas. Mas, eu não a culpava por isso, culpava a megera da minha professora de musica. 

Aquela filha de uma égua mau parida disse pra minha mãe que eu era talentosa e tinha uma bela voz, mas, que eu precisaria emagrecer pelo menos uns dez quilos, ai sim, estaria perfeita.

E na época eu tinha apenas seis anos de idade, SEIS, o que aquela bruxa estava pensando?? Como se a minha voz tivesse alguma coisa haver com meu peso. 

A partir da ai a minha mãe ficou neurótica. Vivia me restringindo. Comer passou a ser um pecado. Vivia me obrigando a fazer dietas malucas, não pode comer isso, não pode comer aquilo, refrigerante e doces  nem pensar.

Ir as festas infantis era um pesadelo. Era horrível ver meus coleguinhas comer todas aquelas guloseimas e eu não poder nem chegar perto delas. Uma vez estávamos em uma festa de família e minha avó percebeu a minha tristeza, estava amuada em um canto chorando, quando ela tentou vir em minha defesa minha mãe virou uma fera.

- ESTOU FAZENDO ISSO PARA O BEM DELA!!!!  ELA PODE ME ODIAR AGORA, MAS, NO FUTURO VAI ME AGRADECER!!! E NÃO ADMITIDO QUE NINGUÉM SE META EM COMO EU EDUCO A MINHA FILHA, NEM MESMO A SENHORA!!.

Depois desse chilique ela saiu me puxando pelo braço festa a fora, e quando cheguei em casa levei uma bela surra de brinde.

Na época eu pensava que minha mãe era a minha maior inimiga. Ela não me defendia em nada, nem mesmo quando era ofendida nos colégio com apelidinhos maldosos como baleia, rolha de poço, e outros. Chegava em casa arrasada e quando tentava contar com o apoio dela o que ouvia era: - Você não precisaria passar por isso se emagrecesse.

Era frustante. E o pior disso tudo era que por mais que eu tentasse não conseguia perder peso, eu ficava sem comer por horas a ponto de desmaiar na escola, vivia me matando fazendo exercícios e nada.

Até que um dia cansada dessa merda toda resolvi por um fim nisso. Cortei os pulsos e fiquei deitada na minha cama em meio a uma poça de sangue esperando pela morte. Mas, graças à Deus a minha amada avó chegou na hora e me salvou desse fim.

A cínica da minha mãe disse na época que não entendia o porque d'eu ter feito aquilo. O pior de tudo era que ela seguia acreditando que tinha feito tudo aquilo para o meu bem.

O resultado de tudo isso foram centenas de sessões de terapia e uma mudança de vida e de casa, porque depois de tudo isso, resolvi morar com a minha avó.

Minha mãe na época um pouco mais consciente das suas atitudes tentou me fazer mudar de ideia, dizendo que as coisas seriam diferentes, mas, não acreditei nela. Eu não odeio a minha mãe pelo contrário, eu a amo, mas, meus traumas eram muito maiores do que os meu sentimento por ela.

CONTO DE FADAS??? SÓ QUE NÃO!!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora