Capítulo 4 - 36 dias

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Ayla acordou assustada e suada. Era madrugada ainda e a lua Cheia estava alta no céu, iluminando o quarto. Ela havia tido um sonho muito ruim. Se sentou na cama para respirar melhor, quando viu a cama de sua irmã vazia. Mais do que isso, arrumada. Como se ela sequer tivesse encostado ali. Ayla levantou e olhou pela janela aberta. O mundo estava calmo e silencioso e ao longe dava para ver o brilho do Farol, ao norte do Porto. A irmã dela podia estar com o pai, na cidade. Talvez não tivesse chegado o carregamento ainda e havia ficado tarde para voltar. Afinal, apenas a rua principal era iluminada de noite com lampiões.

Apesar da possibilidade, algo incomodava Ayla. Ela vestiu o robe e saiu do quarto. Acendeu uma vela e andou pela casa. Desceu as escadas, olhou na cozinha, na sala de jantar, na sala de visitas e na biblioteca. Depois subiu as escadas e foi olhar no antigo quarto de Sham, na sala de estar privativa e estava tudo vazio. Quando saía, viu sua mãe saindo do quarto principal.

– Filha, o que você está fazendo?

– Eu tive um sonho ruim, mamãe. Resolvi andar um pouco. – Ayla não sabia se contava sobre Tali. Talvez ela soubesse de algo, mas havia a chance de apenas estressar a mãe. Então Ayla perguntou como quem não quer nada – Sabe se o carregamento de tecidos que papai estava esperando chegou?

– Vai chegar amanhã de tarde – a mãe disse, reprimindo um bocejo – seu pai chegou em casa logo após o jantar contando que recebeu uma mensagem do capitão. Ainda bem, deu pra ele pegar um pouco de comida quente. Por quê esse interesse? – Perguntou desconfiada.

– Mãe, a Tali não está em casa – Ayla resolveu falar de uma vez. A mãe empalideceu. – Mãe?

– Filha, você olhou tudo?

– O andar de baixo todo. Eu comecei a olhar aqui em cima pelo quarto do Sham, que é na ponta, e fui pra outra sala...

– Ayla – a mãe interrompeu – olha no quarto do Kizar e eu vou checar o quarto de hóspede.

Ayla acenou e em alguns passos atravessou o corredor. Abriu devagar a porta do quarto do irmão mais novo e iluminou o quarto com a luz da vela que carregava. Ele dormia tranquilo, todo esparramado na cama. As cobertas estavam todas no chão, assim como o travesseiro. Ayla colocou a vela na mesinha perto da porta e pegou o cobertor do chão. Cobriu o irmão para que não sentisse frio e saiu do quarto. A mãe estava do lado de fora esperando.

– E então?

– A porta está trancada, o que significa que ele está lá. Vou acordar seu pai. Bata na porta do quarto de hóspedes até acordar Lagan. Se Tali estiver lá vai ser ruim, mas se ela não estiver... Quero nem pensar.

Enquanto a mãe voltava apressada pro quarto, Ayla foi para a porta de Lagan e começou a bater. Poucos segundo depois ela ouviu uma movimentação lá dentro e um Lagan assustado e descabelado, vestindo apenas um calção de dormir, abriu a porta segurando uma adaga. Ayla não teve nem tempo de ficar envergonhada. Entrou no quarto e olhou tudo enquanto sua mãe chorava alto no corredor. Seu pai entrou gritando no quarto e Ayla respondeu que ela não estava lá. Lagan ficou olhando a confusão da porta, com sono, sem entender direito quem não estava lá. Seu anfitrião passou pela porta como um raio, descendo as escadas, e Ayla passou para o corredor, jogando uma manta para Lagan se cobrir. Foi quando ele percebeu que estava seminu e segurando uma adaga. A confusão se instalou no andar de baixo. Lagan aproveitou a oportunidade para se vestir adequadamente. Não achava que ninguém voltariam a dormir esta noite.

Chegando na sala, ele sentou à mesa da sala de jantar. A mãe estava chorando e o pai aparentemente estava olhando os arredores da casa. Ayla desceu as escadas correndo com um papel nas mãos.

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⏰ Last updated: Jul 26, 2019 ⏰

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